07 abril 2008

"...e coloquei a mão. E não devia."

Vê, não vai mais rolar de a gente partilhar o mesmo humor espírito-de-porco e rir das mesmas coisas bobas que só a gente achava graça. Não vai rolar horas e horas a fio jogando conversa fora, reclamando da vida ou rindo da própria desgraça... nem de contar planos, dividir problemas.
Não vai dar mais pra saber se você anda mal-humorado ou se anda feliz com alguma coisa. Nem pra achar que você devia se estressar menos e beber menos também.
Não vou mais ler/ouvir que não devo fumar e que cigarro é insuportável. Que devia deixar de ser vagal e estudar mais. A eterna pergunta... "Não vai na aula hoje?". Ninguém mais vai me chamar de parva, nem vai dizer que o meu mau gosto é famoso...
Não vamos mais ter as quartas e quintas. Mensagens sem fim no celular. Ligações depois da meia noite. As conversinhas específicas. Eu pedindo pra você repetir 532 vezes a mesma coisa porque não escuto direito... e você repetindo até eu entender. Acabaram os xeques e os silêncios desconfortáveis depois deles. Os momentos de silêncio confortável também. A expectativa de o telefone tocar. A sensação daqueles serem os nossos dias.
O ciúmes das ruivas, da menina do orkut e a falta de ciúmes da Luana Piovani também não vão existir. Surto repentino de ciúmes por causa de um feriado acompanhada na praia também não. Nem as crises de carência... muito menos as de meiguice. Nada de declarações, discussões de relação infinitas e extremamente aborrecidas. Explosões de temperamento. Saudades imensas. Farpas, faíscas. Joguinhos emocionais, chantagens. Ganhar de você no pôquer e te deixar puto, porque foi você que me ensinou a jogar. Ouvir sua respiração, riso, voz. Dizer meu nome e tentar me convencer sempre de que você está sempre certo.
Não vamos mais estar acostumados com os defeitos do outro, nem dizer que estamos velhos demais pra isso. Sem fotos, músicas, vídeos, emails, sms, skype, orkut, msn, ligações... sem ofensas, crises desncessárias, mágoas, agressão. Sem entregas, desculpas, pazes. Sem um procurar o outro e cutucar até o outro voltar.
Enfim... eu realmente não preciso dizer nada disso... mas não adianta, você sabe que eu sou assim. Levo a sério o lance de esgotar assunto. A velha capacidade de discutir as mesmas picuinhas por anos a fio... e foi o que fizemos de certo modo, não? Embora você deteste andar em círculos e eu, ficar na mesma.
Desculpa aí, fofo. Também não vou mais te chamar de fofo, parrrvo, amor ou qualquer coisa parecida. Nem vou comentar mais nada em hipótese nenhuma. A história toda foi longa e você sabe que tudo isso não é nem um terço do que já aconteceu. Por mais que você dissesse que era só diversão, levei a brincadeira a sério demais, não é? Não devia ser, mas foi. Não há nada mais a fazer ou dizer. Só dizer que te amei. E amei pra caralho. Desculpa, mas não vai mais rolar. Acabaram os ônibus, a gasolina, a euforia ébria e a vontade constante sóbria. É o ponto final imaginário de algo que não começou. Permaneça feliz.