29 novembro 2005

Observações e equivalência.

* sapato de bico quadrado equivale a um belo salto alto

* cueca boxer equivale ao conjunto espartilho, liga, calcinha e meia 7/8

* camisa dentro da calça é péssimo, a não ser que o homem esteja de terno

* terno é afrodisíaco

13 novembro 2005

E nessa vida(?) de fênix, convido a todos para o meu funeral. Bebam a defunta, por favor. Espalhem as cinzas por todos lugares possíveis. Quero renascer onipresente.

08 novembro 2005

Sexo

Ele costumava dizer que eu era a única mulher que falava de sexo como se fosse apenas sexo. Achava engraçado, já que sempre tive certeza que era só isso mesmo. Sexo é só sexo e sexo pelo sexo é ótimo e ponto final. Espantoso pra ele.
Só que quando ele me propôs sexo pelo sexo... bem, hesitei. As coisas não são tão simples assim. Sexo pelo sexo é ótimo sim. Mas não com ele. Sexo é apenas sexo. Mas não com ele. Espantoso pra mim. Às vezes o buraco é mais embaixo(sem nenhuma espécie de trocadilho). Não houve sexo. Nem pelo sexo, nem por outro motivo.
Certas convicções não são aplicáveis a todos os casos. Às vezes tem que ser especial, mas dessa vez foi uma das vezes em que não tinha que ser. Nada.

Insônia

Tudo perturba.
O som da rua.
O barulho do ventilador.
A respiração alheia.
O gato deitado nos meus pés.
Os lençóis.
O travesseiro.
A falta de posição.
A camiseta.
O pensamento longe.
A memória.
A minha loucura.
As costas.
Sempre as costas...

07 novembro 2005

Homens

* Ficaria horas a fio somente olhando para as costas do Rodrigo - na verdade, fecho os olhos e ela me vem perfeita à cabeça. É, a nuca também é bastante interessante. Isso tudo porque eu tenho sérios problemas em fixar a atenção em alguma coisa.

* As férias se aproximam e invariavelmente eu me lembro do Carlão. Desfilando só de calça pijama pela pracinha de Monteiro Lobato. E o tempo ficava quente, muito quente.

* Luís costumava me contar todas as suas aventuras e escapadas amorosas. Os detalhes eram tantos e tão bem descritos que tive vontade de experimentar. E experimentei. Deveria ter ficado só no imaginário, seria muito melhor.

* Guilherme conseguia despertar o que eu tinha de pior pra logo depois despertar o que eu tinha de melhor de maneira doentia. Um dia nos cansamos.

* Daniel seria perfeito se não fosse tão ingênuo. Ingênuo a ponto de achar que eu deixaria o Marcelo para ficar com ele.

* Deixaria toda a minha vida para trás se o Leonardo assim quisesse e ele sabia disso. Nunca usou isso contra mim ou a favor dele. Me amou o quanto deu e deixou as melhores lembranças possíveis.

* O lance com o Paulo foi platônico, me realizava só com a presença dele e com os comentários bobos durante as aulas de datilografia. Passou. Ele foi assassinado há 2 anos.

* O Michel, meu amor de criança, gostou de mim na segunda série. Eu gostava dele desde o primeiro dia de aula da primeira.

* Marcelo revirou minha vida de ponta de cabeça, me ensinou o que era sexo, sofrimento, paixão, tesão. Mas pulou fora quando eu estava aprendendo o que era amor.

* Gabriel me levou para a casa dele na primeira noite. Foi a primeira vez na vida que não cedi ao impulso. Ele ficou sem graça e não nos falamos direito desde então.

* Dudu foi meu professor em algumas noites solitárias. Graças a ele expandi todos os meus gostos.

* Ainda tenho vontade de me desmaterializar toda vez que vejo o Cláudio. O simples fato de saber que ele existe, intimida.

05 novembro 2005

Síndrome de abstinência

Pensar que eu vou ficar um final de semana inteiro, INTEIRO mesmo dentro de casa é algo assustador. Não vai ter música, nem gente rindo, nem barulho demais, nem álcool, nem fumaça de cigarro, nem nada! Uma loucura.
Por outro lado, vou ter tempo de sobra pra fazer algo útil - coisa que não faço há meses, tipo ler algo que preste, assistir algo um filme e principalmente, desligar. Eu quero muito achar meu botão off e apertar. E apagar.

...

Há dias em que todos os sonhos vão por terra e a única vontade que se consegue ter é a de sumir. Aí, a vontade passa e tudo são flores de novo até tudo vir por terra e assim sucessivamente...

Isso tem um nome, acho. Mas por enquanto, prefiro acreditar que são hormônios.

04 novembro 2005

Recomeço

Há meses ela não saía para caminhar no meio da madrugada - era um hábito estranho que tinha parado de cultivar logo depois do final do affair com ele -, mas aquela tinha sido uma noite atípica, por que não? Olhou no espelho para conferir se havia vestígios de maquiagem, pegou o maço de cigarros, a chave e saiu. Enquanto tentava refazer o caminho - já não lembrava qual esquina dobrar para chegar mais rápido ao mirante, pensava em como eles haviam se conhecido. Foi em um bar de jazz que ela costumava freqüentar com os amigos para desfrutar do ambiente noir, da boa música e claro, do bourbon. Começou a se lembrar das coisas que aconteceram desde aquela época... a promoção que conseguiu em seu emprego - chegou onde queria, no topo; as festas e os porres homéricos, tudo era motivo para celebração; a união e cumplicidade com os amigos, a família escolhida; o amor da sua vida que também a amava... chorou. Da felicidade daquela época não havia sobrado nem vestígios - tinha se tornado uma mulher amarga, cínica. Evitava o contato com os amigos, tinha pedido demissão do emprego, vivia enclausurada no seu mundo, que se resumia ao jazz e ao bourbon. Mas naquela noite tinha resolvido virar a mesa, fez umas ligações, vestiu seu melhor vestido, se maquiou e voltou ao bar onde tudo tinha começado. Por algumas horas, o passado se fez presente e ela se sentiu realmente feliz. Mas ali, naquela caminhada cega, nada mais fazia sentido, já que ele não estava lá e não queria saber dela. Não o culpava, sabia que tinha errado. Ele sabia que ela não podia ser fiel, mas não ser leal era imperdoável. Nunca mais teve notícias dele, era como se pra ele, ela nunca tivesse existido e isso a magoava profundamente.Chegou ao mirante, sentou-se em uma pedra e viu o sol nascer. Ainda o amava, e isso também já não fazia mais sentido. Decidiu voltar pra casa e deixar o passado ali. Recomeçaria.

03 novembro 2005

O dilema da garçonete

Olhou as mesas a sua volta, ficou pensativa... estava mesmo cansada de tudo aquilo. Num surto, arremessou a bandeja longe, atingindo o balcão, jogou o bloco de pedidos e a caneta no primeiro cliente que viu e rasgou seu avental. Saiu pela porta da frente daquele antro, para nunca mais voltar. A partir daquele momento nunca mais serviria, seria servida.