27 dezembro 2006

Natalinas...

Eu estava feliz e contente na cozinha preparando rabanadas quando me imaginei com uns 60 anos, numa cozinha lotada, preparando rabanadas pra meia dúzia de crianças. Não seria nada de mais se a meia dúzia de crianças não fossem meus netos. Na hora me pareceu uma grande realização, ter netos. Agora vejo que era só excesso de calor do fogão, mesmo.

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O Papai Noel, pra variar, não me trouxe nada esse ano. Aliás, o velhinho sacana nunca me trouxe nada; sempre soube que, na verdade, eram meus pais que traziam os presentes. E embora meu pai tivesse uma barriga pra Papai Noel nenhum botar defeito, ele nunca usaria aquela roupa vermelha horrorosa, já que isso não é coisa de gente séria(palavras dele).

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A cada ano que passa, gosto menos do final do ano. A cada ano que passa, é uma saudade a mais e uma presença a menos. Quando se é criança, os presentes fazem o sentido da festa. Mas depois de uma certa idade, a reunião da família é que passa a fazer o sentido. Quando você cria a consciência de como a sua família é, nada mais faz muito sentido. Então, uma data que já não tem muito significado(sou atéia), passa a ser somente um feriado qualquer em que se come demais, se bebe demais e se encontra alguns amigos queridos. E só.

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Odeio especiais de fim de ano. Imagino que daqui a 15 anos ainda teremos Xuxa e RC fazendo especiais. É deprimente. Xuxa com quase 60 anos falando como criança e RC chamando alguém de sucesso pro especial, porque só ele já não dá conta do recado. Aliás, ambos já não dão conta do recado há 10 anos, pelo menos. Mas enfim... tv é isso mesmo.

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A despeito de meu amargor e sarcasmo em relação ao final de ano, adoooro compras natalinas. É a melhor compensação do ano. Abençoado seja o inventor do crediário a perder de vista.

11 dezembro 2006

Diálogos sobre o não sexo.

- E aí, como foi ontem?
- Ah, fui pra casa dele, ficamos conversando a noite toda e dormimos.
- Como assim?
- Ué, conversando, tava me contando sobre a vida e coisas assim. Foi divertido.
- Mas ele nem encostou em você?
- Como assim?
- Não rolou sexo?
- Não, ué. Só conversamos mesmo.
- Tem alguma coisa errada, não tem não?
- Não, o que estaria errado, Aline?
- Ah, ele nem encostar em você.
- Por quê?
- Ué, vocês passam a noite juntos e não rola nada?
- O que que tem de mais?
- Se você acha normal...
- Acho, oras. Anormal seria achar que ele não gosta de mim só porque não transamos a noite toda, ué.
- Se você diz...

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- E aí, como foi?
- Bem, Luiz, a gente saiu e tal. Foi ótimo, ele é interessante, gostei mesmo.
- E rolou algo mais?
- Não, embora ele tivesse uma pegada. Affe!
- Por quê?
- Ah, sei lá. Aquele lance de continuidade, sabe? As coisas não são bem assim, pelo menos não quero que seja assim com ele.
- Tá certa. Tem que se valorizar. Às vezes dá certo quando rola logo de primeira, mas é muito difícil.
- Pois é.
- Tem que ser assim, ó: primeiro você vai botando fogo, aí joga água fria. Quando não aguentar mais, aí você cede.
- Hahaha.
- É verdade.
- Vou guardar pra posteridade, essa. O problema é que sempre vou me lembrar de você quando isso acontecer.
- Hahahaha...

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Só para constar: primeiro diálogo com uma amiga acerca de uma noite com o namorado. Segundo diálogo com um amigo acerca do primeiro encontro com alguém interessante.

Dores de cotovelo.

Sou fã incondicional das dores de cotovelo. Não, não estou mentindo. Não tem coisa mais divertida(depois que passa, é claro). Você se sente a mais miserável das pessoas, afinal de contas, ou ele não gosta mais de você ou ele te trocou por outra! E nesse caso, não é por qualquer uma, é justamente por aquela com a qual ele jamais teria algo. Aí você acorda invariavelmente sem vontade de respirar, de levantar... olha a figura decadente no espelho e chora... tudo lembra ele. Inclusive as coisas das quais ele não gostava, é incrível. Mas a vida continua, e você vai vivendo por osmose, contando 532 vezes a mesma história do fim pra todos os amigos e choramingando sempre que possível. E ouve 532 vezes que ele não te merece, que vai pintar alguém legal e etc. E nessas horas você pensa "Porra, eu não quero alguém legal, eu quero ele!", afinal de contas, ele é o seu número, só ele te entende, sabe te fazer sorrir, sabe fazer aquilo que você gosta na cama e uma infinidade de outras coisas. Aí bate um desespero, porque ninguém mais vai ser como ele e sim, você pensa em fazer tudo para trazê-lo de volta. Os maiores micos te parecem absolutamente normais(paixão é uma coisa que tira o senso de ridículo e a consciência das pessoas) e você vai atrás, sem sucesso. E mais uma vez... bem, perde o sono, chora, quer morrer e etc. E é nessa hora que a situação fica preocupante, porque você já não pensa, não vive, não faz mais nada.
É nessa hora que entram as amigas, sempre elas. Fazem você se produzir, sair de casa para se divertir... e você vai pro bar com aquela má-vontade descomunal. E bebe a noite toda, e disfarça, finge que se diverte, porque na verdade, você queria mesmo era estar na sarjeta com um cachorro(animais sempre entendem as nossas crises existenciais e afins) e uma garrafa de pinga choramingando e esperando ele voltar.
Ele não volta mais, e conforme o tempo vai passando, você vai ficando menos insuportável, começa a sair por vontade própria, as lembranças já não doem tanto e a vida começa a fluir novamente. E quando nota, já está apaixonada por outra pessoa. Que por acaso, também é seu número, te entende e etc. E um belo dia você vê o seu ex na rua. E não se conforma, é claro. Pensa em tudo que passou com ele e em tudo que fez para trazê-lo de volta. E nessa hora, tem vontade de abrir um buraco no chão e enfiar a cabeça ali pra não sair nunca mais. Não é possível que você tenha feito aquelas declarações, mandado aqueles cartões, tenha insistido tanto. Não é aceitável que tenha sofrido tanto, chorado noites a fio, enchido tanto o saco dos amigos. Hora de morrer de raiva de si mesma, pra logo depois agradecer por tudo já ter passado. E agradecer mais ainda por não estar com ele, afinal de contas, pô, era só aquilo? E aí você ri. Porque depois que passa, é engraçado sim. Depois que passa você vê que aquele amor todo, nada mais era que um foguinho à toa. E que o príncipe, bem, o príncipe era tudo(o cavalo dele, o rato, a abóbora), menos o próprio. E que você, bem, você continua sendo você, oras. Isso não é um conto de fadas. E você sobreviveu a dor de cotovelo e ao ridículo. Até o próximo pé na bunda, é claro.

09 novembro 2006

Selos orgânicos

Sempre fui fã de cartas, cartões e afins. Durante um período da adolescência fui frequentadora assídua da agência dos Correios, que para a minha sorte, fica na esquina de casa, na mesma calçada. Na época eu tinha um romance virtual com um rapazinho de Curitiba e embora nos falássemos toda noite no ICQ(saudade do beep-beep - aquilo sim era pedir atenção), ainda havia assunto e juras de amor para cartas semanais, cartões fofos e etc. Me realizava escrevendo para ele, nem tanto pelo conteúdo das cartas, mas pelo esforço dispensado para fazê-las. Envelopes coloridos de todos os tamanhos, folhas combinando, canetas dos mais variados tons de tinta e espessura das respectivas pontas. E em cada carta, um desenho diferente para decorar o envelope e adesivos. E claro, como toda escritora esforçada, inúmeros rascunhos antes de ir para o papel que seria mandado mesmo. Quase uma força tarefa. Mas o que mais me chama atenção agora naquelas cartas era os tais dos selos orgânicos, que consistiam em qualquer desenho tosco bem do lado do selo(adolescentes, enfim...).
Costumava ser sempre atendida pela mesma moça, que até hoje trabalha lá e continua sendo a mais simpática das atendentes(atípico em se tratando de prestadores de serviços). Ela sempre me olhava com aquele ar que os adultos olham as crianças quando estas se dizem enamoradas e sorria. Era minha cúmplice e sempre ria dos tais dos selos orgânicos. E de vez em quando, discretamente perguntava como ia o "namoro". Me ensinou o macete da carta social, que pelo que eu me lembro, consistia em escrever carta social no envelope e não deixar o peso ultrapassar 10 gramas, o que era 3 sulfites, se não me engano; pagava-se 1 mísero centavo para postar a tal carta. Eu amava. E aproveitava e escrevia para as amigas distantes e até para as de perto mesmo, já que com 10 centavos eu me sentia a rainha da ECT. Nem sei se ainda existe a tal da carta social.
Outra coisa que me chama atenção hoje era o fato de me mostrar completamente desprendida em cartas. Embora houvesse todo o ritual, o capricho na escrita, até um certo formalismo tosco, naqueles papéis eu costumava ser eu mesma, sem dissimular, sem pensar em ser um personagem, sem nada. Era o que estava ali naquelas linhas. Tinha vontade de dizer que gostava de alguém? Tascava um "Eu te amo!" colorido e em letras garrafais e pronto. Estava chateada, a fim de dizer algumas verdades? Caneta preta e escrita em letra de forma. Era o prazer e o exercício de ser no papel. Bons tempos.
O tal do romance não deu em nada, ou melhor, o fim foi uma choradeira só, mas não convém dispor mais detalhes sobre, já que não é o foco. Mas com o fim dele, findaram-se as cartas também, num boicote geral a todo o ritual que envolvesse papéis e canetas coloridas. Nunca mais cheguei perto de uma agência dos Correios, até ceder a um impulso dia desses. As coisas já não eram as mesmas por lá, mas a minha querida atendente estava lá e, embora não me reconhecesse mais, continuava muito simpática. Fui atendida por uma outra, mecânica, e lá se foi o que eu queria. Só que dessa vez, sem selos orgânicos, canetas coloridas e afins...

22 outubro 2006

Post número 150.

Na verdade, eu deveria ter comemorado o post número 69 que seria mais divertido e debochado, convenhamos. Mas não percebi... e com colaborações chegamos até aqui.
Hey!

19 setembro 2006

5 coisas que eu pretendo aprender a fim de me tornar uma pessoa mais completa

1 - Costurar
2 - Jogar bilhar
3 - Tocar algum instrumento
4 - Andar a cavalo
5 - Preparar drinks coloridos

Saudade

Marcelo é um homem encantador, isso é fato. Dono de uma ingenuidade que às vezes parece calculada, de um sorriso cativante, de um olhar quase infantil que se torna o mais penetrante em questão de segundos e de uma cicatriz que desperta desejos estranhos.
Marcelo é um menino encantador. Um pouco desnorteado pelas situações que viveu, meio voltado para o mundo dele, tímido, observador, tranqüilo.
Marcelo é encantador. Carinhoso, cuidadoso, paciente, engraçado.
Marcelo. O homem que não deixou de ser menino, ou o menino que ainda não descobriu o homem em si.
Homem. O colo enorme, o abraço apertado, o beijo que varia do mais lascivo ao mais casto.
Encantador...

14 setembro 2006

5 razões que me levam a crer que adotar um panda é melhor que casar ou comprar uma bicicleta

1- Eu não sei andar de bicicleta. Nunca tive saco pra aprender, e quando tentei, não tive equilíbrio suficiente. Bicicletas são muito dispensáveis, ainda mais depois que se aprende a dirigir carros. E pandas também não sabem andar de bicicleta e são felizes assim.

2- O panda é um bicho fofo, convenhamos. Tá, tá, ele é agressivo, mas e daí? É só deixar ele quieto no canto dele comendo bambu. Um homem não é tão agressivo quanto um panda, mas não pára de te encher o saco quando você dá bambu pra ele.

3- Casar necessariamente implica em uma série de gastos pro resto da vida. A não ser que haja um divórcio, mas pensando bem, neste caso e do jeito que andam as coisas hoje em dia, é capaz de ter muito mais gastos ainda, inclusive com pensão alimentícia. E fora aguentar sogra(que nunca deixa de ser parente) e afins. Pandas não têm esse problema. Tá, você gasta uma nota com ele, mas a mãe cri-cri dele não vem incluída no pacote.

4- Pandas estão em extinção, homens não. Homens sempre vão encontrar outra. Como há poucos pandas no mundo, dificilmente o panda vai te trocar por outra. E há a sensação de estar fazendo o bem pro mundo, o que convenhamos, dificilmente vai acontecer quando você adotar um homem.

5- O panda é basicão, preto e branco e lindo. Nunca vai estar fora de moda, ao contrário daquele sujeitinho vestido com uma pólo, calça bag e mocassins.


Fora essas, há a razão maior de todas: sofro de idéia fixa. Amor incondicional aos pandas.

10 setembro 2006

Balanço...

Um dia eu vou ter 40 anos e vou continuar não sabendo nem quem sou e muito menos o que quero da minha vida. Talvez seja bom ser uma pessoa indefinida - você sempre tem livre circulação pra onde quer que vá e isso te proporciona um certo jogo de cintura pra lidar com todo tipo de gente e diversidade de situações. Não tenho reclamações a respeito disso, que fique claro. Mas a grande sacada é que ao mesmo tempo em que isso é muito bom, te faz perceber que você não pertence a lugar nenhum, você só circula e não tem ponto fixo, é aquele lance de ser cidadã do mundo. Ou apatriada, segundo uma grande amiga(te amo!).
Aí, você acorda num domingo, com uma ressaca progressiva(ainda vou desenvolver a minha teoria a respeito dela), descabelada, com a maquiagem toda borrada e vai pro espelho. Olha, olha e observa bem e chega a conclusão de que, realmente, você não sabe quem é. Hey, brilhante! Aí, nesse momento sempre vem uns flashes de momentos da sua vida que você prefere esquecer, mas eles estão lá pra te dar uma referência do que você pode ser(é, ressaca sempre aumenta o sentimento de culpa e inadequação). E como nem tudo é só desespero, a gente sempre se lembra também das melhores situações e sorri pra figura decadente no espelho. E começa a refletir... sim, minha vida é caótica mesmo, principalmente no que tange ao emocional. Mesmo porque não dá pra ter maturidade intelectual e emocional ao mesmo tempo - tou chegando na casa dos 40 na primeira e na segunda não alcancei nem os 18 anos ainda. E é justamente a dos 18 que é mais pitoresca, por assim dizer. Ando numa fase de paixonites e afins, tudo muito intenso, mas muito rápido e ao mesmo tempo superficial. Tá, nem vou enganar ninguém, não sou dada a relações de profundidade - ou me decifra ou simplesmente convive-se com uma estranha. Mas tou cansada disso, muito cansada. A intensidade parece que esgotou toda a minha capacidade de sentir realmente. É como usar drogas, você se empolga com o barato que vai te dar, barato que você até tinha antes de usá-las sem nada, mas depois que vicia não tem mais se não usar. Mas ainda, para a minha sorte, não cheguei na mecanização total(uhu, ainda há algo de humano nessa pobre alma!). E aí num daqueles insights você descobre que sente algo por alguém. Algo indefinido, mas algo(vamos convir que pra alguém indefinido, algo é um bom sinal). E o mais legal de tudo isso, é que eu não sei lidar com isso porque a minha maturidade não consegue diferenciar bloody mary de piña colada. E aí rolam aqueles lances de valorizar algo inalcançável que talvez nem seja o ideal e não ver algo bacana que tá ali, na prateleira de baixo. Chegamos ao ponto onde eu queria: é madrugada de segunda-feira e eu sei o que quero. O que, como e o porquê.
Se eu vou conseguir ou não, não sei. Como vou conseguir, também não faço a mínima idéia. E o porquê vai servir para, no futuro ou agora no presente mesmo, justificar os meus atos - como se a gente sempre precisasse se justificar. Em algumas situações, você justifica tudo o que faz porque isso te faz menos incompetente e te livra de pelo menos uma parcela da culpa pelo que houve. Em outras, você faz e pronto - sem justificativas, porque no final das contas, você fez o que pôde e como pôde. E dentro disso, você escolhe seguir feliz ou não. Hoje, necessariamente, eu estou escolhendo ir em frente e ser feliz. Sem justificativas. E sem máscaras ou maquiagem borrada de ressaca. Porque afinal de contas, era só sombra preta e olheiras de mais uma noite mal dormida. E pertencer a algum lugar fixo é como não mudar de idéia por não as ter. E convenhamos, nada é pouco ou pequeno quando se tem idéias, um bom estojo de maquiagem, e claro, um sentimento, mesmo que indefinido. Uma piña colada ou um bloody mary também cairiam bem, mas bem, deixa isso pra teoria da ressaca progressiva. Cheers!












Texto começado na tarde de 10/09 e terminado na madrugada de 11 para 12/09. Apatriada, ele não sairia sem você. Te amo!

09 setembro 2006

“Die Verwandlung”


Há momentos em que me vejo criança perdida, um não-sei-o-quê de infantilidade me domina... Perdida entre solidões, multidões, mutilações e restos de sonhos, meus sonhos...
Devo mudar minha fé, minhas crenças, meus afetos, desafetos... Erguer um muro ao meu redor, ou então destruir o que me cerca...
Acho que Kafka quando escreveu “Die Verwandlung”, deveria imaginar que no futuro, em algum lugar do hemisfério sul, teria uma legítima representante kafkaniana: eu!
Algo está acontecendo comigo que vai além da modificação física, é sobretudo, uma alteração de comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões. Atenho-me de forma minuciosa ao meu derredor, há um certo tempo venho dispensando um olhar indiciário a tudo e todos... Acho que não quero mais perder tempo com o que de acordo comigo, não vale a pena. Ando rigorosa com o meu tempo, é tudo o que tenho para gastar à vontade: tempo. Mas quero economizá-lo, ainda assim...
Porque penso ser um desperdício gastar meu excessivo e precioso tempo, com as coisas desse absurdo mundo em que vivemos.
Ando transformando-me, incansavelmente, uma metamorfose dentro de várias metamorfoses. Embora não tema as mudanças diárias que me submeto e que a vida também me submete. Mas enjoei de tantas coisas, ando enojado de retalhos do mundo, retalhos esses que formam o todo.
Ando tão intranquila como o foi Gregor Samsa, quando acordou inseto... Assim estou, inseto, enclausurada em meus limites, em meus anseios, desejos, muitos deles sequer pensados às claras, são desejos perigosos... É perigoso demais pensar... Ando pensando demais, melhor voltar ao ser caricaturado que sempre fui, tanto na virtualidade, quanto no lado tangível da vida... Escondi-me tanto, que às vezes eu me procuro e não me acho... Como poderá achar-me a vida??
Melhor que ela não me procure mulher, pois estarei borboleta;
Que não me procure mãe, pois estarei estrela;
Não me procure amiga, pois estarei nuvem eclipseando luares;
Não me procure loba, pois estarei dispersa em campinas sombrias, em matas densas...
Não me procurem. Estou fechada para balanço.

Bye, bye, cruel world....

By Boca....

02 setembro 2006

A conta

Laís já havia bebido, dançado e rido o suficiente naquela noite. A noite tinha sido perfeita até aquele momento: os amigos estavam todos divertidíssimos, o bar era ótimo, a banda perfeita - ela tinha a nítida impressão de que os músicos adivinharam tudo o que ela gostava de ouvir e tocaram, tinha conhecido figuras novas e pra completar, tinha beijado um carinha que paquerava há tempos. Mas naquele momento, lembrou-se dele e pensou que seria perfeito se estivesse ali. Seria a companhia perfeita, sabia que ele gostava das músicas, do tipo de ambiente. Talvez gostasse de seus amigos e se divertisse com eles. Talvez gostasse dela e a beijasse, por que não? Talvez...
Pegou sua tulipa e encerrou ali o seu número de moça solitária bebendo encostada no balcão; pediu a conta e achou melhor ir pra casa. Talvez essa impressão passasse junto com o efeito do álcool, talvez fosse só saudade mesmo. Talvez só o tempo fosse dizer o que era.

24 agosto 2006

Aí você pára e pensa que as coisas vão se acertar. O erro está aí, as coisas nunca vão se acertar. E a diversão começa.

10 agosto 2006

Realidade

Naquele exato momento ela percebeu que ele era o número dela, o homem perfeito. Levantou da cama, vestiu-se e ficou observando ele dormir enquanto toda a história deles vinha em flashes na mente dela. A história dos dois era uma sucessão de acasos que por acaso também, deu certo. E agora ele estava ali, dormindo e sorrindo... com o que será que sonhava? Ela achou melhor não especular; deixou um bilhete no criado-mudo e saiu. Ia se arrepender de ter deixado o ideal, mas seria melhor, já que a vida faria sentido com ele. Era melhor viver errante do que ter a responsabilidade de manter a felicidade.

01 agosto 2006

Distrações

Resolveu ficar ali sentada, olhando o mar. A noite anterior havia amortecido todos os seus sentidos, não conseguia pensar em nada que não fosse ele. A idéia de talvez sentir a falta dele era aflitiva, não fora treinada para isso. Porque sim, gostar para ela era quase uma questão de treinamento, adaptação; se resumia em seguir etapas: conhecer-conversar-se interessar-demonstrar interesse-etc. E pular qualquer uma dessas etapas a deixava desnorteada, significava que não tinha mais o controle sobre si mesma, e perder o controle era inaceitável.
E foi justamente nesse clima de não-aceitação que o estranho apareceu, levando os pensamentos dela para outro plano. Naquele momento, pareceu a solução de todos os problemas: era confuso, contraditório e um tanto mal-intencionado, era o tipo cafajeste que ela tanto detestava. Falava em levá-la dali para conhecer outras praias, outra vida, prometia mundos e mal conseguia se sustentar em pé. Insistiu para que saíssem naquela noite, havia um bar ali perto em que poderiam beber, jogar conversa fora e talvez ele conseguisse levá-la de lá para a cama dele. Ela inventou uma desculpa qualquer e o fez engolir; queria ir embora o mais depressa possível para não começar a rir na frente dele. Quando finalmente o estranho se foi, já não se lembrava mais porque estava ali. Levantou-se e foi caminhar na praia.

23 junho 2006

Pergunta que não quer calar...

A essência nunca muda? Mesmo? Até que ponto uma mudança na vida só atenua uma característica? Será que a essência se esvai com o tempo? Será que a gente ganha essência com o tempo??? Socorro, alguém me ajuda!!!!!








Não, eu não ando usando drogas... ;-)

22 junho 2006

Tomara-que-caia, peitos e homens...

- Xu, faz um favor. Te mandei umas fotos de uns vestidos que vi pra uma formatura e gostaria que você me dissesse de qual gostou mais. Pode ser?
- Um momento...
*espera*
- Viu?
- Vi sim.
- Então... de qual gostou mais?
- Bom, tem um vinho bonito, decotado na costas e com uns bagulhos na frente que deixam o peito bonito.
- Ah, o drapeado. É, é bonito sim. E os outros?
- O primeiro é horrível. Vamos combinar que flores só em vasos, né? E é tomara-que-caia, é horrível.
- Que que cê tem contra tomara-que-caia?
- É péssimo, achata os peitos, a não ser que você tenha peitos duros que nem noz.
- Mas se for bem costurado, estruturado e tals, fica bonito, não fica achatado.
- Fica sim, é horrível. Já prestou atenção no nome? Tomara-que-caia. Não combina tomara-que-caia e peitos, fala sério.
- Mas, ah, xu. Se tiver um bojo legal, sustentação...
- Vai virar um porta-copos! Aí você vai ter que prestar atenção a noite toda pros peitos não pularem do decote.
- Claro que não, xu!
- Claro que sim, eu passei a vida toda observando peitos, não combina. Tem um outro bege também que dá a impressão de que a qualquer momento os peitos vão estar no joelho. O azul tomara-que-caia é bonito, só falta umas alças pra ficar perfeito. Faz o vinho!
- O azul é o meu ideal, mas tomara-que-caia, pô. Tem que ter barriga negativa pra usar o vinho, pô. Não dá. E não gosto de decote nas costas.
- Fecha atrás, ué. E eu já disse, nenhuma mulher deveria usar tomara-que-caia.
- Mas aí descaracteriza todo o vestido.
- Faz o vinho.
- Mas e a barriga?
- Quando é a formatura?
- Em janeiro.
- Bom, faz 300 abdominais por dia até lá que a barriga vai estar no lugar.
- Affe, xu. Até lá eu penso em outro modelo...
- O vinho deixa os peitos bonitos. A minha solução é muito menos preguiçosa que a sua.
- Melhor pensar em outro modelo mesmo...






*Eu amo meus amigos homens e suas opiniões a respeito de roupa, juro. Xu, luv. Always. Até quando me manda fazer abdominais. ;-)

21 junho 2006

Mantra para os dias em que a vida não presta.

Você levanta se sentindo a mais miserável das pessoas, certo? A carapinha não pára de jeito nenhum, tem várias espinhas mutantes enormes no teu rosto... olha mais embaixo... putz... a barriga tá ali, sorrindo pra você, saliente e as pernas mais brancas que nunca, parecendo aquelas de cera que os romeiros entregam na igreja como agradecimento a graça alcançada. Como se não bastasse isso, você pensa na sua vida como um todo(claro, a gente tem essas idéias iluminadas quando tá em crise), e - putz! - é, sua vida não presta. Acha seu emprego medíocre, sua vida amorosa(quando existe) é caótica e ninguém te ama, a faculdade vai de mal a pior e sua vida social anda negativa. É, ninguém disse que seria fácil, mas se você conseguiu pensar tudo isso e não se matar, parabéns! Você é uma sobrevivente, praticamente uma fênix com a asa torta.
Aí, não contente, você pára e pensa que poderia ser pior(hum-hum...) e sorri. Não é tão ruim assim... Se olha no espelho de novo, ajeita o mega hair, passa um corretivo no rosto, coloca aquela blusinha que junta tudo no lugar e, bem, veste uma calça porque não dá pra mudar a cor das pernas num piscar de olhos. E vai trabalhar feliz, porque sim, seu emprego é bacana, semestre que vem você estuda e no final de semana tem festa. E, ah!, aquele carinha lindo vai estar lá. E até lá suas pernas ainda vão estar brancas, mas você, renascida, vai estar linda, feliz - sim, feliz! - e não conformada, porque no final das contas você aprendeu a olhar ao seu redor. E a vida é bela mesmo, embora às vezes ela se pareça mais com uma caixa de bombons de banana embolorados.

16 junho 2006

Eu, a Boca de sempre.... ( ? )

Maduguei como há muito eu não fazia... Acordei cedo, como há muito venho fazendo... Mas é cedinho mesmo: 6:10h. Horário que estabeleci para r[e]eparar o mundo...
Tem um sol tão luminoso aqui, que quase me cega... Por vezes penso se não estarei cega... Mas aqui é outro papo.
Fiquei com uma preguiça de sair da cama, e deixei as horas escorrerem pelos meus dedos, porque hoje só tenho uma vontade: a de nada fazer.
Mas tem telefone a tocar; gata a miar, filhas a reclamarem; vida pulsando e eu de olhos fechados. Não adianta, tenho que pular da cama, sair das minhas memórias, esquecer o interno perfeito, é tudo tão vívido ainda... Mas devo deixar as escamas diárias renovarem-se...
Olho por uma das janelas do meu quarto [que por sinal precisa[m] de limpeza, o horizonte está meio amarelado ( ?)] e tem um céu azul tão convidativo... E a imperfeição do concreto armado, meio cinza, meio chumbo, misturando-se entre as árvores... Espicho os olhos mais à direita e tá lá, o mar... Mas não arredo do sentimento primevo...
Mas a vontade mesmo sabe qual é? Dar uma dedada ao mundo... E foi o que fiz...
Ah, voltei para a cama, peguei meu livro de Joseph Conrad [que alterno com a leitura de dois outros livros sobre a História do Brasil, e um pouco de Hilda Hist

[De tanto te pensar, me veio a ilusão.
A mesma ilusão
Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar me deito nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, tenho nada,
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e abismos
Acredito ter carne e vadiar
Ao redor dos teus cismos.
De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
De muito desejar altura e eternidade
Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua n'água.]

que eu não sou só ferro, nem madeira... Sou feita de sonhos, desejos e brasas] e que se dane o mundo, e quem mais quiser....
É isso, Boca....
Sonhe!
Viva!
Realize!
Mas não desmantele outros mundos...
Dedadas? Sim...
Ei-la[s]:

13 junho 2006

Então, depois de muita tempestade, veio finalmente a calmaria. Nesse meio tempo eu aprendi a beber, deixei o meu cabelo crescer e decidi trabalhar. Com 22 anos, eu renasci de maneira dolorosa. Com 23 anos, eu aprendi a me divertir. E agora com 24 anos, eu realmente aprendi a dizer o que sinto. Sem me culpar, me sentir fraca ou alguma outra idiotice. Terminei meu processo de humanização. E sim, sou outra mulher. Paz, sucesso e felicidade sempre!

03 maio 2006

Então...

Cara, eu não entendo o sentido das coisas, quando elas têm algum. Mas o Má sempre me disse que quando fosse avassalador eu saberia. Mas sempre passa. Passa rápido demais, até. Affe............

30 abril 2006

Mais um post revoltado

Ainda achando que o inferno pode ser aqui... vou colocar mais uma musiquinha pra dar trilha nessa joça.


"Essa curiosidade que você tem pelo que eu faço
Eu não gosto de me explicar, eu não gosto de me explicar
Toda essa intensidade, buscamos identidade
Mas não sabemos explicar, mas não sabemos explicar
Se paro e me pergunto: será que existe alguma razão
Pra viver assim se não estamos de verdade juntos
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Essa meia verdade a qual temos nos conformado
Só conseguimos nos afastar. Mais aprendemos a aceitar
Tantas coisas pela metade, como essa imensa vontade
Que não sabemos explicar, que não sabemos saciar
Se paro e me pergunto: será que existe alguma razão
Pra viver assim se não estamos de verdade juntos
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Procuramos independência
Acreditamos na distância entre nós
Na-na narau, na-na narau uhu, aha, yeah
Na-na narau, na-na narau
Essa curiosidade
Toda essa intensidade
Toda essa meia verdade
Tantas coisas pela metade
Toda essa curiosidade
Toda essa intensidade"

Independência - Capital Inicial

29 abril 2006

Sem comentários - eu não aguento mais ouvir U2.

"You're in my mind all of the time
I know that's not enough
If the sky can crack there must be someway back
For love and only love
Electrical Storm
Electrical Storm
Baby, don't cry"

Affeeeeee!

Puta sabadão, noite bonita, todo mundo animado, menos você. Ou melhor, você está extremamente irritada, inquieta, com sono, deprê... a vida não presta mesmo. O que você faz numa situação dessas???? Primeiro caminha que nem uma andante pela cidade, depois sossega e vai parar numa lan house porque - sim - como o dia foi uma merda, seu pc não podia deixar de pifar. Bah. Um dia vendo tudo e vou pro Caribe.

27 abril 2006

Descontroles...

Tá, a gente sempre tem um momentos muuuuuuuito estranhos, mas putaquelospá, dar piti ninguém merece. E confesso, dei piti. E foi feio, ridículo, etc, etc. Tou inconformada. Eu já não tenho mais 15 anos e nunca fui disso. Amanhã é outro dia.

17 abril 2006

Uma folha de papel em branco... E eu me torno Deus...


Foi como me senti hoje ao acordar: uma folha de papel em branco... Amassado.
E fiquei pensando: - e se eu fosse Deus?
O que eu faria com o mundo, com as pessoas, com os demais bichos?
Se eu fosse Deus eu acho que estaria tão infeliz ao ver o mundo que fiz...
Olharia lá de cima e veria a inutilidade de um lugar tão lindo e povoado por tão bizarras criaturas...
O mundo parece que se tornou apenas um depósito de deficientes: cegos, coxos, mutilados e retardados para o respeito, a humanidade, o amor a si e ao próximo...
Mas eu sou Deus...
Da minha própria história e das folhas que eu escrevo, e das que eu não quero escrever também...
Então lá se vou eu cuidar em desamassar, colorir e escrever belas histórias em minha[s] folha[s] de papel[éis]...

"O humano chega aonde chega o amor; não tem fornteiras a não ser as que lhe damos"
É isso cara Boca... Falta amor e vontade...

04 abril 2006

Uma vez e pra sempre, viva!


Não tente me compreender: sou incompreensível.
Por vezes eu preciso de um manual de instruções pra lidar comigo mesma...
Estou:
Anormal;
Anti-social;
Confusa;
Difusa;
Em lua minguante;
Fase vernelha;
Hermética;
Humor do cão;
Inespre-Expansiva;
Insandecida;
Reflexiva...

Desejando algo obscuro...
Estou:
Viva!
Uma vez e pra sempre:

Boca...

03 abril 2006

Deveria, mas...

No momento em que o Julio me beijou naquela noite, eu deveria ter dito a ele para esquecer tudo o que havíamos conversado anteriormente. Mas estava achando tudo tão nonsense, estava tão embalada no clima de curtição que nem percebi que poderia rolar um algo a mais. Depois do beijo ouvi ele fazer propaganda do Eduardo como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se nada tivesse acontecido. Eu realmente não entendia esse conceito de amizade, mas era tudo festa mesmo...
No dia seguinte, Eduardo. Julio apareceu depois. Eu não deveria ter me sentido a mais estranha das pessoas, mas foi inevitável. Mas tudo era festa... e isso passou. A festa também.
Mas o Julio não passou. Ficou, marcou. Algo que eu deveria ter feito, mas não fiz.

21 março 2006

Maneira de ver, outra

Tímida, é apenas tímida. Não sabe o que fazer com o corpo quando fala por puro pudor. Tem andar deselegante porque não engatinhou quando era bebê [corria o risco de se tornar gaga, há estudos sobre isso].
Suas contrações faciais aceleram o riso do interlocutor, o que faz, da parca conversa, engraçada.
É boa filha, sem dúvida!

Ótica

Os pensamentos não cabem nela. Os verbaliza de forma desorganizada. Tem jeito desengonçado e suas mãos já não falam mais.
Somatiza a dor, embora seja amada e sofre fazendo caretas com a dor guardada [deve fazer cócegas nos músculos da face].
É criança mimada!

10 março 2006

O último suspiro

So I look in your direction,
But you pay me no attention,
And you know how much I need you
But you never even see me...*

Finalmente havia descoberto o algo a mais nele. Talvez quisesse mais, talvez fosse só a curiosidade. Ou talvez fosse apenas medo de se aproximar dele. Seguiu cantarolando.



*Shiver - Coldplay

Sebos & Compulsão...





... Ainda gosto de caminhar pelas ruas caóticas do Recife... Hoje não foi diferente... Caminhei pela Av. Conde da Boa Vista até chegar à Guararapes... Olhando ao derredor e vendo os contrastes dessa cidade... Na Ponte da Boa Vista... Meninos pulavam dela para o Capibaribe... Por algumas moedas... Coisa pra turista ver, somente pra turista, porque as autoridades [in]competentes se fazem de cegas e não vêem nada disso...
Mas voltando à Guararapes, é se não me engano a ÚNICA Av., no mundo cuja altura dos prédios não ultrapassam a largura da rua... Um prato cheio para os arquitetos...
Um saudosimo me acompanha, procuro o 'Bar Savoy' e não o encontro... O Savoy recebeu Simone de Beauvoir e Sartre... E quantos anônimos com suas dores de amores? Cadê o Savoy? Foi-se... Atender às espeulações imoboliárias e à crise do mercado...

"... Nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
são trinta copos de chope,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados..."

-Carlos Pena Filho-
[O poeta dos Azuis]

Mas voltando pra Av. Guararapes II... Tem uma ímã lá... Se chama Sebo do Marcos... Credo... Não posso passar por perto, acabo parando lá e comprando... Com ou sem dinheiro...
Sou uma consumidora compulsiva de livros... Sempre me digo que não comprarei nada, mentira... Estou enganando a mim mesma... Comprarei sim, o Marcos sempre tem algo que se encaixa nos meus desejos... Dessa vez não foi diferente, lá estou eu segurando dois livros com os olhos esbugalhados de gula: Uma biografia - amo biografias - do Braudel e um sobre a Micro-história - amo ler sobre isso - comprei! Saciei meu desejo...
E até a próxima ida à cidade, já deixei combinado que depois do dia 20 eu voltarei por lá. Já fiquei de olho comprido prum livro do Lobo Antunes...
Boca...

Mr. Writer

Eu preciso de uma frustração. Mas não daquelas que fazem o coração explodir, pois essas duram muito pouco, o coração logo se refaz. Preciso de uma frustração que o apodreça aos poucos, como um câncer. Que doa tanto tempo e tanto quanto uma dor crônica e que não tenha um remédio conhecido. Preciso de uma frustração tão violenta que me faça esquecer que tive uma vida anteriormente. E uma vida interiormente também. Preciso de uma frustração por um motivo bem simples: gente frustrada não perde tempo observando o sorriso de ninguém. E não cora quando se flagra. Gente frustrada não sonha com beijos lascivos no tapete do quarto. E não acorda arfando por isso. Gente frustrada nunca sabe o que dizer, mas diz qualquer coisa assim mesmo. E não tem medo de ter falado besteira. Gente frustrada não se lembra do que aconteceu e sorri. E se lembra, não sorri porque não faz diferença. Gente frustrada não sente, não pensa, só lamenta. E antes isso do que você. Antes isso do que me lembrar que um dia estivemos juntos. Antes isso do que te ver e não saber o que fazer. Antes isso do que sonhar com você. Antes isso do que estar aqui, escrevendo esse texto porque não consigo pensar em outra coisa que não seja você.

04 março 2006

Descontroles

Essa semana eu decidi parar de fumar, foi quase uma penitência de quaresma(ai, essa criação cristã que me deram...). O fato é que é realmente difícil se contentar com 10 cigarros de baixo teor quando se fuma 40 normais habitualmente, mas estou resistindo firmemente há 3 dias - o que é um bom sinal, acho. A única coisa ruim é que como todo viciado substitui um vício por outro, ando comendo doce até enjoar. Alguém tem uma bala aí?

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Hoje reencontrei meu amor de redenção. Aquele que me livraria de todos os supostos pecados que cometi, que me tornaria uma mulher melhor, que eu amaria incondicionalmente. Só sobrou a lembrança serena no peito que se tornou oco com o tempo. Sim, eu amei um dia.

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É fato que pra mais da metade da população nacional o ano começa na segunda-feira ou começou na quarta de cinzas. E é fato também que para muitas pessoas o ano, a vida não começa nunca. Nessa hora, eu faço cara de descontente e ergo a mão. Todos me olham feio.

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Às vezes, mas só às vezes mesmo, é um saco lidar com o próprio espírito livre. Um dia ainda acordo, crio coragem e mando ele ir pastar. E me torno uma mulher cordeiro. Béééé!

03 março 2006

Preciso de receita que acabe com elas...

A quem servem, na cadeia alimentar, aquelas minúsculas formigas?
Pra que existem se não há tamanduás aqui?
Basta um pingo de groselha na pia para chamarem os parentes e amigos. Fazem festas que duram noites inteiras. Agitam do Carnaval ao Natal. Resistem ao congelamento instantaneo e ao aquecimento abrupto no microondas. Na quarta, restam só as nossas cinzas. Elas continuam inteironas. Prontas pra nadarem na piscina que formamos, no pires com o que sobrou do doce.

28 fevereiro 2006

25 fevereiro 2006

Ressaca

Toda vez em que acordo de ressaca juro que é a última vez. Há muito não bebia, no máximo fazia figuração com o copo, mas nessa noite tive aquela sensação muito boa de estar liberta. A cerveja realmente desceu como se fosse água, estava feliz, a companhia era pra lá de bacana - amigos muito queridos, o som e o ambiente perfeitos como coadjuvantes. Mais uma noite divertida pro rol.
Já a manhã seguinte... os olhos inchados, a boca amarga, o corpo dolorido pela má posição na cama, a sede insaciável. Não havia mais nenhuma liberdade, nenhuma espécia de sensação boa, só ela triunfando junto com o meu mau humor e sono. Me lembro de ter me arrastado da cama até o banheiro onde olhei no espelho e vi um rosto com expressão disforme, que não era a normal. Era a felicidade envelhecida, ressequida, amarga. Dei um sorriso cúmplice para aquela imagem e voltei pra cama. Apaguei.

22 fevereiro 2006

O ritual

Com a chegada dos tios da Argentina retomei o hábito, que tinha na infância quando passava horas do lado da vó tomando chimarrão, em uma cuia gigantesca que mal cabia em minhas mãos pequeninas.
O mate veio de lá. Cheiroso.
A água é nacional. Puro cloro, mas a mistura dá caldo bom.
Embora o bule não entre na história [a água quente deve ir pra térmica] dá uma seita maravilhosa. Ambos, seita e chimarrão, são digestivos.

...

A notícia é velha, mas é um bom motivo pra acordar na sarjeta com um cachorro ao lado... ;-)

http://noticias.uol.com.br/saude/ultnot/afp/ult613u200.jhtm

21 fevereiro 2006

Coisas estranhas sempre acontecem...

Fui pega no flagra por mim mesma e enrubesci como se uma platéia toda também tivesse flagrado. Estava prestando atenção nele com a curiosidade doentia dos voyeurs... mãos, braços, costas, nuca... quando dei por mim, estava olhando pro sorriso. Gelei. Queimei. E sim, quero ele pra mim.

Um sorriso é tudo...

ontem à noite enquanto esperava a minha vez de sacar uma grana no banco 24h, impaciente, cansada, ainda ia ao supermecado fazer compras, acompanhando uma música imaginária com o pé direito, braços cruzados sobre os seios, cara amarrada... Olhava pro rapaz que se encontrava diante da máquina e eu pensava: que cabra enrolado, ô sujeitinho mongo, que lerdo, que burro, tabacudo! E toda sorte de adjetivos pejorativos... A tal criatura já estava lá há mais de 15min... Há apenas 15 min. E pra mim parecia uma eternidade... Acho que ele ouviu meus pensamentos acerca da sua pessoa... Quando finalmente ele concluiu a operação, olhou-me com olhos límpidos, alma serena e o mais belo sorriso [para uma segunda-feira estressante, quase improdutiva, às 20:00h, cansada e já sem humor algum] e disse: - desculpe moça, desculpe por fazê-la esperar. Não sei mexer direito com isso, geralmente eu me enrolo. Me desculpe a falta de jeito com a máquina...Fiquei menor que um grão de mostrada... Mas aquele sorriso quebrantou toda a minha impaciência e como se fôra um pedido de desculpas [e era, embora eu nao tivesse articulado], devolvi-lhe o meu mais belo sorriso e me senti a maior monga da noite.... Vô-te!
Boca.

18 fevereiro 2006

Pessoas que eu não entendo

Ecléticos: gente que gosta de tudo acaba mesmo é não gostando de merda nenhuma. Mas tá na moda, fazer o quê?

Mariana chamou e eu vim...

Não sei o que fiz pra merecer, mas o chamamento de Mariana para fazer parte do seu "Sórdidas S.A." encheu-me de alegria e contentamento.
Aqui estou, o que, quando e como escreverei não sei. Mas vim. Espero estar à altura do espaço e da fé em mim depositada.
Beijos pra quem vem, pra quem virá e "pra quem estiver nos assistindo".
Boca...

Mudanças

Tentando transformar esse espaço numa S.A. de fato. Em breve mais bonitinhas, diferentes e interessantes.

15 fevereiro 2006

*****

* Eu realmente me impressiono com a dignidade e a resignação com que os idosos enfrentam a morte. Sempre mantém a postura, a serenidade, mesmo sabendo que podem ser o próximo a estar ali.

* Banhos de chuva costumam purificar a alma, mesmo quando você não a tem.

* Saudade não mata, mas aleija.

09 fevereiro 2006

A guarda, o anjo

E eu permaneci ali, observando as lágrimas caírem daqueles olhos verdes. Ocorreu-me a idéia de abraçá-lo, confortá-lo, mas não consegui ao menos me aproximar - lidar com a sensibilidade alheia implicaria em lidar com a minha própria. E não, não estava preparada para isso. Mas por um momento, as lágrimas foram como um sopro de vida suficiente para despertar algo adormecido, mas não para movê-lo. Por um momento, os papéis se inverteram: o protegido guardou o protetor.

Pessoas que não entendo

Abstêmios: tá, todo mundo tem direito de não gostar/fazer algo, mas encher o saco de outro que gosta/faz já é passar um pouco dos limites.
Bem, o último post foi um lapso. Enfim...

07 fevereiro 2006

Plágio*

Amores vêm,
Amores vão,
Amores vãos...


* já li isso em algum lugar, tenho quase certeza, mas como a memória nunca ajuda não custa nada avisar aos desatentos...

01 fevereiro 2006

A vingança do cabelo

Meu cabelo estava lindo, é verdade. Mas como eu estava com inveja, decidi cortá-lo. E misteriosamente aquele corte que era pra ser moderninho se tornou algo disforme, espetado, sem chance de parar, alisar ou qualquer coisa do tipo. Preciso de uma peruca black power já!

17 janeiro 2006

Reações

Ela gelou quando ele pegou em sua mão e começou a acariciá-la; não sabia como reagir aos carinhos dele. Não sabia como reagir à sua própria reação. Tinha sentido o rosto queimar de vergonha como uma adolescente - o que a aumentava muito mais. Ela tentou disfarçar, mas não conseguia parar de prestar atenção no que ele dizia, tudo era motivo para ela abrir um sorriso, se voltar para ele, puxar conversa. Ele não era propriamente o tipo dela - franzino, muito branco - mas era aquele tipo de homem que sabe levar uma mulher na conversa, não pelo hábito da cafajestice, mas porque era bom ouvinte, conselheiro... o paraíso de qualquer mulher carente de atenção. E sim, ela era habitualmente carente. Mas havia um algo mais nele que ela não conseguia discernir, e isso a deixava curiosa, excitada pelo mistério, pelo diferente, já que ela era o oposto.
Conversaram a noite toda animadamente, ela relaxou e retribuiu aos carinhos dele. Quando decidiram ir embora, ele a abraçou como se não quisesse soltá-la. Ela sentiu vontade de não o soltar mais, mas... Ele beijou o rosto dela e cada um foi para seus respectivos destinos. Ele ela não sabe, mas ela foi frustrada, sem saber o que era o algo a mais nele.

Ébria

Há muito não posto bêbada...

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Hoje foi uma noite de lembranças dos velhos tempos. Se eu caísse dura agora, não morreria realizada, mas ainda sim morreria feliz. Vivi intensamente da maneira que achei melhor.

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Odeio ter idéia fixa a respeito de uma pessoa. E não sei o que é passar vontade.

10 janeiro 2006

Não há nada mais deprimente do que ficar em casa, gripada, vendo comédia romântica numa noite como essa que está fazendo lá fora.

09 janeiro 2006

Higiene

Vomitou sua última gota de sangue. Lavou o rosto, escovou os dentes e saiu. Sem vida, porém limpinha.

02 janeiro 2006

Otimismo

A cada ano que passa fico mais de saco cheio com as festividades de fim de ano. Tudo comercial. Uma puta correria pra uma ilusão de felicidade - no Natal a duração varia conforme a quantidade de comida e no ano novo, 10 segundos antes da virada, uns 10 minutos depois (em média o tempo da queima de fogos). Affe.

E antes que eu me esqueça: o futuro é velho, é podre e cheira mal.

Cheers!