26 outubro 2005

Culpa

Acordei sem saber direito o que havia acontecido na noite anterior, até começar a sentir um gosto de bebida azeda cutucando a minha memória. A mente começou a trabalhar devagar, as cores foram aparecendo aos poucos, as cenas começaram a ter movimento e seqüência lógica. É, a noite anterior foi surreal, será que fiz o que não deveria? Não fiz nada que não quisesse fazer, e além do mais, não fui eu que acendi o pavio. De repente, a culpa se divide entre todos os personagens da noite anterior e se dissipa, fazendo eu me sentir mais leve e suficientemente solta para reviver o acontecido, experimentando todas as sensações sem pudores. O gosto da bebida se torna doce como na noite anterior. É, valeu a pena, fiz coisas que jamais faria em outra ocasião ou com outros personagens. E num estalo, percebo que é a manhã seguinte; logo mais estarei de novo com os personagens, aliás, estarei com os atores, já que os personagens se perderam enquanto amanheceu. O gosto azedo volta à boca e se torna amargo, o estômago revira. Corro até ao banheiro. Minha culpa se pronuncia.

20 outubro 2005

...

Alguém sabe onde fica o botão pra desligar o modo remoendo o que não se deve remoer?
Perdi meu manual de instruções...

09 outubro 2005

Dias e dias.

A gente repensa a vida e descobre que não nasceu pra amar, não tirou foto brega vestida de mocinha de 1800 e lá vai porrada pra colocar no orkut, não tem um amante bombeiro gostoso chamado Juvenal, não amadureceu o suficiente, não ficou com aquele menino quando tinha 12 anos, não tomou todos os porres que deveria, não terminou uma faculdade, não fez a lição de casa, não aprendeu abrir latas antes do 14 anos, não perdeu o fascínio nem o medo de cavalos, não tem coordenação motora suficiente pra desenhar algo além de um desenho palito, não esquece quem deve ser esquecido, não tira as caveiras por nada do armário, não mantém contato suficiente com os amigos mais queridos, não aprende errando, não deu ouvidos aos conselhos que deveria, não fez as concessões necessárias, não viajou pra fora do país, não conheceu alguém especial, não dormiu ao ar livre numa noite de lua, não assumiu o fato de ser extremamente passional... e nem por isso foi mais ou menos, foi apenas humano. Viveu o que pôde viver, como pôde e como conseguiu.