09 setembro 2006

“Die Verwandlung”


Há momentos em que me vejo criança perdida, um não-sei-o-quê de infantilidade me domina... Perdida entre solidões, multidões, mutilações e restos de sonhos, meus sonhos...
Devo mudar minha fé, minhas crenças, meus afetos, desafetos... Erguer um muro ao meu redor, ou então destruir o que me cerca...
Acho que Kafka quando escreveu “Die Verwandlung”, deveria imaginar que no futuro, em algum lugar do hemisfério sul, teria uma legítima representante kafkaniana: eu!
Algo está acontecendo comigo que vai além da modificação física, é sobretudo, uma alteração de comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões. Atenho-me de forma minuciosa ao meu derredor, há um certo tempo venho dispensando um olhar indiciário a tudo e todos... Acho que não quero mais perder tempo com o que de acordo comigo, não vale a pena. Ando rigorosa com o meu tempo, é tudo o que tenho para gastar à vontade: tempo. Mas quero economizá-lo, ainda assim...
Porque penso ser um desperdício gastar meu excessivo e precioso tempo, com as coisas desse absurdo mundo em que vivemos.
Ando transformando-me, incansavelmente, uma metamorfose dentro de várias metamorfoses. Embora não tema as mudanças diárias que me submeto e que a vida também me submete. Mas enjoei de tantas coisas, ando enojado de retalhos do mundo, retalhos esses que formam o todo.
Ando tão intranquila como o foi Gregor Samsa, quando acordou inseto... Assim estou, inseto, enclausurada em meus limites, em meus anseios, desejos, muitos deles sequer pensados às claras, são desejos perigosos... É perigoso demais pensar... Ando pensando demais, melhor voltar ao ser caricaturado que sempre fui, tanto na virtualidade, quanto no lado tangível da vida... Escondi-me tanto, que às vezes eu me procuro e não me acho... Como poderá achar-me a vida??
Melhor que ela não me procure mulher, pois estarei borboleta;
Que não me procure mãe, pois estarei estrela;
Não me procure amiga, pois estarei nuvem eclipseando luares;
Não me procure loba, pois estarei dispersa em campinas sombrias, em matas densas...
Não me procurem. Estou fechada para balanço.

Bye, bye, cruel world....

By Boca....

3 comentários:

  1. Perfeito!!! :-)
    Uma hora para de balançar e você volta. Bjuxx!

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  2. Anônimo12:06 AM

    Até quando fecha para balanço, o faz com classe e elegância... quando eu crescer, quero ser assim!
    Beijos!

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  3. Anônimo2:31 PM

    Borboleta não, que borboleta já sou eu!!!
    ...hehehe...brincadeirinha!
    Tenho que concordar contigo em algo: pensar às vezes é realmente perigoso. Mas vibro, com sua postura de não dar mais atenção ao que (à quem) não merece atenção, e sua retomada ao incessante trabalho (pelo menos enquanto sua decisão durar). Sempre achei um disperdício, e vc sabe disso, o disperdício de seu tempo com algumas coisas, sabendo-a tão densa e produtiva. Não digo todos, mas algumas pessoas precisam ouvir o q vc tem a dizer criatura, isso faz diferença em algum ponto do mundo, como aquela mesma borboleta batendo asas em algum lugar do planeta, já dizia a Clarice né?! Bom texto esse, boa referência, mas quando eu penso a Valda, penso mais Baudelaire... "satânica", infernal! Kafka talvez seja mesmo... só a metamorfose, o processo, a coisa pela coisa, nada mais (bom, mas acho q a idéia era mesmo essa né...rsrs) Ah... depois te conto sobre um atrevimento meu, estou querendo me iniicar na escrita fictícia, brincadeira mesmo, tô com planos pra um roteiro, mas isso é... incubação, metamorfose sabe....hahahahahaha Beijos mil!!!

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