10 setembro 2006

Balanço...

Um dia eu vou ter 40 anos e vou continuar não sabendo nem quem sou e muito menos o que quero da minha vida. Talvez seja bom ser uma pessoa indefinida - você sempre tem livre circulação pra onde quer que vá e isso te proporciona um certo jogo de cintura pra lidar com todo tipo de gente e diversidade de situações. Não tenho reclamações a respeito disso, que fique claro. Mas a grande sacada é que ao mesmo tempo em que isso é muito bom, te faz perceber que você não pertence a lugar nenhum, você só circula e não tem ponto fixo, é aquele lance de ser cidadã do mundo. Ou apatriada, segundo uma grande amiga(te amo!).
Aí, você acorda num domingo, com uma ressaca progressiva(ainda vou desenvolver a minha teoria a respeito dela), descabelada, com a maquiagem toda borrada e vai pro espelho. Olha, olha e observa bem e chega a conclusão de que, realmente, você não sabe quem é. Hey, brilhante! Aí, nesse momento sempre vem uns flashes de momentos da sua vida que você prefere esquecer, mas eles estão lá pra te dar uma referência do que você pode ser(é, ressaca sempre aumenta o sentimento de culpa e inadequação). E como nem tudo é só desespero, a gente sempre se lembra também das melhores situações e sorri pra figura decadente no espelho. E começa a refletir... sim, minha vida é caótica mesmo, principalmente no que tange ao emocional. Mesmo porque não dá pra ter maturidade intelectual e emocional ao mesmo tempo - tou chegando na casa dos 40 na primeira e na segunda não alcancei nem os 18 anos ainda. E é justamente a dos 18 que é mais pitoresca, por assim dizer. Ando numa fase de paixonites e afins, tudo muito intenso, mas muito rápido e ao mesmo tempo superficial. Tá, nem vou enganar ninguém, não sou dada a relações de profundidade - ou me decifra ou simplesmente convive-se com uma estranha. Mas tou cansada disso, muito cansada. A intensidade parece que esgotou toda a minha capacidade de sentir realmente. É como usar drogas, você se empolga com o barato que vai te dar, barato que você até tinha antes de usá-las sem nada, mas depois que vicia não tem mais se não usar. Mas ainda, para a minha sorte, não cheguei na mecanização total(uhu, ainda há algo de humano nessa pobre alma!). E aí num daqueles insights você descobre que sente algo por alguém. Algo indefinido, mas algo(vamos convir que pra alguém indefinido, algo é um bom sinal). E o mais legal de tudo isso, é que eu não sei lidar com isso porque a minha maturidade não consegue diferenciar bloody mary de piña colada. E aí rolam aqueles lances de valorizar algo inalcançável que talvez nem seja o ideal e não ver algo bacana que tá ali, na prateleira de baixo. Chegamos ao ponto onde eu queria: é madrugada de segunda-feira e eu sei o que quero. O que, como e o porquê.
Se eu vou conseguir ou não, não sei. Como vou conseguir, também não faço a mínima idéia. E o porquê vai servir para, no futuro ou agora no presente mesmo, justificar os meus atos - como se a gente sempre precisasse se justificar. Em algumas situações, você justifica tudo o que faz porque isso te faz menos incompetente e te livra de pelo menos uma parcela da culpa pelo que houve. Em outras, você faz e pronto - sem justificativas, porque no final das contas, você fez o que pôde e como pôde. E dentro disso, você escolhe seguir feliz ou não. Hoje, necessariamente, eu estou escolhendo ir em frente e ser feliz. Sem justificativas. E sem máscaras ou maquiagem borrada de ressaca. Porque afinal de contas, era só sombra preta e olheiras de mais uma noite mal dormida. E pertencer a algum lugar fixo é como não mudar de idéia por não as ter. E convenhamos, nada é pouco ou pequeno quando se tem idéias, um bom estojo de maquiagem, e claro, um sentimento, mesmo que indefinido. Uma piña colada ou um bloody mary também cairiam bem, mas bem, deixa isso pra teoria da ressaca progressiva. Cheers!












Texto começado na tarde de 10/09 e terminado na madrugada de 11 para 12/09. Apatriada, ele não sairia sem você. Te amo!

Um comentário:

  1. Anônimo11:24 PM

    Welll, começo por onde??

    Acho que esse texto resultou tb do que foi vivido no final de semana, muito aqui em particular...
    Há momento em que eu me calo diante de ti, pois parece que td que eu for falar, se torna, é, tão insiginificante, diante das grandezas com as quais construímos essa nossa relação...
    Eu sou uma pessoa privilegiada porque numa distância geográfica considerável, vc está do meu lado em todos os momentos, e eu do teu... Coisas inexplicáveis, enfim... O texto é bacana, qdo vc cehgar aos quarenta, eu vou estar nos 15, 18... E quem sabe quem estará vivendo e fazendo esse balanço não serei eu???
    Mas olha, o fato de alguém ser "apatriada" não é de todo mal... Vc tem consciência disso né não?
    O texto tá lindo, tua cara... Amei, resumindo....
    E ó, pensando aqui, acho que eu te amo tb, num sabe?
    ;-))))))
    Amo sim e muito!!!

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