16 junho 2006

Eu, a Boca de sempre.... ( ? )

Maduguei como há muito eu não fazia... Acordei cedo, como há muito venho fazendo... Mas é cedinho mesmo: 6:10h. Horário que estabeleci para r[e]eparar o mundo...
Tem um sol tão luminoso aqui, que quase me cega... Por vezes penso se não estarei cega... Mas aqui é outro papo.
Fiquei com uma preguiça de sair da cama, e deixei as horas escorrerem pelos meus dedos, porque hoje só tenho uma vontade: a de nada fazer.
Mas tem telefone a tocar; gata a miar, filhas a reclamarem; vida pulsando e eu de olhos fechados. Não adianta, tenho que pular da cama, sair das minhas memórias, esquecer o interno perfeito, é tudo tão vívido ainda... Mas devo deixar as escamas diárias renovarem-se...
Olho por uma das janelas do meu quarto [que por sinal precisa[m] de limpeza, o horizonte está meio amarelado ( ?)] e tem um céu azul tão convidativo... E a imperfeição do concreto armado, meio cinza, meio chumbo, misturando-se entre as árvores... Espicho os olhos mais à direita e tá lá, o mar... Mas não arredo do sentimento primevo...
Mas a vontade mesmo sabe qual é? Dar uma dedada ao mundo... E foi o que fiz...
Ah, voltei para a cama, peguei meu livro de Joseph Conrad [que alterno com a leitura de dois outros livros sobre a História do Brasil, e um pouco de Hilda Hist

[De tanto te pensar, me veio a ilusão.
A mesma ilusão
Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar me deito nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, tenho nada,
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e abismos
Acredito ter carne e vadiar
Ao redor dos teus cismos.
De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
De muito desejar altura e eternidade
Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua n'água.]

que eu não sou só ferro, nem madeira... Sou feita de sonhos, desejos e brasas] e que se dane o mundo, e quem mais quiser....
É isso, Boca....
Sonhe!
Viva!
Realize!
Mas não desmantele outros mundos...
Dedadas? Sim...
Ei-la[s]:

Um comentário:

  1. Ah, agora sim, entendi qual a tipo de dedadas referias-te. Naquele etílico instante no chat cheguei a imaginar outro dedo e em outro lugar. E por falar em chat – embora admita que este não deve ser o local mais adequado para isto – aproveito o ensejo para desculpar-me pelo sumiço sem ao menos despedir-me; como de costume, "tomei uma rasteira" do provedor e, na volta, dei com a cara na porta. De raiva, mandei mais cerveja goela abaixo. Resumo da ópera, fiquei imprestável para escrever coisas inteligíveis e desisti de voltar pra salinha... : /

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