O elevador finalmente chegou ao térreo. A porta se abriu e a senhora saiu apressadamente. O senhor a olhou com aquela curiosidade doentia pela última vez:
- Bom, moça, desculpe a indiscrição, mas acho que não era bom você sair daqui nesse estado. Tem um banheiro ali, você pode se arrumar, se quiser.
- Obrigada, mas estou com pressa. Além do mais, meu carro está ali na frente do prédio. Não vai ser a primeira vez. Mas obrigada assim mesmo.
- De nada...
Ela viu o senhor se dirigir a garagem do prédio enquanto ela ia até a portaria. O porteiro havia saído - para sua sorte, pensou. Não aguentaria mais um curioso. Foi para o carro, do outro lado da rua, enquanto pensava no que faria aquele dia. Ligou o som, deu partida e foi para casa. No caminho, seu celular tocou... era ele.
- Bom dia, meu amor.
- Oi, Alberto...
- Te acordei?
- Não... na verdade eu tou no carro, indo pra casa.
- Achei que fosse ficar.
- Não posso. Combinei um almoço com o Carlos, não dá pra desmarcar.
- Ah...
- Que foi?
- Realmente achei que fosse ficar, mas já que não dá, fazer o quê?
- Eu compenso mais tarde, pode ser? Jantar? Que me diz?
- Que horas passo pra te pegar?
- Às oito.
- Tudo bem. Cê tá melhor?
- Eu tou meio zonza ainda. Seus vizinhos são muito conservadores. Depois te conto, preciso desligar. Mais tarde conversamos.
- Tudo bem. Se cuida então, amor. Te amo.
- Pode deixar... qualquer coisa, depois você cuida de mim. Beijos...
- Beijos...
Havia sido um tanto fria com ele, mas não conseguiu agir diferente naquele momento. Na verdade, a última coisa que queria, era jantar com ele. Ainda não tinha digerido a noite anterior. Depois da discussão e de ele ter impedido que ela fosse embora, tiveram a melhor noite na cama da história deles. E ele disse que a amava, que era pra valer. E pela primeira vez, ela sentiu que era pra valer mesmo. Depois de tanto tempo, tanto esforço... ele era dela.
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