24 agosto 2006

Aí você pára e pensa que as coisas vão se acertar. O erro está aí, as coisas nunca vão se acertar. E a diversão começa.

10 agosto 2006

Realidade

Naquele exato momento ela percebeu que ele era o número dela, o homem perfeito. Levantou da cama, vestiu-se e ficou observando ele dormir enquanto toda a história deles vinha em flashes na mente dela. A história dos dois era uma sucessão de acasos que por acaso também, deu certo. E agora ele estava ali, dormindo e sorrindo... com o que será que sonhava? Ela achou melhor não especular; deixou um bilhete no criado-mudo e saiu. Ia se arrepender de ter deixado o ideal, mas seria melhor, já que a vida faria sentido com ele. Era melhor viver errante do que ter a responsabilidade de manter a felicidade.

04 agosto 2006

01 agosto 2006

Distrações

Resolveu ficar ali sentada, olhando o mar. A noite anterior havia amortecido todos os seus sentidos, não conseguia pensar em nada que não fosse ele. A idéia de talvez sentir a falta dele era aflitiva, não fora treinada para isso. Porque sim, gostar para ela era quase uma questão de treinamento, adaptação; se resumia em seguir etapas: conhecer-conversar-se interessar-demonstrar interesse-etc. E pular qualquer uma dessas etapas a deixava desnorteada, significava que não tinha mais o controle sobre si mesma, e perder o controle era inaceitável.
E foi justamente nesse clima de não-aceitação que o estranho apareceu, levando os pensamentos dela para outro plano. Naquele momento, pareceu a solução de todos os problemas: era confuso, contraditório e um tanto mal-intencionado, era o tipo cafajeste que ela tanto detestava. Falava em levá-la dali para conhecer outras praias, outra vida, prometia mundos e mal conseguia se sustentar em pé. Insistiu para que saíssem naquela noite, havia um bar ali perto em que poderiam beber, jogar conversa fora e talvez ele conseguisse levá-la de lá para a cama dele. Ela inventou uma desculpa qualquer e o fez engolir; queria ir embora o mais depressa possível para não começar a rir na frente dele. Quando finalmente o estranho se foi, já não se lembrava mais porque estava ali. Levantou-se e foi caminhar na praia.