Dirigi até me cansar, o que não foi uma longa distância levando-se em conta de que já passava das 4 da manhã e eu não andava dormindo bem há dias; os pés, inchados, latejavam e eu tinha dúvidas se conseguiria calçar as sandálias de salto fino de novo, mas de qualquer forma, desceria do carro, mesmo que descalça. Sempre há um certo charme decadente em andar descalça depois de uma noitada, com o olhar perdido de quem já olhou muitas cores, pessoas e situações na noite enfumaçada costumeira desses inferninhos que freqüento.
Aliás, ultimamente as noites andavam sendo comuns: as mesmas companhias em lugares diferentes, ambientes escurecidos, música, bebidas, um ou outro engraçadinho me puxando pelo braço e gracejando qualquer coisa estúpida e eu tentando me desvencilhar desse tipo de coisa sorrindo, às vezes um tanto ébria. Nunca gostei desses tipos que bebem um pouco e acham que podem tudo, chegam pegando... eu odeio que me peguem pelo braço, odeio um pouco mais sussurros sem sentido num ambiente em que não se consegue ouvir nada. Sim, eu sou uma mulherzinha ranzinza, mas ainda sou daquele tipo estranho que quer conversar, mesmo que seja numa danceteria pegando fogo às 3 da manhã e com várias cervejas na cabeça. Paciência.
Quando pensei em ir encontrá-lo já devia ser quase 5 da manhã e na minha cabeça tocava Led Zeppelin - na falta de som no carro, tenho mente com trilha musical - e eu seguia cantarolando Houses of the holy e rindo. É, parecia uma boa idéia, embora eu não soubesse o nome dele. Na verdade, isso até tornava as coisas mais divertidas. E fui.
Estacionei o carro no posto, já era tarde e tinha dúvidas se ele estaria por ali, mas eu já estava. Olhei meus pés e as sandálias, eles doeram um pouco, mas ainda assim couberam direitinho nelas. Olhei de novo - é, elas deixavam meus pés bonitos e eu bem mais feminina e menos desengonçada.
Saí do carro e ainda havia muita gente ali pro horário; alguns haviam saído de festas, alguns outros estavam ali a noite toda bebendo, se divertindo. Entrei na conveniência tentando ser forte e pensando em qualquer coisa que não fosse a dor nos pés. Como doíam, deus...
Alguns adolescentes tentavam comprar cerveja e vodka sem sucesso - naquela hora não estavam mais vendendo bebidas alcóolicas; os atendentes mandavam a criançada se dirigir a um trailer ali perto que ainda vendia cerveja naquele horário. E ali, do lugar de sempre, ele me avistou e sorriu. Sorri de volta e tentei disfarçar o nervosismo indo pegar uma coca-cola na geladeira. Aproveitei para fingir escolher mais alguma coisa, enquanto pensava se era isso que eu estava fazendo mesmo.
Ele saiu do balcão sorrindo e veio ao meu encontro, me abraçou e perguntou como andavam as coisas e porque eu havia sumido. Senti o corpo estremecer com aquele abraço e disse qualquer coisa protocolar sobre o meu suposto sumiço, enquanto pensava em como é que um estranho podia causar aquele tipo de reação em mim. As pernas bambas, o pensamento desordenado, a falta do que dizer... os pés nem latejavam mais.
Conversamos durante uma meia hora, não sei dizer sobre o que, mas ríamos e ele olhava diretamente nos meus olhos, como se soubesse o que eu queria e pensava naquele momento. Em certo momento me dei conta de que a coca-cola havia acabado e isso era sinal de que devia ir, mas não sabia ainda o nome dele. E o nome que me inquietava era Renato... Re-na-to, repetia comigo mesma. Senti meus pés doerem, era hora de ir. Mais um abraço, mas dessa vez sem qualquer tipo de sensação - já havia descoberto o que queria.
Olhei aquele homem pela última vez e saí do posto. Já no carro, tirei as sandálias e voltei a cantarolar Led Zeppelin. Nunca mais voltei.
Aliás, ultimamente as noites andavam sendo comuns: as mesmas companhias em lugares diferentes, ambientes escurecidos, música, bebidas, um ou outro engraçadinho me puxando pelo braço e gracejando qualquer coisa estúpida e eu tentando me desvencilhar desse tipo de coisa sorrindo, às vezes um tanto ébria. Nunca gostei desses tipos que bebem um pouco e acham que podem tudo, chegam pegando... eu odeio que me peguem pelo braço, odeio um pouco mais sussurros sem sentido num ambiente em que não se consegue ouvir nada. Sim, eu sou uma mulherzinha ranzinza, mas ainda sou daquele tipo estranho que quer conversar, mesmo que seja numa danceteria pegando fogo às 3 da manhã e com várias cervejas na cabeça. Paciência.
Quando pensei em ir encontrá-lo já devia ser quase 5 da manhã e na minha cabeça tocava Led Zeppelin - na falta de som no carro, tenho mente com trilha musical - e eu seguia cantarolando Houses of the holy e rindo. É, parecia uma boa idéia, embora eu não soubesse o nome dele. Na verdade, isso até tornava as coisas mais divertidas. E fui.
Estacionei o carro no posto, já era tarde e tinha dúvidas se ele estaria por ali, mas eu já estava. Olhei meus pés e as sandálias, eles doeram um pouco, mas ainda assim couberam direitinho nelas. Olhei de novo - é, elas deixavam meus pés bonitos e eu bem mais feminina e menos desengonçada.
Saí do carro e ainda havia muita gente ali pro horário; alguns haviam saído de festas, alguns outros estavam ali a noite toda bebendo, se divertindo. Entrei na conveniência tentando ser forte e pensando em qualquer coisa que não fosse a dor nos pés. Como doíam, deus...
Alguns adolescentes tentavam comprar cerveja e vodka sem sucesso - naquela hora não estavam mais vendendo bebidas alcóolicas; os atendentes mandavam a criançada se dirigir a um trailer ali perto que ainda vendia cerveja naquele horário. E ali, do lugar de sempre, ele me avistou e sorriu. Sorri de volta e tentei disfarçar o nervosismo indo pegar uma coca-cola na geladeira. Aproveitei para fingir escolher mais alguma coisa, enquanto pensava se era isso que eu estava fazendo mesmo.
Ele saiu do balcão sorrindo e veio ao meu encontro, me abraçou e perguntou como andavam as coisas e porque eu havia sumido. Senti o corpo estremecer com aquele abraço e disse qualquer coisa protocolar sobre o meu suposto sumiço, enquanto pensava em como é que um estranho podia causar aquele tipo de reação em mim. As pernas bambas, o pensamento desordenado, a falta do que dizer... os pés nem latejavam mais.
Conversamos durante uma meia hora, não sei dizer sobre o que, mas ríamos e ele olhava diretamente nos meus olhos, como se soubesse o que eu queria e pensava naquele momento. Em certo momento me dei conta de que a coca-cola havia acabado e isso era sinal de que devia ir, mas não sabia ainda o nome dele. E o nome que me inquietava era Renato... Re-na-to, repetia comigo mesma. Senti meus pés doerem, era hora de ir. Mais um abraço, mas dessa vez sem qualquer tipo de sensação - já havia descoberto o que queria.
Olhei aquele homem pela última vez e saí do posto. Já no carro, tirei as sandálias e voltei a cantarolar Led Zeppelin. Nunca mais voltei.
A compensação para os pés doídos foi a coca-cola ou a música de fundo cerebral???! he...brincadeira!
ResponderExcluirÓtimo blog!
Beijos Doces...
Adi
Ontem ouvi Led e pra variar, lembrei de ti.
ResponderExcluirTanta saudade.
Preciso falar algo sobre o texto?
Beijo.