Ali, sentada diante dele, não sabia o que dizer. Ironicamente, no dia em que eu deveria falar todas as coisas que imaginei, pensei e ensaiei durantes anos, só conseguia balbuciar algumas palavras sobre o tempo e fazer gracinhas sem sentido algum. Meus joelhos doíam por conta de um tombo que havia levado há alguns minutos, minha cabeça latejava e o clima tenso me fazia pensar que tudo que o eu queria era realmente desaparecer daquele lugar. Desaparecer pra ele num piscar de olhos e não aparecer nunca mais.
Havia me imaginado diante dele em mil situações, mas nenhuma delas sequer chegou perto da sensação real daquele momento, o misto de angústia, raiva, felicidade, a tensão insuportável no ar. A vontade de atrair num abraço apertado e beijo lascivo combinada com a vontade de repelir num tapa, num empurrão. Nossa história como um filme em questão de segundos; os dois últimos anos martelando incensantemente no cerébro e pulsando em cada centímetro da minha pele: o clímax das discussões iam e voltavam na minha mente enquanto eu olhava fixamente nos olhos dele, sorria e batia as unhas compridas e vermelhas na mesa daquele bar, num ritmo irritante. Dizia coisas sem nexo, sentindo a tensão e o desconforto dele durante as respostas, os desvios de olhar. Nunca uma simples coca-cola me pareceu tão intragável e rascante como naquele momento; o primeiro trago me fez ter vontade de jogar todo o resto nele e sair dali sorridente. A vingança mesquinha por aquelas sensações.
Fecho os olhos e não consigo me lembrar da cor exata de seus olhos e nem do formato das mãos, mas me lembro do sorriso... talvez porque nunca o tivesse visto. Não me lembro exatamente do que conversamos - só me vem a mente frases soltas, sem sentido. Mas todas as sensações vêm à tona como se estivéssemos naquele encontro ainda: o frio percorrendo a espinha, pensando que se pegasse naquelas mãos, talvez não tivesse mais volta pro bem ou pro mal. O esforço sobre-humano para parecer minimamente equilibrada e fria. O desconforto nos olhos dele. O desejo tenso em cima daquela mesa de bar. Meu desequilíbrio ao perguntar se ele ainda brigaria só um pouco comigo para me fazer feliz. O riso sem graça dele. As unhas batendo na mesa. Sanha de possuí-lo e ao mesmo tempo, sair dali. Esquecer, apagar, fingir que nunca existiu. Cabeça e joelhos latejando. As mãos e olhar parados dele. Vontade inquieta de sentir aquelas mãos. Partir.
O tempo dele e aquele encontro haviam acabado. Despedida insossa. Abraço apertado, beijo. Vontade de não soltar, de beliscar sua barriga, apertar suas mãos. Desconforto. Querer desmaterializar. Outro beijo, um não. Pergunta estúpida sobre eu estar bem. Dizia mentalmente que não enquanto sorria. Sanha pelo proibido naquele exato momento. Tensão. Algumas outras frases de encerramento. Simplesmente dar as costas e ir. Não consegui. Ele se foi pisando duro, sem olhar para trás e eu sorria. Agora que realmente havia partido, o queria sem repelir. Quanto a ele, nunca saberei suas sensações sobre aquele encontro. Talvez também fosse atrair, repelir, sumir. Talvez fosse só o desconforto. Talvez fosse só o desejo.
Havia me imaginado diante dele em mil situações, mas nenhuma delas sequer chegou perto da sensação real daquele momento, o misto de angústia, raiva, felicidade, a tensão insuportável no ar. A vontade de atrair num abraço apertado e beijo lascivo combinada com a vontade de repelir num tapa, num empurrão. Nossa história como um filme em questão de segundos; os dois últimos anos martelando incensantemente no cerébro e pulsando em cada centímetro da minha pele: o clímax das discussões iam e voltavam na minha mente enquanto eu olhava fixamente nos olhos dele, sorria e batia as unhas compridas e vermelhas na mesa daquele bar, num ritmo irritante. Dizia coisas sem nexo, sentindo a tensão e o desconforto dele durante as respostas, os desvios de olhar. Nunca uma simples coca-cola me pareceu tão intragável e rascante como naquele momento; o primeiro trago me fez ter vontade de jogar todo o resto nele e sair dali sorridente. A vingança mesquinha por aquelas sensações.
Fecho os olhos e não consigo me lembrar da cor exata de seus olhos e nem do formato das mãos, mas me lembro do sorriso... talvez porque nunca o tivesse visto. Não me lembro exatamente do que conversamos - só me vem a mente frases soltas, sem sentido. Mas todas as sensações vêm à tona como se estivéssemos naquele encontro ainda: o frio percorrendo a espinha, pensando que se pegasse naquelas mãos, talvez não tivesse mais volta pro bem ou pro mal. O esforço sobre-humano para parecer minimamente equilibrada e fria. O desconforto nos olhos dele. O desejo tenso em cima daquela mesa de bar. Meu desequilíbrio ao perguntar se ele ainda brigaria só um pouco comigo para me fazer feliz. O riso sem graça dele. As unhas batendo na mesa. Sanha de possuí-lo e ao mesmo tempo, sair dali. Esquecer, apagar, fingir que nunca existiu. Cabeça e joelhos latejando. As mãos e olhar parados dele. Vontade inquieta de sentir aquelas mãos. Partir.
O tempo dele e aquele encontro haviam acabado. Despedida insossa. Abraço apertado, beijo. Vontade de não soltar, de beliscar sua barriga, apertar suas mãos. Desconforto. Querer desmaterializar. Outro beijo, um não. Pergunta estúpida sobre eu estar bem. Dizia mentalmente que não enquanto sorria. Sanha pelo proibido naquele exato momento. Tensão. Algumas outras frases de encerramento. Simplesmente dar as costas e ir. Não consegui. Ele se foi pisando duro, sem olhar para trás e eu sorria. Agora que realmente havia partido, o queria sem repelir. Quanto a ele, nunca saberei suas sensações sobre aquele encontro. Talvez também fosse atrair, repelir, sumir. Talvez fosse só o desconforto. Talvez fosse só o desejo.
mas venha sem fantasia, que da noite pro dia vc não vai crescer
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