26 setembro 2009

Histórias para a posteridade

"Vovó se drogava, mas se formou!"


Sim, eu pretendo um dia dizer isso aos meus netinhos, quando eu estiver mostrando a eles o meu álbum de formatura em direito. E do alto dos meus sessenta e poucos anos (ou mais), isso vai me ser permitido sem culpa, e também, até lá, os pais deles já vão estar acostumados o suficiente com as excentricidades da própria mãe para não encher o saco quando nas minhas crises de sinceridade, contar pras crianças como é que vovó se divertia na pacata Aparecida.

Calma, gente! Vovó não se drogava e fazia sexo com estranhos em lugares suspeitos! Mas a vovó aqui já vai ter feito coisas o suficiente para que esse tipo de história não interfira no julgamento que fazem dela... o tal do nome a zelar(pelo menos eu espero que não).

Uma das melhores coisas no envelhecimento é o discernimento de que suas experiências não te tornam uma pessoa melhor ou pior, elas simplesmente fazem parte de você, especificamente de quem você é. Nesse sentido, com a maturidade e o passar dos anos, conseguimos rir mais de nós mesmos e encarar nossas bad trips com mais leveza e menos vergonha de admitir os próprios erros. E aí a coisa se torna divertida porque o julgamento alheio se torna secundário(quando se torna alguma coisa), e o resto não importa. E eu não sei vocês, mas eu pretendo rir muito contando minhas histórias estranhas pros meus netos, mesmo que seja sob protestos dos pais deles("Vovó está é gagá, não sabe o que diz!"). Se eles vão rir ou vão conseguir absorver alguma coisa positiva, já é outra história, que provavelmente eles vão contar na posteridade pros filhos ou netos deles.

18 setembro 2009

Miopia d'alma?

Sabe quando você vê um conhecido na rua e dá aquele mega aceno e a pessoa nem tchuns? E você fica ali, naquele vácuo, rezando pra que ninguém te ache louco e morrendo de vergonha...?
É, pois é. Essa sensação é horrível.

Porém, muito pior é você demonstrar carinho pra alguém que não tá nem aí. O ridículo é cem vezes pior porque, bom, se uma pessoa não te vê, ela simplesmente estava distraída, ou é míope, ou tava longe ou outras mil coisas bobas. Ela podia até estar te ignorando, mas acaba por não fazer diferença, porque você nunca vai saber se foi esse o caso.

Agora, quando alguém simplesmente ignora um carinho seu, bom, é miopia de sentimentos, na melhor das hipóteses. Você tá ali que nem idiota se desmanchando pela pessoa e ela tá fazendo cara de paisagem... ou pior, finge que não é com ela e desconversa. Isso geralmente me faz sentir duplamente ignorada: a pessoa ignora uma atitude e isso leva a seguinte: ignora uma atitude sua, ignora você como um todo. Ou seja: você, nada ou uma samambaia surtem o mesmo efeito sobre aquele ser tirano e sem coração. E aí tem o vácuo, que nesse caso acaba por ser um abismo entre o ser e você.

E inexplicavelmente, nessas horas eu me sinto ri-dí-cu-la, fora a sensação de estar perdendo meu tempo e a vontade de nunca mais trocar palavra com a pessoa. Odeio descaso com o sentimento alheio. Odeio.

E vocês, o que me dizem?

13 setembro 2009

Lover, you should've come over*

Não, seja sensato... acabou. Naquele exato momento em que desliguei o telefone. No momento em que o silêncio e a distância se fizeram mais necessários do que qualquer palavra/sentimento dita/expressado entre nós.
Acabou... a partir do momento em que decidi que podia andar sozinha, sem você como sombra, me rondando, cercando onde quer que eu fosse. Estando no meu pensamento, entre minhas companhias, entre meus lençóis com outros.
A partir daquele momento foi tarde para qualquer coisa - nenhum de nós jamais poderia ter partido para onde quer que fosse sem o outro. E partimos, não? Sobrevivemos... outra vida, outras pessoas, outros lençóis.
Eu não devia sentir a sua falta, mas senti. Muito, aliás. Nos meus dias bons... nas noites solitárias, nas situações corriqueiras. Eu precisava que você estivesse ali comigo... fazendo o que quer fosse, mesmo que isso fosse você mordendo meu pescoço e dizendo que era pra eu relaxar, que tudo ficaria bem.
Num desses dias de saudade, procurei você, na esperança de reencontrá-lo como antes e seguir em frente. E talvez porque me amasse, você voltou. E tivemos dias bons, dias ruins e apenas dias. 
Tive uma sensação de felicidade estranha - você era meu de novo. O que eu não percebi foi que - sim, talvez você seja meu, porém, eu não sou mais sua, mesmo me jogando descaradamente nos seus braços. Porque talvez, você possa até ser o mesmo que amei, mas eu sou outra. E isso torna tudo diferente: a sensação nunca mais vai ser a mesma. Porque o talvez-você-ainda-seja-o-mesmo vai se transformar em uma sombra e, por mais que eu permaneça com você, somos outros, e diferentes. Não vai adiantar se esforçar, a sensação de estar um com o outro nunca mais vai se repetir. E por mais que eu tenha medo de me arrepender, o melhor a fazer é ir embora. É te deixar e não voltar.
Sim, somos jovens, e por isso mesmo... temos a vida toda pela frente para sermos quem quisermos... com outros. Por favor, vá. E feche a porta. Tudo tem um fim, por mais que pareça que nunca vai acabar.






* - Jeff Buckley.

10 setembro 2009

Andar na montanha russa

Sou uma pessoa com o espírito incrivelmente livre e como consequência disso, um tanto aventureira (paro por aqui para um adendo: aventureira NÃO é sinônimo de puta - embora o lado vulcão porra-louca, sou caretésima, faço sexo por amor, aprecio um romance básico, gosto de flores e me apaixono perdida e monogamicamente). Mas, como todo ser passional e livre, tendo a me jogar onde acho que vai ter adrenalina - sou viciada em viver, sentir, me emocionar. Encaro cada pessoa como uma sensação nova a ser descoberta, provada - e vou fundo.
A questão é - sou assim. Na verdade, eu queria mesmo era ser um pouco mais o vulcão que a ala masculina geralmente pensa que sou(descobri recentemente que a ala feminina também pensa da mesma maneira, para o meu desespero). O que nem todo mundo sabe, talvez só os mais próximos, é que tenho cuidado em lidar com as pessoas, sou extremamente responsável por todo tipo de sentimento que cativo(seja uma paixão avassaladora ou um odiozinho básico ou qualquer outra coisa que envolva mais um), e me recuso expressamente a ser vítima em qualquer situação(aliás, acho que se fazer de vítima das pessoas/circunstâncias é uma fraqueza moral quase imperdoável). E é aí que entra o ponto: ultimamente tenho achado incrível a falta de responsabilidade alheia no trato com o sentimento dos outros. As pessoas tentam se relacionar sendo omissas, mentindo e expondo os outros a situações desncessárias. Sem dar ao outro ao menos o direito de escolha, de a pessoa saber ou não se quer andar na montanha russa. E eu realmente acho isso uma falta de senso do caralho, pra não dizer que também não deixa de ser uma falha de caráter. Ou, muito pior, as pessoas simplesmente se jogam sem pensar em nada e depois se fazem de vítimas de uma situação que elas mesmas criaram.
E observando e vivenciando esse tipo de coisa(quero me blindar com as roupas de Jorge), além da revolta básica que me faz ter vontade de esganar alguém, eu só consigo pensar "Para essa porra, que eu quero descer!". E bate um desânimo generalizado em relação aos seres humanos. E ao mesmo tempo, isso me dá ânimo, porque como boa aventureira(e pessoa doentiamente otimista) que sou, sempre há sensações novas a serem descobertas. E sempre haverão sensações verdadeiras, mesmo que elas estejam escondidas no pote no final do arco-íris.
É, é isso. Precisava falar.

09 setembro 2009