03 junho 2005

Inferno

Você dorme profundamente e de repente acorda num inferninho, completamente de porre. O ambiente é escuro, abafado, as pessoas riem, bebem, cantam num clima de celebração. Eles comemoram o nada, todas as drogas e formas de sexo são permitidas. Seus olhos se acostumam com o ambiente e você enxerga um homem velho, franzino. Algo faz você ir até ele e estender a mão, e ele te guia no meio daquela zona, entre os corpos nus, ouvindo uma música ensurdecedora. Você percebe que entre tantas pessoas, ele é o único velho ali, talvez o mensageiro ou coisa que valha.
O mensageiro te leva até um beco e lá você encontra um homem de aproximadamente 30 anos, moreno, corpo musculoso e uma expressão que varia entre cafajeste e o mais inocente dos rapazes; ele te cumprimenta com a cabeça e sorri. O mensageiro diz no seu ouvido que ele é o dono do lugar e tem uma tarefa para você, e deixa você sozinha ali, com aquele homem.
O dono não diz nada e simplesmente te entrega um envelope branco com o seu nome e uma carta. Você lê a carta atentamente, são as instruções para convivência naquele local. Ele avisa que a partir daquele momento, você não pode mais sair dali, sob pena de não poder voltar nunca mais. Você sorri, já que a idéia de ficar é extremamente atraente. Ele se despede e desaparece no escuro do beco.
Agora essa é a sua vida, você sai do beco sem rumo, vê alguns rostos que julga conhecidos, mero engano. Ninguém conhece ninguém, não há mais nomes, não há individualidade. Só há o prazer, sob todas as formas. Alguém te indica onde fica o bar. Vodca dupla, pura. Um sujeito passa oferecendo drogas de todos os tipos, você aceita um baseado pra começar. Um casal vem em sua direção, te convidando para o sexo, você não aceita. Eles te explicam que ali ninguém pode se recusar, a não ser o mensageiro e o dono. Você acha divertida essa idéia e vai...
Todos os seus dias são iguais, diversão, bebida, sexo, drogas em excesso. Mas você não quer parar, não tem vontade de sair dali, já é mais um escravo. Até o dia em que se lembra da outra vida que viveu. Há sincronicidade entre a lembrança e o súbito aparecimento do dono na sua frente. Ele fala que a decisão é sua, mas você sabe que se escolher sair, não pode mais voltar. Você escolhe sair. Ele sorri e te dá um copo d’água. Você bebe e apaga.
Acorda em um lugar escuro, úmido, apertado. Um útero. Você não sabe o que te espera...

4 comentários:

  1. Hmmm, que visão pós-moderna.
    8 )

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  2. Anônimo7:54 PM

    É por isso que a esperança é intrínseca. Mesmo no desconhecido.

    Beijinho!

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  3. Anônimo3:25 PM

    Inferno... Satã... Escuridão... O bom é que no final, sempre acordamos do sonho ou pesadelo...?
    Smack!

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  4. Anônimo11:45 PM

    Hummm...e pensei que não fosse mais ter surpresas na vida. Beijo. Little.

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