E Heath Ledger foi encontrado morto em seu apartamento. Especula-se que possa ter sido suicídio ou overdose. E tinha apenas 28 anos. Bonito, muito bonito, mas isso não vem ao caso.
Vendo este tipo de notícia e pensando que possa ser overdose, penso na sensação de imortalidade que a gente sempre tem quando faz merda. E no quanto ela ajuda o lado auto-destrutivo de cada um a se afundar cada vez mais... a sempre acelerar, tomar mais um trago, passar mais uma noite ao lado de um desconhecido, comprar mais um cd de sertanejo, fumar mais um baseado... sem pensar que talvez há um depois. Um depois como o da euforia alcóolica... aquela ressaca infernal, os flashbacks desordenados de coisas que talvez não tenham acontecido da maneira como você se lembra, a boca amarga e a constatação de que a vida continua a mesma vidinha de sempre.
Os ciclos costumam se repetir, a necessidade é sempre maior que os riscos que você corre. Aliás, como você é imortal, você não corre riscos. E tudo que te dizem realmente é bobagem porque você invariavelmente tem razão e sabe o que faz. E a sensação... ai!
Com a idade, experiência, terapia ou cansaço as pessoas vão se aquietando, perdendo o ímpeto. Se descobrem mortais de uma maneira ou de outra - quando o corpo começa a dar sinais de cansaço, quando alguém próximo morre... e é hora de criar juízo, de consertar, de se contentar com prazeres amenos.
Se é que foi overdose mesmo, Heath se perdeu no meio do caminho, pensou ser demasiadamente imortal. E essa é justamente a grande ironia... quando pensamos ser imortais, somos demasiadamente humanos - e erramos. Algumas vezes têm volta, outras não. E o grande barato é esse.
É... Nietzsche tb dizia isso... Somos humanos, demasiadamente humanos...
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