23 agosto 2005

A teoria da roceira

Quando eu tinha uns 17 ou 18 anos, não me lembro ao certo, era cheia de teorias e idéias a respeito da vida e do futuro que me esperava. Partilhava as mesmas idéias comigo, uma amiga muito querida; passávamos as tardes discutindo e fazendo planos pros próximos meses, anos... Ela se formaria em jornalismo e eu em direito, moraríamos juntas, teríamos uma cafeteira e vários primos viriam nos visitar nas festas em que faríamos no nosso apartamento.
O tempo foi passando e o futuro foi se transformando em uma realidade muito diferente daquela que tínhamos imaginado. Ela engravidou - sou madrinha da filha dela(como havíamos prometido uma a outra), se tornou PM, está noiva e acredito que seja feliz. Depois de muita porra-louquice, eu entrei em direito, larguei, fiz quase um ano de jornalismo, larguei e voltei pro curso que realmente é meu amor - o direito. Tenho momentos de felicidade - sem reclamações, não acredito em felicidade contínua, e ando tocando o barco.
Daquela época, só sobraram as boas lembranças e a teoria da roceira: na época, o ideal era ser uma daquelas meninas que moram n'algum fim de mundo, que naquela idade, provavelmente já estaria casada e feliz com algum conhecido de longa data. E a felicidade toda se resumiria na "vidinha": maridinho, filhos, trabalho doméstico, fofocas com a vizinha e assistir a novela das 8. Sem perspectivas, sem horizontes, mas feliz.
Não nascemos uma dessas meninas, cada uma fez o que quis com o seu destino. Às vezes me questiono se poderíamos ter sido mais felizes ou ter feito coisas diferentes, mas sempre acabo concluindo que, independemente da situação, o melhor momento da vida é sempre aquele que estamos vivendo. Particularmente, vivo um momento excepcional, tenho consciência de quem e do que sou, e do que quero. Não tenho uma "vidinha", nem a vida que imaginava que teria, mas pelo menos não tenho que assistir América, e me sinto muito feliz assim.

3 comentários:

  1. Anônimo6:26 PM

    Lindo... Senti uma pitada de nostalgia, ou estarei imaginando 'cousas'? Vejo a cada dia uma nova Lígia, e cada uma delas, enorme como ser humano, crescendo numa rapidez que por vezes preciso segurar-me à ela, pra
    não ficar muito na rabeira... Sobretudo a Lígia que me encanta, é a que decidiu ser feliz, arriscar, chorar, sofrer, experimentar... A que decidiu viver, e como o termo
    indica; o 'presente'... E o que virá depois? Ah! Meu amigo só o vento dirá.. Como profetizou Bob Dylan... Smack!

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