06 fevereiro 2007

(des)aparecer

Não o via há mais de um ano; na verdade pensava que não o encontraria nunca mais até aquela noite. Ele mantinha o mesmo jeito tímido de quando se conheceram e o mesmo sorriso sem-graça, que continuava a não inspirar nenhum tipo de pensamento nela. Cumprimentaram-se, ele a beijou, ela sorriu. Perguntou como ela estava, observou que há tempos não se viam. Ela estava completamente diferente da última vez, havia um brilho diferente em seu olhar, como se procurasse algo. Olhos de caçadora, pensou. Ela perguntou como estavam as coisas. Em seu íntimo, torcia para que ele desse qualquer resposta curta e genérica para ela encerrar a conversa com algum comentário banal. Foi o que ele fez, disse que tudo estava bem. Ela ficou aliviada e sorriu. Ele emendou dizendo que ela nunca mais havia aparecido. Ele havia deixado de ser tão previsível, pensou. Ela disse que andava sem tempo, que nunca mais tinha aparecido mesmo e sorriu. Pensava consigo que nunca mais apareceria mesmo, embora houvesse uma discreta e boa recordação do tempo que passaram juntos - somente braços fortes; no mais ele não a interessava. Ele se despediu olhando nos olhos dela, convidando-a a aparecer. Achava-a intrigante, tinha vontade de repetir a dose. Ela desviou o olhar, o beijou, disse que apareceria sim. Com um sorriso, deu-lhe as costas. E desapareceu para sempre.

Um comentário:

  1. Anônimo11:48 PM

    Pra sempre é tanto tempo... No meu calendário ainda não tem essa data, esse tempo... Me empresta?
    Te amo!

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