24 setembro 2007

Ele...

O sono ainda não veio e realmente estou cansada de ficar virando na cama, como se meu sono dependesse exclusivamente de uma posição ideal. Várias idéias e pensamentos povoando minha mente de maneira caótica como sempre.
E ele veio perturbar o sono que nunca vai chegar. Há quantas horas nos falamos? Perdi as contas... mas sempre parece que ele se foi há muito tempo. É a sensação de se sentir abandonada numa casa no meio do nada... você vê a pessoa sumindo no horizonte e não pode fazer nada, não consegue nem gritar pra ela voltar e também não pode ir atrás porque a essa altura, você já não consegue mais avistar nem o rastro dela.
Ele se vai e sempre deixa alguma coisa... tenho várias lembranças, marcas. Boas, ruins ou somente lembranças, daquelas que surgem do nada e você não sabe o porquê de elas surgirem.
Às vezes ele se vai e eu fico esperando, obediente. Às vezes ele se vai e eu vou também, olhar o tempo, ver outras coisas, mas logo volto - não consigo ficar muito tempo longe dele. Às vezes eu me vou e ele fica; o que acontece nessas vezes, talvez eu nunca vá saber. Mas saber o que ele fez como maneira de vigiá-lo pouco me importa. Quero saber o que ele fez porque me parece interessante.
Ainda não consigo adivinhá-lo. Sempre calo quando ele me adivinha, mas ele sabe. Ele sempre sabe... e sempre me encosta na parede. Raramente consigo fugir, ele consegue ser mais forte com nenhum esforço. E eu tenho medo dele. Muito medo.
Consegui mostrar um monte de defeitos e falhas pra ele, mas parece que não funcionou. Não consegui ser repelente o suficiente. Tinha que ter funcionado com ele. Funcionou com todos os outros, oras.
Nos consumimos em nossos temperamentos. Discussões, brigas, pazes, dias normais, dias anormais. Não temos bons dias, acho. Temos dias intensos, fazendo curvas de montanha-russa. Mas ele tem dias de sossego, dias em que está especialmente divertido. Dias em que me deixa preocupada porque não está bem - nesses dias invariavelmente me vem a mente um abraço apertado, um carinho. Dias empolgados. Dias muito meigos que eu acho lindos. Dias em que é melhor não chegar perto, porque sai faísca. Mas geralmente procuro as faíscas. Às vezes elas aparecem sem eu procurar.
Ele faz eu me sentir muito menininha, fragilzinha - eu odeio isso. Divido muitas coisas com ele que não divido com mais ninguém, coisas que conto sem perceber. É um dos sinais que indicam que já não posso fazer muita coisa... porque a guarda já foi baixada há tempos. Mais uma vez eu tento fugir, mas nunca dá. Parece que os braços são enormes. E eu sempre sinto a falta dele.
Há uma reunião de uma porção de eles num só. E eu gosto de todos eles. E aprendi com algum desses eles a entender e a aceitar o silêncio. Porque a minha tagarelice costuma servir pra uma coisa só: fugir. Porque sou assim. E porque tagarelar desvia a minha própria atenção, pra não ver que não dá pra evitar o inevitável. Uma hora a gente tem que ceder. Mesmo que não saiba como fazer isso. E como recompensa, o sono virá independentemente da posição.

Um comentário:

  1. ... Um dia decide-se pelo fim. Aí é apenas mais um recomeço.
    ;)

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