06 maio 2007

O Papa tá na área

A minha querida e aprazível cidade está em polvorosa com a vinda do Papa Bento XVI, que é um acontecimento e tanto, diga-se de passagem. O comércio em geral vem se preparando para isso desde o meio do ano passado, mais ou menos - vários hotéis se modernizaram, arrumaram as fachadas, treinaram pessoal e tudo o mais, coisa que considero muito positiva para o turismo daqui, haja vista que nunca conheci ninguém que tivesse vindo à Aparecida e elogiasse qualquer tipo de serviço prestado na cidade. Do alto da minha pouca e porca experiência no comércio aparecidense, posso dizer que o que mais se faz aqui é explorar o pobre do romeiro. Atende-se mal, cobra-se caro e ponto. Claro que eu não posso generalizar e tenho que dizer que a mentalidade vem mudando muito discretamente há alguns anos, há bons avanços, até. Há 15-20 anos, o que mais se fazia era apinhar 10 pessoas em um quarto de hotel com banheiro coletivo no corredor, e era servida uma comidinha meia-boca nos restaurantes. Tudo bem que o preço nunca foi lá essas coisas de alto, mas convenhamos, alguém tratado em condições assim não volta nunca mais. Pelo menos eu não voltaria. Uma das justificativas era que os turistas que vêm pra cá, têm baixo poder aquisitivo. Mas de uns anos pra cá isso foi mudando. O romeiro que vem pra cá agora pode até não ter tanta instrução, mas tem tv, ou seja, alguma informação. Quer quarto com tv, banheiro e tudo que tem direito, nem que tenha que pagar um pouco mais caro - afinal de contas, alguns juntam dinheiro o ano inteiro pra poder viajar pra cá. Disso resultaram várias reformas em hotéis e restaurantes, melhoria no atendimento - mas está longe do ideal.

A cidade em si não tem muitos atrativos para o turista(na verdade, nem para quem mora aqui), fora o roteiro religioso. Há um ou outro barzinho e restaurante para se ir durante a noite, por exemplo. Não há danceterias, só uns forrós; o último cinema que ficava num parque de diversões aqui fechou há mais de ano(aliás, o parque também). Ou seja, quem vem a Aparecida geralmente se contenta com o passeio religioso e depois faz compras no Centro de Apoio, que é o "shopping dos romeiros", no comércio central e na feira instalada na Avenida Monumental - nesses três lugares se vende toda espécie de coisas - de santos a contrabando(a Polícia Federal que o diga). Basicamente é isso.

E do começo do ano pra cá, Aparecida foi do simples alvoroço pro estado de caos. Obras e mais obras na cidade, que vem melhorando visualmente de uns anos pra cá - justiça seja feita. Não sou bem informada a ponto de saber como andam as coisas politicamente, mas uma cidade turística tem que ter aparência e essa vem melhorando faz algum tempinho(claro que não sei a que preço). E de um mês pra cá, não há um morador que não esteja de saco cheio com a quantidade de obras - é gente trepada em poste pra trocar a luz da cidade, é calçada quebrada pra fazer calçadão, é rua impedida pra asfaltar, gente pintando sarjeta, faixa, muros... ou seja, moramos em um canteiro de obras. O que resulta nesse último mês em trânsito parado na cidade toda o dia todo. E o povo trabalhando sábado, domingo, feriado, a noite, na chuva, sol ou furacão em ritmo acelerado, já que agora falta menos de uma semana para o evento.

O comércio, como já disse, está se preparando para o movimento dos dias da visita do Papa, mas ninguém tem informações do que vai ou não funcionar quando ele estiver aqui. Ninguém sabe ao certo, por exemplo, se a feira vai funcionar, se o Centro de Apoio vai funcionar. Só se ouvem boatos. E por enquanto, fica por isso. Há receio de vir pouca gente, pois em 1980, quando o Papa João Paulo II visitou a cidade era esperada a vinda de uma quantidade x de pessoas e o comércio se preparou. No final das contas, o movimento foi pequeno e muita gente teve prejuízo, pois perdeu mercadoria, comida que havia estocado pra atender os romeiros.

Um outro ponto nesse caos todo é uma quase epidemia de dengue na cidade, porque claro, a situação sempre pode piorar um pouco. Havia 104 casos registrados até sexta-feira, faltando 4 apenas para uma epidemia. Disso resultou que essa semana, o pessoal da Sucen andou passando pelas casas dedetizando tudo(valeu, meninos, minha sinusite agradece!). Antes da Sucen, até a PM tinha participado de um esquema para prevenção da dengue nas casas.

Essa é só uma parte do que anda acontecendo por aqui, não citei o trabalho do exército e muitas outras coisas - é como se outra cidade estivesse se reerguendo só para a vinda do Papa. Até um conhecido abriu um bar que vai funcionar só por esses dias e o nome do bar, bem, é o título deste post. Há de tudo por aqui...

Não sei se isso tudo vai mudar muita coisa na cidade depois que o Papa for embora, não sou tão esperançosa assim e não tinha nascido quando o outro veio para constatar alguma coisa. Uma coisa eu sei - quero que isso acabe logo para poder voltar a morar na minha cidadezinha interiorana de sempre e ter sossego, já que moro bem no centro da cidade. Por enquanto, sou da opinião de que vai ser o caos nesse final de semana agora e logo depois vai voltar tudo a ser como era antes. Como não sou católica, realmente não vou me dar ao trabalho de sair daqui pra ver nada nem ninguém. Vou ficar só da minha janela, olhando. Aliás, o Papa vai passar numa rua aqui do lado, e tenho uma boa visão da janela de casa. Isso me basta por enquanto. Na verdade, estava até pensando em montar uma lojinha de ocasião aqui na frente... porque ninguém é ferro. E o Papa tá na área.

2 comentários:

  1. Anônimo1:11 AM

    O medo que faz é sua casa ser invadida por uma montanha de câmeras, microfones q captam o som à longa distancia, luzes, cabos, fios e gente de todo jeito...
    E o tédio que vai ser isso pra ti?
    Vem pra Olinda, que achas?
    ;-)

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  2. Conforme-se em saber que algumas benfeitorias serão (relativamente) duradouras; vai-se o Papa, ficam as obras que a prefeitura realizou. Mesmo que às pressas...

    Pior foi uma coisa que a população apelidou de "Disk-Mendigo", quando da vinda do João Paulo II aqui. Era um nº para o qual vc ligava para denunciar a presença de indigentes nas ruas. Sacou? Chegava o Papa e via a cidade limpinha, sem nenhum mendigo, uma beleza!

    Foi-se embora o homem, soltaram todos os maltrapilhos novamente nas ruas...

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