...Se eu fosse libertar o que está preso...
03 dezembro 2007
Descoberta...
Eu realmente não sei se é porque ultimamente eu ando tendo mais contato com crianças ou se é o tal do relógio biológico que resolveu funcionar... mas duns tempos pra cá, eu ando adooorando criança. Acho o máximo, lindo e etc. Tou ficando maternal. Meeedo de mim.
01 dezembro 2007
Eu sou uma lástima organizacional... em compensação, sofro de um otimismo quase doentio em relação a tudo. Então, decidi listar coisas que eu pretendo fazer a fim de organizar e tornar a minha vidinha menos monótona nas minhas lindas férias universitárias:
- Lavar o lixomóvel
- Ir pra Ubas
- Encontrar o meu imrão lindooooo e dar um abraço de urso nele
- Desentulhar a tranqueirada do meu quarto
- Tornar o meu quarto um local habitável
- Pintar as paredes e o teto
- Redecorar
- Ir pro Hopi Hari (maldito Weather channel)
- Visitar amigos e parentes que não vejo há tempos
- Ir pra Monteiro Lobato
- Tirar centenas de fotos de Popeland (projetinho antigo)
- Tirar a segunda via de todos os meus documentos
- Fazer dois tipos de exercício físico durante um mês (caminhada e qualquer outra coisa que não seja fumar e beber) (O plano de sofrer de alcoolismo crônico atrapalhou este...)
- Descobrir uma birita nova - Mojito!
- Arrumar uma paixão de verão e sofrer por ela (pula essa parte)
- Baixar uma discografia inteira de uma banda que eu não conheça
- Gravar todos os cds com fotos e música que eu prometi pras pessoas
- Ir trabalhar a pé
- Tomar muito sol pra ficar com aquela cor lindaaaa que eu amo tanto (Pedrão colaborar comigo que é bom... NADA!!!)
- Ler os livros que emprestei há mais de ano e ainda não devolvi
- Organizar pelo menos duas festas (Uma! Mas tá valendo)
- Fazer uma progressiva na carapinha (Descobri foi o Ju, que dotou meu cabelo de sentido)
- Não fazer promessa de ano novo
- Não deixar assuntos pendentes para o próximo ano
- Aprender a cozinhar coisas novas
- Voltar pra terapia
- Comprar um vestido trapézio
- Escrever mais
- Dar um jeito no meu computador
- Fazer outro piercing
E claro, tirar uma foto bêbada e agarrada no Padre Anchieta em Ubas.
É, acho que é só. Por enquanto.
- Lavar o lixomóvel
- Ir pra Ubas
- Encontrar o meu imrão lindooooo e dar um abraço de urso nele
- Desentulhar a tranqueirada do meu quarto
- Tornar o meu quarto um local habitável
- Pintar as paredes e o teto
- Redecorar
- Ir pro Hopi Hari (maldito Weather channel)
- Visitar amigos e parentes que não vejo há tempos
- Ir pra Monteiro Lobato
- Tirar centenas de fotos de Popeland (projetinho antigo)
- Tirar a segunda via de todos os meus documentos
- Fazer dois tipos de exercício físico durante um mês (caminhada e qualquer outra coisa que não seja fumar e beber) (O plano de sofrer de alcoolismo crônico atrapalhou este...)
- Descobrir uma birita nova - Mojito!
- Arrumar uma paixão de verão e sofrer por ela (pula essa parte)
- Baixar uma discografia inteira de uma banda que eu não conheça
- Gravar todos os cds com fotos e música que eu prometi pras pessoas
- Ir trabalhar a pé
- Tomar muito sol pra ficar com aquela cor lindaaaa que eu amo tanto (Pedrão colaborar comigo que é bom... NADA!!!)
- Ler os livros que emprestei há mais de ano e ainda não devolvi
- Organizar pelo menos duas festas (Uma! Mas tá valendo)
- Fazer uma progressiva na carapinha (Descobri foi o Ju, que dotou meu cabelo de sentido)
- Não fazer promessa de ano novo
- Não deixar assuntos pendentes para o próximo ano
- Aprender a cozinhar coisas novas
- Voltar pra terapia
- Comprar um vestido trapézio
- Escrever mais
- Dar um jeito no meu computador
- Fazer outro piercing
E claro, tirar uma foto bêbada e agarrada no Padre Anchieta em Ubas.
É, acho que é só. Por enquanto.
27 novembro 2007
É muita informação pra minha cabeça...
... e tou ficando velha. Estava me lembrando hoje que eu sou do tempo da datilografia; aprendi a escrever à maquina numa Olivetti do tempo do meu pai, que tinha as teclas cobertas por adesivos e vivia com o carro emperrado, um luxo. Tempos depois tive minha própria Olivetti, verde, portátil que até hoje não sei onde foi parar. Achava o máximo entregar trabalho na escola batido à máquina e fiquei muito feliz quando ganhei o certificado da máquina comum e fui aprender a usar a máquina elétrica. Ainda tenho os dois certificados perdidos e amarelados em algum lugar aqui.
Sou do tempo em que tínhamos um grupo para trabalhos no colégio. Aliás, como não tínhamos essa facilidade de achar todo um trabalho pronto em meia dúzia de cliques, então o jeito era nos reunirmos(éramos 5 meninas na formação completa da sétima série do primeiro grau; quando o trabalho era em dupla, uma amiga e eu íamos sozinhas) na biblioteca do seminário aqui perto. Nosso grupo já era conhecido da bibliotecária, que era mãe de uma amiga que tinha se mudado de colégio. Sempre muito educada e paciente, se desdobrava pra achar o que gente precisava, emprestava o livro pra tirar xerox e recortar figuras, deixava a gente entrar entre as estantes abarrotadas de livros sobre assuntos que a gente nem fazia idéia e pesquisar, folhear com curiosidade e perguntar pra ela coisas que não sabíamos. Pássavamos a tarde toda entretidas com os livros e conversinhas sobre outros assuntos aleatórios, tipo a festinha de garagem do fim de semana ou quem ficou com quem.
Às vezes, quando o trabalho exigia um número maior de participantes, especialmente quando fazíamos jornal falado ou quando os meninos precisavam de nota, eles participavam e era uma farra. Sempre faziam alguma piadinha, ficavam cutucando e a gente ria a tarde toda. Depois que terminávamos, eles se juntavam aos outros meninos da sala que estavam fazendo aulas de educação física na quadra e no campo do seminário(nosso colégio não tinha quadra) e íamos assistir, dar palpites e suspirar pelos meninos bonitos das séries seguintes.
Pensando bem, éramos uma combinação um tanto estranha, meio à la Spice girls: a Dana e a Suli eram lindas, as capitãs dos times de tudo que era esporte; a Ximene era meio molecona, engraçadíssima e todos os agitos e bailinhos concorridos/comentados eram feitos na casa dela; a Dani era a cdf oficial, mais séria, responsável e tudo tinha que ir perguntar pra mãe dela; pra completar o quinteto, tinha eu... desengonçada, aérea, variando entre intelectual e porra louca, sempre agitando a bagunça com os meninos e onipresente em tudo quanto era coisa de escola, festinhas e afins. Fui o caso típico de reunião de pais em que o professor dizia "Sua filha é extremamente inteligente, mas tem umas companhias...", quando na verdade, era eu que geralmente agitava a bagunça junto com o povo. Mas, retomando, éramos as superpops da sala e quando nos juntávamos, éramos imbatíveis - pra desespero do grupo dos meninos, já que as cinco, além de tudo, eram estudiosas. Me lembro até hoje de um jornal falado que fizemos e que foi comentado na escola toda: a Suli falava de economia e era repórter do caderno cultural, a Dani era o nosso Bonner e ia passar uma receita de bolo(éramos precursoras da Ana Maria Braga!), a Ximene comentava sobre esportes e notícias regionais, a Dana sobre política e eu faria o papel de uma artista pro nosso caderno cultural, falando da minha exposição sobre Folclore Nacional(passei uns 3 dias pintando Iara, Curupira e afins em cartolina para parecer arte moderna).
A cereja do bolo nessa apresentação eram os comerciais, que ficavam pra Dana e eu apresentarmos. Pra essa, em específico, havíamos escolhido um comercial do Banco Bamerindus* que tinha um velinho surdo(eu) que ficava o tempo todo gritando "Hein?!" e uma velhinha (Dana), que ficava ouvindo uma vitrolinha e gritando "Som, vitrola! Lembra, Adolfo, aquele som que a gente tava juntando dinheiro desde o nosso casamento? Comprei!", era impagável. O outro comercial era o do gordinho da Honda, que eu ia fazer sozinha, também era muito engraçado. Conseguimos uma caracterização perfeita dos velhinhos(ensaiamos bastante) e todo mundo parou pra rir; logo depois, na outra chamada... eu apareci vestida com uma camiseta preta e naturalmente gordinha fazendo a coreografia do carinha da Honda, foi hilário. A aula parou literalmente, até hoje lembro da cara da minha professora, a Dona Miriam, rindo.
Eram bons tempos. Hoje, cada uma tomou um rumo completamente diferente na vida e mal nos falamos, na verdade: a Dana fez Educação Física, a Dani é PM, a Suli se casou e cuida do hotel da família, a Ximene se formou em Administração e tava fazendo Direito comigo, logo que voltei pra faculdade, mas acabou saindo do curso. E eu, bem... fiz Direito e parei, tive um caso rápido com o Jornalismo que não durou muito e voltei pro meu amor. E conto histórias aqui.
*infelizmente não achei o comercial do Bamerindus no youtube.
Sou do tempo em que tínhamos um grupo para trabalhos no colégio. Aliás, como não tínhamos essa facilidade de achar todo um trabalho pronto em meia dúzia de cliques, então o jeito era nos reunirmos(éramos 5 meninas na formação completa da sétima série do primeiro grau; quando o trabalho era em dupla, uma amiga e eu íamos sozinhas) na biblioteca do seminário aqui perto. Nosso grupo já era conhecido da bibliotecária, que era mãe de uma amiga que tinha se mudado de colégio. Sempre muito educada e paciente, se desdobrava pra achar o que gente precisava, emprestava o livro pra tirar xerox e recortar figuras, deixava a gente entrar entre as estantes abarrotadas de livros sobre assuntos que a gente nem fazia idéia e pesquisar, folhear com curiosidade e perguntar pra ela coisas que não sabíamos. Pássavamos a tarde toda entretidas com os livros e conversinhas sobre outros assuntos aleatórios, tipo a festinha de garagem do fim de semana ou quem ficou com quem.
Às vezes, quando o trabalho exigia um número maior de participantes, especialmente quando fazíamos jornal falado ou quando os meninos precisavam de nota, eles participavam e era uma farra. Sempre faziam alguma piadinha, ficavam cutucando e a gente ria a tarde toda. Depois que terminávamos, eles se juntavam aos outros meninos da sala que estavam fazendo aulas de educação física na quadra e no campo do seminário(nosso colégio não tinha quadra) e íamos assistir, dar palpites e suspirar pelos meninos bonitos das séries seguintes.
Pensando bem, éramos uma combinação um tanto estranha, meio à la Spice girls: a Dana e a Suli eram lindas, as capitãs dos times de tudo que era esporte; a Ximene era meio molecona, engraçadíssima e todos os agitos e bailinhos concorridos/comentados eram feitos na casa dela; a Dani era a cdf oficial, mais séria, responsável e tudo tinha que ir perguntar pra mãe dela; pra completar o quinteto, tinha eu... desengonçada, aérea, variando entre intelectual e porra louca, sempre agitando a bagunça com os meninos e onipresente em tudo quanto era coisa de escola, festinhas e afins. Fui o caso típico de reunião de pais em que o professor dizia "Sua filha é extremamente inteligente, mas tem umas companhias...", quando na verdade, era eu que geralmente agitava a bagunça junto com o povo. Mas, retomando, éramos as superpops da sala e quando nos juntávamos, éramos imbatíveis - pra desespero do grupo dos meninos, já que as cinco, além de tudo, eram estudiosas. Me lembro até hoje de um jornal falado que fizemos e que foi comentado na escola toda: a Suli falava de economia e era repórter do caderno cultural, a Dani era o nosso Bonner e ia passar uma receita de bolo(éramos precursoras da Ana Maria Braga!), a Ximene comentava sobre esportes e notícias regionais, a Dana sobre política e eu faria o papel de uma artista pro nosso caderno cultural, falando da minha exposição sobre Folclore Nacional(passei uns 3 dias pintando Iara, Curupira e afins em cartolina para parecer arte moderna).
A cereja do bolo nessa apresentação eram os comerciais, que ficavam pra Dana e eu apresentarmos. Pra essa, em específico, havíamos escolhido um comercial do Banco Bamerindus* que tinha um velinho surdo(eu) que ficava o tempo todo gritando "Hein?!" e uma velhinha (Dana), que ficava ouvindo uma vitrolinha e gritando "Som, vitrola! Lembra, Adolfo, aquele som que a gente tava juntando dinheiro desde o nosso casamento? Comprei!", era impagável. O outro comercial era o do gordinho da Honda, que eu ia fazer sozinha, também era muito engraçado. Conseguimos uma caracterização perfeita dos velhinhos(ensaiamos bastante) e todo mundo parou pra rir; logo depois, na outra chamada... eu apareci vestida com uma camiseta preta e naturalmente gordinha fazendo a coreografia do carinha da Honda, foi hilário. A aula parou literalmente, até hoje lembro da cara da minha professora, a Dona Miriam, rindo.
Eram bons tempos. Hoje, cada uma tomou um rumo completamente diferente na vida e mal nos falamos, na verdade: a Dana fez Educação Física, a Dani é PM, a Suli se casou e cuida do hotel da família, a Ximene se formou em Administração e tava fazendo Direito comigo, logo que voltei pra faculdade, mas acabou saindo do curso. E eu, bem... fiz Direito e parei, tive um caso rápido com o Jornalismo que não durou muito e voltei pro meu amor. E conto histórias aqui.
*infelizmente não achei o comercial do Bamerindus no youtube.
26 novembro 2007
23 novembro 2007
21 novembro 2007
20 novembro 2007
Importante...
Que conste nos autos que eu pretendo sofrer de alcoolismo crônico nas minhas férias, ficar preta que nem um carvão, morrer vááááááárias vezes na beira do mar e vou tirar foto agarrando o Padre Anchieta em Ubas. Vou tocarrrr o horroooorrrr!
É! É isso. Aguardem e confiem.
É! É isso. Aguardem e confiem.
19 novembro 2007
Sensibilidade, outra...
...diferente daquela do toque, do abraço, de ouvir a fala de outra pessoa. Diferente de sentir a respiração compassada enquanto a outra dorme, nem um pouco parecida com aquela ao falar quando alguém te confessa alguma coisa. Poderia até ser parecida com aquela que você tem quando lida com os sentimentos alheios, mas também não é.
A sensibilidade a qual me refiro é aquela em que você não tem a pessoa presente, mas ainda assim lida com ela. Ouvindo uma música ou vendo um filme que ela gosta. Tentando se colocar no lugar e pensar no que ela sente, tentando captar as sensações em seu lugar. É uma sensibilidade curiosa, que te aproxima das pessoas através de outras coisas e faz enxergar muitas coisas que não são ditas, mas estão lá, onipresentes. As várias nuances dos sentimentos que nutrem em relação a si mesmas, ao mundo, à maneira de enxergar o que está a sua volta.
Você consegue compreender através dos códigos que todas aquelas letras sem sentido e agressivas às vezes dão lugar a melodias que pedem um pouco de paz de espírito ou letras que remetem à felicidade, tranqüilidade. Que às vezes, o humor negro e inteligente habitual dá lugar a diversão com humor leve, pastelão. E que a maneira distorcida de ver o mundo se transforma num amor incondicional por paisagens bucólicas. Você consegue montar algumas peças do quebra-cabeça que faltavam ou um pedaço novo e ver a pessoa de maneira diferente. Sentir de maneira diferente, muitas vezes, outra pessoa...
A sensibilidade a qual me refiro é aquela em que você não tem a pessoa presente, mas ainda assim lida com ela. Ouvindo uma música ou vendo um filme que ela gosta. Tentando se colocar no lugar e pensar no que ela sente, tentando captar as sensações em seu lugar. É uma sensibilidade curiosa, que te aproxima das pessoas através de outras coisas e faz enxergar muitas coisas que não são ditas, mas estão lá, onipresentes. As várias nuances dos sentimentos que nutrem em relação a si mesmas, ao mundo, à maneira de enxergar o que está a sua volta.
Você consegue compreender através dos códigos que todas aquelas letras sem sentido e agressivas às vezes dão lugar a melodias que pedem um pouco de paz de espírito ou letras que remetem à felicidade, tranqüilidade. Que às vezes, o humor negro e inteligente habitual dá lugar a diversão com humor leve, pastelão. E que a maneira distorcida de ver o mundo se transforma num amor incondicional por paisagens bucólicas. Você consegue montar algumas peças do quebra-cabeça que faltavam ou um pedaço novo e ver a pessoa de maneira diferente. Sentir de maneira diferente, muitas vezes, outra pessoa...
18 novembro 2007
17 novembro 2007
Assuntos de quem perde o sono...
... de novo. E passa a noite toda tentando ler sem se concentrar, ouvir música sem se irritar, deitar sem ficar revirando na cama até o lençol sair do lugar... uma beleza. O pijama incomoda, a falta dele idem. Com edredom tudo fica absurdamente quente, sem ele... dá tremor de frio. O barulho da rua faz os ouvidos doerem, o silêncio inquieta mais ainda. Vontade de jogar várias coisas pela janela e tirar a mobília, deixando só a cama. Mas só com a cama o quarto ficaria horrível, dando sensação de vazio e solidão.
Vamos mexer no computador, ver fotos, remexer lembranças. Olhar fixamente na mulher vestida de preto pendurada no pescoço do rapaz de jaqueta jeans; ela parecia feliz com ele. Se você reparar, o encontro de narizes aduncos na foto do beijo lembra um casal de tucanos. O passado é um lance engraçado, mas um engraçado banal, que você logo esquece. Mas não, nada de apagar fotos.
Acender mais um cigarro e limpar o cinzeiro, que contabiliza, hm..., melhor não contar a quantidade de bitucas de cigarro. Mas são suficientes para o coro de incentivadores falar mais uma vez para parar de fumar. Aliás, mandar alguém parar de fumar é um gesto muito carinhoso, embora sempre irrite quem fuma. Mas é muito válido.
Vários papéis em cima da mesa do computador, dois copos, alguns cds, um vidro de acetona, canetas, algodão, celular, uma carteira sem dinheiro (pobre vida dos desprovidos de honorários), dois vidros de esmalte vermelho. Mais cedo havia a indecisão de sempre: vermelho vivo ou vermelho queimado? Vermelho vivo, cor de sangue. Cor do amor, da irritação, da excitação. É, não vamos dormir hoje.
Ler os papéis... documentos para uma petição, xerox para trabalho sobre ação rescisória e esboço de começo de resumo de responsabilidade tributária. Atestado médico de um dentista, CID de extração. Um papel rabiscado com letras de músicas, nomes de bandas, nomes de gentes, números de telefones.
Todas as músicas irritam, mas aquelas mais lentas fazem lembrar o rapaz de olhos esverdeados e sorrisão. Melhor passar para a próxima faixa... e rá... Coldplay, Warning sign. Outra lembrança... agora o rapaz sério que ligou numa madrugada antes do natal há alguns anos, para falar do tempo e desejar feliz natal... a voz grave dele costumava fazer tremer.
Esfriou... melhor fechar a janela. Melhor ainda deixá-la entreaberta, para não sufocar com a fumaça. Fechar a maldita persiana emperrada e olhar pela fresta... ninguém na rua, um ônibus chegando. Mais uma duas horas e podemos pegar qualquer ônibus, pra qualquer lugar. Ir parar em Foz do Iguaçu. Cataratas.
Amaldiçoar o tempo chuvoso que estragou o feriado prolongado. Se mexer e sentir as costas estalando, muito cansaço e pálpebras pesadas. É, é hora. Cama pronta. Bom sono.
Vamos mexer no computador, ver fotos, remexer lembranças. Olhar fixamente na mulher vestida de preto pendurada no pescoço do rapaz de jaqueta jeans; ela parecia feliz com ele. Se você reparar, o encontro de narizes aduncos na foto do beijo lembra um casal de tucanos. O passado é um lance engraçado, mas um engraçado banal, que você logo esquece. Mas não, nada de apagar fotos.
Acender mais um cigarro e limpar o cinzeiro, que contabiliza, hm..., melhor não contar a quantidade de bitucas de cigarro. Mas são suficientes para o coro de incentivadores falar mais uma vez para parar de fumar. Aliás, mandar alguém parar de fumar é um gesto muito carinhoso, embora sempre irrite quem fuma. Mas é muito válido.
Vários papéis em cima da mesa do computador, dois copos, alguns cds, um vidro de acetona, canetas, algodão, celular, uma carteira sem dinheiro (pobre vida dos desprovidos de honorários), dois vidros de esmalte vermelho. Mais cedo havia a indecisão de sempre: vermelho vivo ou vermelho queimado? Vermelho vivo, cor de sangue. Cor do amor, da irritação, da excitação. É, não vamos dormir hoje.
Ler os papéis... documentos para uma petição, xerox para trabalho sobre ação rescisória e esboço de começo de resumo de responsabilidade tributária. Atestado médico de um dentista, CID de extração. Um papel rabiscado com letras de músicas, nomes de bandas, nomes de gentes, números de telefones.
Todas as músicas irritam, mas aquelas mais lentas fazem lembrar o rapaz de olhos esverdeados e sorrisão. Melhor passar para a próxima faixa... e rá... Coldplay, Warning sign. Outra lembrança... agora o rapaz sério que ligou numa madrugada antes do natal há alguns anos, para falar do tempo e desejar feliz natal... a voz grave dele costumava fazer tremer.
Esfriou... melhor fechar a janela. Melhor ainda deixá-la entreaberta, para não sufocar com a fumaça. Fechar a maldita persiana emperrada e olhar pela fresta... ninguém na rua, um ônibus chegando. Mais uma duas horas e podemos pegar qualquer ônibus, pra qualquer lugar. Ir parar em Foz do Iguaçu. Cataratas.
Amaldiçoar o tempo chuvoso que estragou o feriado prolongado. Se mexer e sentir as costas estalando, muito cansaço e pálpebras pesadas. É, é hora. Cama pronta. Bom sono.
14 novembro 2007
Juju
Esse final de semana, depois de 24 anos, eu me separei da sis. Agora, cada uma tem seu próprio quarto... foi uma decisão consensual. Nunca pensei que uma coisa tão simples causasse tanto impacto. Minha linda tá feliz, feliz... agora só vive no quarto DELA, como toda adolescente que se preze. E eu, bem... eu como a irmã mais velha e ranzinza... durmo sozinha no meu quarto, estranhando não ter companhia. A sensação da primeira noite foi horrível, mas eu vou sobreviver, acho. Enquanto ela, pra meu orgulho (aliás, só me dá orgulho, essa garota) tá tirando de letra. E eu amo isso. Amo muito mesmo. Aliás, toda vez que olho pra minha irmã, me sinto abençoada. E cada vez mais acredito que quem tem uma criança especial é que é especial; me sinto especial e fico extremamente orgulhosa toda vez que vejo que ela aprendeu uma palavra nova, quando faz uma brincadeira nova ou comenta qualquer coisa como uma adultinha. Porque eu sei o quanto custa isso e quanto demora. Toda vitória é dobrada. Aliás, só quem tem uma é que sabe qual é a sensação da vitória. E é isso. Amor incondicional. O maior amor. O amor que é só meu.
08 novembro 2007
...
E os dias passaram num piscar de olhos, o ano praticamente já acabou e eu continuo aqui. Feliz, contente e não muito saltitante, que saltitar é uma atitude um tanto suspeita.
Particularmente adoro essa época do ano, as pessoas me parecem mais felizes, acho... ou eu que fico mais feliz e acho o mundo todo lindo. Final de ano tem gosto de panetone e champagne. E cheiro de árvore de natal natural... não sei como chamam aquelas árvores bonitinhas. E muitas luzes coloridas, correria...
E fim do começo da sessão nostalgia...
Particularmente adoro essa época do ano, as pessoas me parecem mais felizes, acho... ou eu que fico mais feliz e acho o mundo todo lindo. Final de ano tem gosto de panetone e champagne. E cheiro de árvore de natal natural... não sei como chamam aquelas árvores bonitinhas. E muitas luzes coloridas, correria...
E fim do começo da sessão nostalgia...
07 novembro 2007
...
Quebrando o jejum básico de escrever aqui... tava muito sem saco e com muito devaneio na cabeça pra conseguir me concentrar por 5 minutos que fossem. Aliás, um flash de concentração foi o que me salvou essa semana de sofrer um acidente... entrei numa currrva bem fechada a mais de 100km e o carro derrapou... fui parar numa saída de terra paralela, uma beleza. Mas consegui controlar o carro. E manobrei e voltei pra estrada como se nada tivesse acontecido...
Tou entrando no período mais fudido do ano: a fatídica última semana de provas da facul... preciso aprender Tributário... hohoho! Mais uma vez, eu quero morrerrrr com o meu relaxo. Mas nas próximas 3 semanas vou ficar insuportável e a vida vai ser legal, porque eu funciono muuuito bem sob pressão.
O mito do amor romântico: eu descobri que com o tempo, tou perdendo (se é que já não perdi de vez mesmo...) a capacidade de amar várias pessoas de maneiras diferentes. Notei que ultimamente ando concentrando várias maneiras em cada vez menos pessoas. Hei de cair na armadilha de gostar de uma pessoa só, um dia. Mas até lá... ai, ai.
E dei pra ouvir Nelson Gonçalves em alto e bom som... adooorooo! Sim, eu sou datadíssima... uhuu...
E até sexta-feira eu tinha um crush do qual eu também era crush. Aliás, o crush com o abraço mais quente e mais abraço da face da Terra(isso é sério...). Mas às 5 da manhã, meio alta e tomando coca-cola pra sarar... desencanei. Não sei se foi na primeira vez, na segunda em que ele me abraçou ou quando nos despedimos... a luz vermelha piscou. Mas ele continua tendo uns braços. Affeeee...
Acerca do serviço público: quanto mais eu conheço como funciona, menos quero conhecer, mais distância quero ter.
Dado curioso: em Aparecida você pode pagar míseros R$ 18,50 num enterro, mas para ter seus restos mortais transferidos para outro túmulo paga R$ 31,45. Eu não entendi a lógica, mas vivo em cidade de milagres, figuras públicas folclóricas e afins. Tudo é válido.
Tou entrando no período mais fudido do ano: a fatídica última semana de provas da facul... preciso aprender Tributário... hohoho! Mais uma vez, eu quero morrerrrr com o meu relaxo. Mas nas próximas 3 semanas vou ficar insuportável e a vida vai ser legal, porque eu funciono muuuito bem sob pressão.
O mito do amor romântico: eu descobri que com o tempo, tou perdendo (se é que já não perdi de vez mesmo...) a capacidade de amar várias pessoas de maneiras diferentes. Notei que ultimamente ando concentrando várias maneiras em cada vez menos pessoas. Hei de cair na armadilha de gostar de uma pessoa só, um dia. Mas até lá... ai, ai.
E dei pra ouvir Nelson Gonçalves em alto e bom som... adooorooo! Sim, eu sou datadíssima... uhuu...
E até sexta-feira eu tinha um crush do qual eu também era crush. Aliás, o crush com o abraço mais quente e mais abraço da face da Terra(isso é sério...). Mas às 5 da manhã, meio alta e tomando coca-cola pra sarar... desencanei. Não sei se foi na primeira vez, na segunda em que ele me abraçou ou quando nos despedimos... a luz vermelha piscou. Mas ele continua tendo uns braços. Affeeee...
Acerca do serviço público: quanto mais eu conheço como funciona, menos quero conhecer, mais distância quero ter.
Dado curioso: em Aparecida você pode pagar míseros R$ 18,50 num enterro, mas para ter seus restos mortais transferidos para outro túmulo paga R$ 31,45. Eu não entendi a lógica, mas vivo em cidade de milagres, figuras públicas folclóricas e afins. Tudo é válido.
02 novembro 2007
24 outubro 2007
Lei de murphy
E eis que domingo a noite eu vou parar no hospital com dor de ouvido. E começo dando rata... ouço um médico chamar meu nome e vou feliz atrás dele... era outra Mariana. Voltei pra sala de espera com cara de tacho e lá fiquei com o ouvido zunindo. Nisso, aparece um cara com uns 40 anos, senta do meu lado e começa a falar, falar e falar... que ia chover, que o tempo andava muito quente, que ele morava ali perto e que se demorasse mais um pouco teria tomado chuva(realmente, tinha começado a chover logo após a infeliz chegada dele). Meu ouvido começou a latejar dois minutos após ele entabular conversa... e o homem não parava... reclamava com o filho que estava ali. O garoto devia ter uns cinco anos, parecia estar com catapora e era hiperativo; mexia em tudo, cismava de ficar abrindo e fechando a porta de vidro que dava pro corredor do atendimento, atormentava o segurança... e o pai só reclamava, enquanto a mãe, que apareceu do nada, fazia aquela cara de resignação de mãe de criança atentada... "Ele é assim mesmo..."
A meia hora que passei na sala de espera me pareceu uma eternidade infinitamente irritante. Quando comecei a perder a paciência por conta da dor e do falatório, um médico apareceu e chamou. Agora sim, a Mariana certa.
O doutor era um moço novo, uns três anos mais velho que eu, no máximo. Cara de recém-formado, franzino, muito branco, cabelos claros, olhos muito azuis e boca carnuda - uma graça e extremamente educado.
- O que você sente?
- Váaariooos lugares inflamados ou infeccionados, doutor. Mas só o ouvido... (pausa para olhar a mão e ver qual é a direita/esquerda) ... direito dói. E eu tou meio surda desse lado.
- Hm. A mocinha andou cutucando o ouvido com cotonete? Andou nadando? Piscina? Praia?
- Não, minhas ites atacaram mesmo... acho que deve ser conseqüência disso.
- Ahh. Vou examinar sua garganta e os ouvidos.
(e aí eu fiquei com a bocona aberta... e depois ele usou aquele aparelho pra ver o ouvido que eu não sei o nome, mas acho suuuper legal)
- Olha, você não tem nada na garganta e nas amígdalas. O ouvido esquerdo também tá legal, só o direito que tá um pouco inflamado mesmo. Vou te passar um remedinho pra pingar e só.
(E aí ele fez toda uma explanação sobre o ouvido e tal... e eu só pensava: Ãrrã... doutor, o negócio é o seguinte: eu tenho uma inflamação generalizada no sistema respiratório, entendeeee? E o ouvido é a última etapa... remedinho não vai adiantar, me dá alguma droga possante pra dor, pelamordedeus!)
- E se doer?
- Toma dipirona. Mas não deve doer, não.
(fiz cara de incrédula, sempre que meu ouvido ameaça de doer, invariavelmente vou parar no hospital no meio da madrugada chorando de dor)
- Tudo bem.
- E nada de cutucar o ouvido com cotonete, viu? É pra pingar e colocar algodão por cinco dias e só.
- Tá, não vou cutucar.
(Nessa hora me deu um estalo básico de dizer que voltaria ali no meio da madrugada chorando e querendo pegar ele pelo pescoço... mas sou uma pessoa contida e respirei e contei até 10)
E fez as últimas recomendações, eu agradeci e saí da sala... passei pelo corredor e pela sala de espera praticamente correndo, não queria dar de cara com o moço incômodo do filho hiperativo. Ainda chovia e pra comemorar, saí na chuva até o carro... passei na farmácia e comprei o remédio... cinco reais... na hora em que o atendente me disse o preço, quase dei risada... um remédio de cinco pilas não deve fazer efeito nenhum, mas paciência...
Cheguei em casa ensopada e com uma dorzinha amena. Tomei banho, pinguei o remédio, fui deitar e ver tv. E na medida em que as horas foram passando, a dor foi se tornando quase insuportável. Amaldiçoei o médico bonitinho e tomei dois anti inflamatórios cavalares. Meia hora depois, estava sem dor e dormindo. Não podia ter sido melhor pra um final de domingo...
A meia hora que passei na sala de espera me pareceu uma eternidade infinitamente irritante. Quando comecei a perder a paciência por conta da dor e do falatório, um médico apareceu e chamou. Agora sim, a Mariana certa.
O doutor era um moço novo, uns três anos mais velho que eu, no máximo. Cara de recém-formado, franzino, muito branco, cabelos claros, olhos muito azuis e boca carnuda - uma graça e extremamente educado.
- O que você sente?
- Váaariooos lugares inflamados ou infeccionados, doutor. Mas só o ouvido... (pausa para olhar a mão e ver qual é a direita/esquerda) ... direito dói. E eu tou meio surda desse lado.
- Hm. A mocinha andou cutucando o ouvido com cotonete? Andou nadando? Piscina? Praia?
- Não, minhas ites atacaram mesmo... acho que deve ser conseqüência disso.
- Ahh. Vou examinar sua garganta e os ouvidos.
(e aí eu fiquei com a bocona aberta... e depois ele usou aquele aparelho pra ver o ouvido que eu não sei o nome, mas acho suuuper legal)
- Olha, você não tem nada na garganta e nas amígdalas. O ouvido esquerdo também tá legal, só o direito que tá um pouco inflamado mesmo. Vou te passar um remedinho pra pingar e só.
(E aí ele fez toda uma explanação sobre o ouvido e tal... e eu só pensava: Ãrrã... doutor, o negócio é o seguinte: eu tenho uma inflamação generalizada no sistema respiratório, entendeeee? E o ouvido é a última etapa... remedinho não vai adiantar, me dá alguma droga possante pra dor, pelamordedeus!)
- E se doer?
- Toma dipirona. Mas não deve doer, não.
(fiz cara de incrédula, sempre que meu ouvido ameaça de doer, invariavelmente vou parar no hospital no meio da madrugada chorando de dor)
- Tudo bem.
- E nada de cutucar o ouvido com cotonete, viu? É pra pingar e colocar algodão por cinco dias e só.
- Tá, não vou cutucar.
(Nessa hora me deu um estalo básico de dizer que voltaria ali no meio da madrugada chorando e querendo pegar ele pelo pescoço... mas sou uma pessoa contida e respirei e contei até 10)
E fez as últimas recomendações, eu agradeci e saí da sala... passei pelo corredor e pela sala de espera praticamente correndo, não queria dar de cara com o moço incômodo do filho hiperativo. Ainda chovia e pra comemorar, saí na chuva até o carro... passei na farmácia e comprei o remédio... cinco reais... na hora em que o atendente me disse o preço, quase dei risada... um remédio de cinco pilas não deve fazer efeito nenhum, mas paciência...
Cheguei em casa ensopada e com uma dorzinha amena. Tomei banho, pinguei o remédio, fui deitar e ver tv. E na medida em que as horas foram passando, a dor foi se tornando quase insuportável. Amaldiçoei o médico bonitinho e tomei dois anti inflamatórios cavalares. Meia hora depois, estava sem dor e dormindo. Não podia ter sido melhor pra um final de domingo...
23 outubro 2007
...
O lado ruim de fazer do blog um confessionário é que nunca se sabe quem leu, se entendeu a mensagem ou não... ou pior, se entendeu errado. A parte de me achar completamente desequilibrada eu dispenso... sou sangüínea mesmo. E é claro que geralmente me fodo por isso... mas e daí? Não dá pra acertar sempre.
O lado bom é que parece um saco de boxe... você soca até a raiva passar. Ou em caso oposto... você se desmancha em amores, devaneios e etc. E dá muita risada. E se sente infantil, mas passa...
E eu ando com o péssimo hábito de me entregar em tudo que faço há 25 anos. Way cool, José!
O lado bom é que parece um saco de boxe... você soca até a raiva passar. Ou em caso oposto... você se desmancha em amores, devaneios e etc. E dá muita risada. E se sente infantil, mas passa...
E eu ando com o péssimo hábito de me entregar em tudo que faço há 25 anos. Way cool, José!
22 outubro 2007
...
Odeio segunda.
Odeio estar errada.
Odeio expectativas.
Odeio mais ainda ter que atender expectativas alheias.
Odeio sentir falta de pessoas.
Odeio distância.
E pra finalizar, odeio sopa também.
Mas o mundo continua lindo e florido.
Odeio estar errada.
Odeio expectativas.
Odeio mais ainda ter que atender expectativas alheias.
Odeio sentir falta de pessoas.
Odeio distância.
E pra finalizar, odeio sopa também.
Mas o mundo continua lindo e florido.
18 outubro 2007
...
Às vezes a gente tem uma tendência sobrenatural a ser masoquista... a pessoa pisa, pisa e pisa e você fica lá feliz e contente de tapete. Eu sempre achei isso condenável nos outros... agora em mim... eu sempre dei um jeito de disfarçar de qualquer outra coisa. Mas chega uma hora que não dá mais. É o típico de lance de você dizer alguma coisa importante e a outra virar "Fala com a minha mão...". Caralho, como eu detesto descaso. Como eu detesto gente caprichosa. Como eu detesto gente que pega uma brecha no que você diz pra dizer a besteira que bem entende e ser escrota. Eu atingi o meu limite. Naquele máximo de achar que agora a coisa vai, tar disposta a mudar o que eu faço de errado. Mas unilateralmente não rola. Uma hora a ficha ia cair e eu ia entender. Demorou, mas caiu e eu entendi. E é isso aí: ninguém muda ninguém.
E eis que eu volto...
... feliz, queimada e com a corda todaaaa!!!!! Meu verão já começou... e eu sempre me lembro do desenho do Pernalonga e Patolino...
- É temporada de caça ao Pato!
- É temporada de caça ao Coelho!
E eu conseguia imitar o Patolino falando "Você é desprezível!" - adoooro!!!
Ok, ok... eu não usei ácidos na viagem, mas a minha sinusite atacou! E tinha um bicho de alface na salada do meu crepe!!! Affe... fui numa creperia super bonitinha, ambiente cool, perfeito pro primeiro encontro... a amiga que tava comigo tava até comentando sobre isso quando vejo uma larva verde dançando linda e feliz no meu pratinho. Isso porque odeio salada. Mas no final das contas, ela ficou ilesa e a gente não pagou a conta. Mas da próxima vez, crepe sem salada.
No mais, uns barzinhos super legais, uma balada básica onde presenciei uma das paqueras mais insanas que já vi na vida, tendo como protagonista a minha amiga... porque mulher com cara de gripe na balada não pega ninguém! E embora a Itaipava lata custasse 6 pilas, o ambiente fosse médio, o estacionamento horrível e etc, valeu a noite. É sempre bom conhecer de tudo...
E tinha um moço do nosso lado na praia que comprou um cd do Bob Marley porque tava no espírito de dar uns tapas... hilário... e um amigo do meu lado falando "Ai, ele tá queimando nosso filme..." e eu dando risada e incentivando o moço... e ele feliz fazendo milanesa...
Conversas no bar... e quando a música parava de tocar, alguém soltava alguma pérola do tipo... "É gases!"
É, eu ri muito esse feriado, muito mesmo. Que venha o próximo!
E como sempre, deixei tudo que me aporrinhava no mar. Voltei revigorada, com os mocotó e os toucinho devidamente queimados. Aliás, se tivesse ficado mais meia hora no sol, teria virado torresmo!
E por enquanto é só, pessoal.
- É temporada de caça ao Pato!
- É temporada de caça ao Coelho!
E eu conseguia imitar o Patolino falando "Você é desprezível!" - adoooro!!!
Ok, ok... eu não usei ácidos na viagem, mas a minha sinusite atacou! E tinha um bicho de alface na salada do meu crepe!!! Affe... fui numa creperia super bonitinha, ambiente cool, perfeito pro primeiro encontro... a amiga que tava comigo tava até comentando sobre isso quando vejo uma larva verde dançando linda e feliz no meu pratinho. Isso porque odeio salada. Mas no final das contas, ela ficou ilesa e a gente não pagou a conta. Mas da próxima vez, crepe sem salada.
No mais, uns barzinhos super legais, uma balada básica onde presenciei uma das paqueras mais insanas que já vi na vida, tendo como protagonista a minha amiga... porque mulher com cara de gripe na balada não pega ninguém! E embora a Itaipava lata custasse 6 pilas, o ambiente fosse médio, o estacionamento horrível e etc, valeu a noite. É sempre bom conhecer de tudo...
E tinha um moço do nosso lado na praia que comprou um cd do Bob Marley porque tava no espírito de dar uns tapas... hilário... e um amigo do meu lado falando "Ai, ele tá queimando nosso filme..." e eu dando risada e incentivando o moço... e ele feliz fazendo milanesa...
Conversas no bar... e quando a música parava de tocar, alguém soltava alguma pérola do tipo... "É gases!"
É, eu ri muito esse feriado, muito mesmo. Que venha o próximo!
E como sempre, deixei tudo que me aporrinhava no mar. Voltei revigorada, com os mocotó e os toucinho devidamente queimados. Aliás, se tivesse ficado mais meia hora no sol, teria virado torresmo!
E por enquanto é só, pessoal.
09 outubro 2007
Eu tenho fases como a fotossíntese...
08 outubro 2007
Segundona... contagem regressiva!
E é isso... final de semana muito bom!
E o que importa mesmo é contagem regressiva pro feriadão, areia e birita colorida!
E adooorooo coca-cola e abraço de urso às 5 da manhã!
----
Def Leppard - All I Want Is Everything
I don't know how to leave you
And I don't know how to stay
I've got things that I must tell you
That I don't know how to say
The man behind these empty words
Is crying out in shame
Holding on to this sinking ship
When nothing else remains
(Chorus)
All I want is everything
Am I asking too much?
All I want is everything
Like the feel of your touch
But all I have are yesterdays
Tomorrow never comes
It's hard to hold your head up
When you're kneeling down to pray
And talking don't come easy now
When the words get in the way
If you could see what's going on
Behind these private eyes
The truth would look so easy now
But I'm running out of lies
(Chorus)
You think the shadow of doubt
Is hanging over my head
It's just an angel
Whose wings hide the sun
And it's myself I betray
I cannot wish this away
Took my chance
Now the damage is done
(Chorus)
----
Velhinha, mas parece dizer muuita coisa, às vêiz.
E o que importa mesmo é contagem regressiva pro feriadão, areia e birita colorida!
E adooorooo coca-cola e abraço de urso às 5 da manhã!
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Def Leppard - All I Want Is Everything
I don't know how to leave you
And I don't know how to stay
I've got things that I must tell you
That I don't know how to say
The man behind these empty words
Is crying out in shame
Holding on to this sinking ship
When nothing else remains
(Chorus)
All I want is everything
Am I asking too much?
All I want is everything
Like the feel of your touch
But all I have are yesterdays
Tomorrow never comes
It's hard to hold your head up
When you're kneeling down to pray
And talking don't come easy now
When the words get in the way
If you could see what's going on
Behind these private eyes
The truth would look so easy now
But I'm running out of lies
(Chorus)
You think the shadow of doubt
Is hanging over my head
It's just an angel
Whose wings hide the sun
And it's myself I betray
I cannot wish this away
Took my chance
Now the damage is done
(Chorus)
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Velhinha, mas parece dizer muuita coisa, às vêiz.
03 outubro 2007
30 setembro 2007
Plantinhas
A mamis tem uns insights e resoluções nos momentos mais impróprios possíveis, mas enfim... ontem a tarde, depois de ela muito atormentar, fomos fazer compras(adoro comprar, mas adoro muito mais ficar jogada em casa sábado a tarde). Remédios e mais remédios, um ferro de passar roupa novo e fomos ao supermercado. Frango, pães, refrigerante, chocolate, amendoins torrados, queijo e flores... é, flores.
Ficamos uma meia hora decidindo o que trazer e ela escolheu lírios e uma outra que não me lembro o nome, mas são lindas, trouxe vermelhas e brancas. E perguntou se eu ia levar alguma coisa... bom, eu comprei cactos.
- Cactos?
-É, mãe. Cactos. Não dão trabalho, posso deixar no meu quarto, não vão morrer... pelo menos eu espero que não morram.
- Hahaha. Quero só ver. Do jeito que você é cuidadosa, vai conseguir matar até eles.
- Affe, vou nada. Vou ser uma pessoa feliz com cactos no quarto, oras.
- Vamos ver, então.
- Adoro gente otimista. E no mais eles são a minha cara... espinhos e quem sabe alguma coisa dentro... o problema é que tem que matar pra saber o que tem dentro...
- Hahaha. Só você mesmo. Credo...
E eu trouxe um par de mini cactos e um outro arranjo bonitinho que tem até um mexicano. E deixei em cima da mesa do pc. Por enquanto, eles tão se comportando bem, vamos ver quanto tempo vão durar...
Ficamos uma meia hora decidindo o que trazer e ela escolheu lírios e uma outra que não me lembro o nome, mas são lindas, trouxe vermelhas e brancas. E perguntou se eu ia levar alguma coisa... bom, eu comprei cactos.
- Cactos?
-É, mãe. Cactos. Não dão trabalho, posso deixar no meu quarto, não vão morrer... pelo menos eu espero que não morram.
- Hahaha. Quero só ver. Do jeito que você é cuidadosa, vai conseguir matar até eles.
- Affe, vou nada. Vou ser uma pessoa feliz com cactos no quarto, oras.
- Vamos ver, então.
- Adoro gente otimista. E no mais eles são a minha cara... espinhos e quem sabe alguma coisa dentro... o problema é que tem que matar pra saber o que tem dentro...
- Hahaha. Só você mesmo. Credo...
E eu trouxe um par de mini cactos e um outro arranjo bonitinho que tem até um mexicano. E deixei em cima da mesa do pc. Por enquanto, eles tão se comportando bem, vamos ver quanto tempo vão durar...
5 momentos de solidão perfeitos
- Sair pra caminhar no meio da madrugada
- Dirigir até cansar e então parar, sair do carro, sentar em algum lugar e ver o tempo
- Caminhar ou ficar sentada horas a fio na beira da praia, vendo o mar
- Ficar escutando música no mp3 com fone de ouvido enquanto todo mundo fala
- Estar sozinha num lugar muito movimentado e ficar só observando
- Dirigir até cansar e então parar, sair do carro, sentar em algum lugar e ver o tempo
- Caminhar ou ficar sentada horas a fio na beira da praia, vendo o mar
- Ficar escutando música no mp3 com fone de ouvido enquanto todo mundo fala
- Estar sozinha num lugar muito movimentado e ficar só observando
29 setembro 2007
...
Please Me Like You Want To
Written by: Ben Harper
don't do me any favors
matter of fact why don't you
do yourself a few
your presence ain't nobody's blessing
i've got plenty of other things
i could do
oh no, not another excuse
your tired silly games
for me are just no use
and now it's plain for me to see
you're with somebody
that you don't want to be
so won't you
please please me like you want to
not like you have to
or won't you just go on and leave me
leaving me is the least that you could do
you could have spared me
so much misery
and told me you just wanted
a friend
believe me there is a difference
when you mean it
and when you pretend
or was i just your habit
cause i know a habit
is a hard thing to break
but won't you spare me
a little mercy
there's only so much
that i can take
so won't you
please please me like you want to
not like you have to
or won't you just go on and leave me
leaving me is the least that you could do
Written by: Ben Harper
don't do me any favors
matter of fact why don't you
do yourself a few
your presence ain't nobody's blessing
i've got plenty of other things
i could do
oh no, not another excuse
your tired silly games
for me are just no use
and now it's plain for me to see
you're with somebody
that you don't want to be
so won't you
please please me like you want to
not like you have to
or won't you just go on and leave me
leaving me is the least that you could do
you could have spared me
so much misery
and told me you just wanted
a friend
believe me there is a difference
when you mean it
and when you pretend
or was i just your habit
cause i know a habit
is a hard thing to break
but won't you spare me
a little mercy
there's only so much
that i can take
so won't you
please please me like you want to
not like you have to
or won't you just go on and leave me
leaving me is the least that you could do
27 setembro 2007
Passeio
Domingo costuma ser um dia muito tranqüilo; às vezes saio pra andar pela feira daqui, que é praticamente em frente a minha casa. Com o calor que anda fazendo não costuma ser um passeio muito agradável, pelo menos pra mim é meio claustrofóbico. Muitas lonas, pessoas, calor, suores, corpos se encontrando e roçando, perfumes de todos os tipos misturados com cheiro de comida, muita quinquilharia amontoada e pendurada nas bancas, músicas ruins, vozes, choros, risos, várias idades e cores. Geralmente fico meio perdida no meio de tudo isso e ando apressada pelo corredor, tentando me desviar do fluxo louco de pessoas, ignorar os cheiros e com um fone de ouvido pra ter um pouco de paz. Levo uns 15 minutos pra atravessar a feira e chegar até os portões da basílica, em dias de sorte.
Nos raros dias em que estou com paciência, ando devagar observando as mercadorias, as situações e pessoas andando por ali. Os romeiros no geral são pessoas bem simples, de pouca instrução e fé enorme. Uma grande parte economiza o ano todo pra poder viajar pra cá, pagar uma promessa e levar várias lembrancinhas de gosto duvidoso para os parentes e amigos. Quando era criança, os artigos mais vendidos eram umas almofadas com umas estampas cafonas, umas sacolas bege com o desenho da Basílica - embaixo do desenho vinha a seguinte frase: "Lembrança de Aparecida", e chaveiros e canetas. Isso sem contar o básico: terços, fitinhas de Nossa Senhora, imagens e quadros variados. Após ultrapassar a barreira humana da feira, vou até a Basílica.
A imagem que se vê da frente da Basílica logo no portão é muito bonita, imponente. Passo pelas pessoas bebendo refrigerante, comendo ou se entretendo com os famosos picolés de Itu(esses picolés de Itu são a coisa mais highlander da cidade - um sorvete de baunilha enorme e sem gosto, com uma cobertura de três cores que as pessoas acreditam que são de chocolate, morango e creme, mas na verdade não tem gosto de nada) perto dos ônibus. Vejo placas de todos os estados... os cariocas geralmente são os mais animados, os sulistas absolutamente educados e não costumam discutir o preço das coisas, os paulistas são mais na deles e por aí vai. Em certa época do ano aparece uma gente loira de pele avermelhada e um sotaque estranhíssimo, do interior do Paraná - comento em separado porque desde criança eles me despertavam curiosidade pelo tom da pele e cabelos... achava muito esquisita aquela gente. Na minha mente de criança, era gente que tinha ficado no sol tempo demais e por isso a pele vermelha; imaginava que se encostasse em algum deles, provavelmente a pessoa gritaria de dor por causa da pele queimada. Coisas de criança...
Dentro da Basílica, gosto de ir até a Sala dos Milagres, onde ficam fotos, troféus, membros de cera, vestidos de noiva e uma infinidade de outras coisas que as pessoas doam em retribuição a graça alcançada. Há várias fotos de jogadores famosos, camisas de time e da seleção, discos, porcelanas. Os membros de cera são um capítulo a parte, pernas, braços, cabeças... de vários tamanhos e tons de amarelo. Há algumas dedicatórias nos objetos que ficam ali e geralmente bate curiosidade e fico lendo qual foi a graça alcançada, os nomes, as datas. Há de tudo: gente que conseguiu cura de alguma doença ou acidente, emprego novo, casamento, reunir a família - essas coisas me fazem achar a fé uma coisa impressionante. Gosto também de olhar as fotos coladas nas paredes - uma infinidade de anônimos de todos os cantos do país, idades, raças e condições financeiras. Na minha infância, meu irmão costumava me levar lá quase toda semana, e durante uma época eu andei cismada que tinha que ter uma foto minha lá. Passei anos procurando por ela e nada... até um dia perguntar pra minha mãe, que riu da pergunta e disse que ela nunca havia colocado uma foto minha lá. Confesso que fiquei um pouco decepcionada.
O passeio se estende até o Centro de Apoio aos Romeiros, onde vou até a loja de uma amiga e às vezes vamos tomar sorvete no Mc Donalds. Quando era criança, o local do Centro era apenas o estacionamento da Basílica... perdi a conta de quantas vezes fui soltar pipa com meus irmãos ou andar de bicicleta(de carona, é claro) com eles. Meus pais passaram algumas tardes de domingo comigo e minha irmã lá, tentando me ensinar a andar de bicicleta, sem sucesso. Nunca tive equilíbrio suficiente, acabava perdendo a paciência e acabei por fim desistindo. Mas ainda assim, adorava os passeios.
Depois de conversar e andar bastante, é hora de voltar pra casa, e venho pela Passarela, que atualmente tem grades altas, pois costumava ser o local preferido dos suicidas da cidade, inclusive um ex-marido de uma tia minha se jogou de lá há uns 3-4 anos. De lá dá pra ter uma vista muito bonita da cidade e redondezas. É muito bonito ver o sol se escondendo na Serra da Mantiqueira nas tardes avermelhadas de outono. É interessante ver também as pessoas atravessando a passarela de joelhos - sempre me pego a pensar no que foi que as levou a esse sacrifício... é, fé a gente não explica mesmo.
A saída da Passarela dá para a Praça N. Senhora Aparecida com suas construções antigas, a Catedral e o comércio. Movimento de pessoas entrando e saindo das lojas com alguma lembrancinha, crianças tomando sorvete e correndo pela praça, carros, agenciadores chamando os romeiros para almoçar nos restaurantes ou ficar nos hotéis, um e outro lambe-lambe pra tirar foto com uma imagem da basílica ou da santa ao fundo, não sei se ainda tiram fotos das crianças montadas num asno - alguns eram até pintados para ficar parecidos com zebras.
Atravessando a praça chego a ladeira Monte Carmelo, atualmente com um calçadão, mas ainda assim as pessoas andam no meio da rua, devido a quantidade de bugingangas que os lojistas deixam expostas na calçada, tornando-a uma extensão de suas lojas. E descendo, se vê todo tipo de comércio, um antigo teleférico, um parque, hotéis com as fachadas revitalizadas - coisa feita há pouco tempo e gente subindo e descendo, olhando tudo com curiosidade e calma, comentando, rindo, negociando com os lojistas.
Quem desce a ladeira, vê a parte de trás da Praça São Benedito: um palco onde há shows, palestras e afins, alguns bancos nas laterais e dois orelhões que fazem muito sucesso: um tigre e um tucano, sempre há alguém tirando foto do lado de um deles. Nessa praça é realizada todos os anos, começando no domingo de Páscoa, a festa em louvor a São Benedito, que dura 9 dias e é um capítulo a parte. Descendo mais um pouco, se vê a frente da igreja e o mastro de São Benedito, que é substituído todos os anos no domingo maior da festa. É a ingreja mais bonita da cidade na minha opinião, embora pequena.
Ainda no sentindo de quem desce há o colégio Chagas Pereira do lado direito da igreja, a escola mais antiga da cidade. Estudei lá dos 6 aos 13 anos, e costumava ser uma escola tradicional, de professores muito bons, embora fosse colégio público. Foi onde cresci, fiz meus primeiros amigos, descobertas e onde começou a minha formação. Lugar de boas lembranças, de brincar no pátio, de tentar entrar no porão da escola, de inúmeras algazarras, de jogar queimada na escada da frente da escola, de tirar os óculos e decorar com flores a estátua do patrono, que fica no jardim frontal da escola. Éramos crianças da pá virada.
E terminando de descer, agora na calçada do colégio, se vê a Rodoviária. Construção velha, feia, com aspecto decadente. É a única rodoviária circular que vi na vida. Tem dois andares e no andar de cima ficam as lojas de roupas, a maioria são de coreanos e há todo tipo de roupa com preços bem acessíveis. Na parte de baixo, há a maioria dos guichês das empresas de ônibus e bares, alguns deles têm até um aspecto bom e são limpos, mas a construção realmente não ajuda.
E rodeando a rodoviária, temos a rua São José, a minha rua. Onde moro desde o dia em que saí do hospital, na mesma casa. Algumas casas da rua, inclusive a minha, foram construídas em 1928 e eram uma vila. Só para constar, a construção da rodoviária é bem posterior, acho que na década de 60 ou 70, não tenho certeza. Quando era criança, a vizinhança era tranqüila e só havia um bar na rua, onde eu ia comprar umas balinhas redondas tipo Mentos que eram uma delícia. O bar fechou e em seu lugar abriu um consultório dentário, aliás, depois veio mais um e um consultório médico, cada um pertencendo a um dos 3 filhos dos nossos vizinhos. Com o tempo, o comércio foi se modificando e atualmente há um salão de beleza, uma pensão, uma lan house, dois consultórios dentários, um médico e uma loja de roupas. E algumas casas, que permaneceram sem tantas modificações. É uma rua barulhenta, movimentada, com um fluxo considerável de carros, ônibus e gente, por conta da Rodoviária. Sempre vejo pessoas indo e vindo em ônibus e sempre fico imaginando para onde elas vão e por quê; geralmente me dá vontade de ir também para algum lugar, qualquer lugar... mas acabo chegando na casinha branca com a garagem estranha. A minha casa.
Nos raros dias em que estou com paciência, ando devagar observando as mercadorias, as situações e pessoas andando por ali. Os romeiros no geral são pessoas bem simples, de pouca instrução e fé enorme. Uma grande parte economiza o ano todo pra poder viajar pra cá, pagar uma promessa e levar várias lembrancinhas de gosto duvidoso para os parentes e amigos. Quando era criança, os artigos mais vendidos eram umas almofadas com umas estampas cafonas, umas sacolas bege com o desenho da Basílica - embaixo do desenho vinha a seguinte frase: "Lembrança de Aparecida", e chaveiros e canetas. Isso sem contar o básico: terços, fitinhas de Nossa Senhora, imagens e quadros variados. Após ultrapassar a barreira humana da feira, vou até a Basílica.
A imagem que se vê da frente da Basílica logo no portão é muito bonita, imponente. Passo pelas pessoas bebendo refrigerante, comendo ou se entretendo com os famosos picolés de Itu(esses picolés de Itu são a coisa mais highlander da cidade - um sorvete de baunilha enorme e sem gosto, com uma cobertura de três cores que as pessoas acreditam que são de chocolate, morango e creme, mas na verdade não tem gosto de nada) perto dos ônibus. Vejo placas de todos os estados... os cariocas geralmente são os mais animados, os sulistas absolutamente educados e não costumam discutir o preço das coisas, os paulistas são mais na deles e por aí vai. Em certa época do ano aparece uma gente loira de pele avermelhada e um sotaque estranhíssimo, do interior do Paraná - comento em separado porque desde criança eles me despertavam curiosidade pelo tom da pele e cabelos... achava muito esquisita aquela gente. Na minha mente de criança, era gente que tinha ficado no sol tempo demais e por isso a pele vermelha; imaginava que se encostasse em algum deles, provavelmente a pessoa gritaria de dor por causa da pele queimada. Coisas de criança...
Dentro da Basílica, gosto de ir até a Sala dos Milagres, onde ficam fotos, troféus, membros de cera, vestidos de noiva e uma infinidade de outras coisas que as pessoas doam em retribuição a graça alcançada. Há várias fotos de jogadores famosos, camisas de time e da seleção, discos, porcelanas. Os membros de cera são um capítulo a parte, pernas, braços, cabeças... de vários tamanhos e tons de amarelo. Há algumas dedicatórias nos objetos que ficam ali e geralmente bate curiosidade e fico lendo qual foi a graça alcançada, os nomes, as datas. Há de tudo: gente que conseguiu cura de alguma doença ou acidente, emprego novo, casamento, reunir a família - essas coisas me fazem achar a fé uma coisa impressionante. Gosto também de olhar as fotos coladas nas paredes - uma infinidade de anônimos de todos os cantos do país, idades, raças e condições financeiras. Na minha infância, meu irmão costumava me levar lá quase toda semana, e durante uma época eu andei cismada que tinha que ter uma foto minha lá. Passei anos procurando por ela e nada... até um dia perguntar pra minha mãe, que riu da pergunta e disse que ela nunca havia colocado uma foto minha lá. Confesso que fiquei um pouco decepcionada.
O passeio se estende até o Centro de Apoio aos Romeiros, onde vou até a loja de uma amiga e às vezes vamos tomar sorvete no Mc Donalds. Quando era criança, o local do Centro era apenas o estacionamento da Basílica... perdi a conta de quantas vezes fui soltar pipa com meus irmãos ou andar de bicicleta(de carona, é claro) com eles. Meus pais passaram algumas tardes de domingo comigo e minha irmã lá, tentando me ensinar a andar de bicicleta, sem sucesso. Nunca tive equilíbrio suficiente, acabava perdendo a paciência e acabei por fim desistindo. Mas ainda assim, adorava os passeios.
Depois de conversar e andar bastante, é hora de voltar pra casa, e venho pela Passarela, que atualmente tem grades altas, pois costumava ser o local preferido dos suicidas da cidade, inclusive um ex-marido de uma tia minha se jogou de lá há uns 3-4 anos. De lá dá pra ter uma vista muito bonita da cidade e redondezas. É muito bonito ver o sol se escondendo na Serra da Mantiqueira nas tardes avermelhadas de outono. É interessante ver também as pessoas atravessando a passarela de joelhos - sempre me pego a pensar no que foi que as levou a esse sacrifício... é, fé a gente não explica mesmo.
A saída da Passarela dá para a Praça N. Senhora Aparecida com suas construções antigas, a Catedral e o comércio. Movimento de pessoas entrando e saindo das lojas com alguma lembrancinha, crianças tomando sorvete e correndo pela praça, carros, agenciadores chamando os romeiros para almoçar nos restaurantes ou ficar nos hotéis, um e outro lambe-lambe pra tirar foto com uma imagem da basílica ou da santa ao fundo, não sei se ainda tiram fotos das crianças montadas num asno - alguns eram até pintados para ficar parecidos com zebras.
Atravessando a praça chego a ladeira Monte Carmelo, atualmente com um calçadão, mas ainda assim as pessoas andam no meio da rua, devido a quantidade de bugingangas que os lojistas deixam expostas na calçada, tornando-a uma extensão de suas lojas. E descendo, se vê todo tipo de comércio, um antigo teleférico, um parque, hotéis com as fachadas revitalizadas - coisa feita há pouco tempo e gente subindo e descendo, olhando tudo com curiosidade e calma, comentando, rindo, negociando com os lojistas.
Quem desce a ladeira, vê a parte de trás da Praça São Benedito: um palco onde há shows, palestras e afins, alguns bancos nas laterais e dois orelhões que fazem muito sucesso: um tigre e um tucano, sempre há alguém tirando foto do lado de um deles. Nessa praça é realizada todos os anos, começando no domingo de Páscoa, a festa em louvor a São Benedito, que dura 9 dias e é um capítulo a parte. Descendo mais um pouco, se vê a frente da igreja e o mastro de São Benedito, que é substituído todos os anos no domingo maior da festa. É a ingreja mais bonita da cidade na minha opinião, embora pequena.
Ainda no sentindo de quem desce há o colégio Chagas Pereira do lado direito da igreja, a escola mais antiga da cidade. Estudei lá dos 6 aos 13 anos, e costumava ser uma escola tradicional, de professores muito bons, embora fosse colégio público. Foi onde cresci, fiz meus primeiros amigos, descobertas e onde começou a minha formação. Lugar de boas lembranças, de brincar no pátio, de tentar entrar no porão da escola, de inúmeras algazarras, de jogar queimada na escada da frente da escola, de tirar os óculos e decorar com flores a estátua do patrono, que fica no jardim frontal da escola. Éramos crianças da pá virada.
E terminando de descer, agora na calçada do colégio, se vê a Rodoviária. Construção velha, feia, com aspecto decadente. É a única rodoviária circular que vi na vida. Tem dois andares e no andar de cima ficam as lojas de roupas, a maioria são de coreanos e há todo tipo de roupa com preços bem acessíveis. Na parte de baixo, há a maioria dos guichês das empresas de ônibus e bares, alguns deles têm até um aspecto bom e são limpos, mas a construção realmente não ajuda.
E rodeando a rodoviária, temos a rua São José, a minha rua. Onde moro desde o dia em que saí do hospital, na mesma casa. Algumas casas da rua, inclusive a minha, foram construídas em 1928 e eram uma vila. Só para constar, a construção da rodoviária é bem posterior, acho que na década de 60 ou 70, não tenho certeza. Quando era criança, a vizinhança era tranqüila e só havia um bar na rua, onde eu ia comprar umas balinhas redondas tipo Mentos que eram uma delícia. O bar fechou e em seu lugar abriu um consultório dentário, aliás, depois veio mais um e um consultório médico, cada um pertencendo a um dos 3 filhos dos nossos vizinhos. Com o tempo, o comércio foi se modificando e atualmente há um salão de beleza, uma pensão, uma lan house, dois consultórios dentários, um médico e uma loja de roupas. E algumas casas, que permaneceram sem tantas modificações. É uma rua barulhenta, movimentada, com um fluxo considerável de carros, ônibus e gente, por conta da Rodoviária. Sempre vejo pessoas indo e vindo em ônibus e sempre fico imaginando para onde elas vão e por quê; geralmente me dá vontade de ir também para algum lugar, qualquer lugar... mas acabo chegando na casinha branca com a garagem estranha. A minha casa.
24 setembro 2007
Ele...
O sono ainda não veio e realmente estou cansada de ficar virando na cama, como se meu sono dependesse exclusivamente de uma posição ideal. Várias idéias e pensamentos povoando minha mente de maneira caótica como sempre.
E ele veio perturbar o sono que nunca vai chegar. Há quantas horas nos falamos? Perdi as contas... mas sempre parece que ele se foi há muito tempo. É a sensação de se sentir abandonada numa casa no meio do nada... você vê a pessoa sumindo no horizonte e não pode fazer nada, não consegue nem gritar pra ela voltar e também não pode ir atrás porque a essa altura, você já não consegue mais avistar nem o rastro dela.
Ele se vai e sempre deixa alguma coisa... tenho várias lembranças, marcas. Boas, ruins ou somente lembranças, daquelas que surgem do nada e você não sabe o porquê de elas surgirem.
Às vezes ele se vai e eu fico esperando, obediente. Às vezes ele se vai e eu vou também, olhar o tempo, ver outras coisas, mas logo volto - não consigo ficar muito tempo longe dele. Às vezes eu me vou e ele fica; o que acontece nessas vezes, talvez eu nunca vá saber. Mas saber o que ele fez como maneira de vigiá-lo pouco me importa. Quero saber o que ele fez porque me parece interessante.
Ainda não consigo adivinhá-lo. Sempre calo quando ele me adivinha, mas ele sabe. Ele sempre sabe... e sempre me encosta na parede. Raramente consigo fugir, ele consegue ser mais forte com nenhum esforço. E eu tenho medo dele. Muito medo.
Consegui mostrar um monte de defeitos e falhas pra ele, mas parece que não funcionou. Não consegui ser repelente o suficiente. Tinha que ter funcionado com ele. Funcionou com todos os outros, oras.
Nos consumimos em nossos temperamentos. Discussões, brigas, pazes, dias normais, dias anormais. Não temos bons dias, acho. Temos dias intensos, fazendo curvas de montanha-russa. Mas ele tem dias de sossego, dias em que está especialmente divertido. Dias em que me deixa preocupada porque não está bem - nesses dias invariavelmente me vem a mente um abraço apertado, um carinho. Dias empolgados. Dias muito meigos que eu acho lindos. Dias em que é melhor não chegar perto, porque sai faísca. Mas geralmente procuro as faíscas. Às vezes elas aparecem sem eu procurar.
Ele faz eu me sentir muito menininha, fragilzinha - eu odeio isso. Divido muitas coisas com ele que não divido com mais ninguém, coisas que conto sem perceber. É um dos sinais que indicam que já não posso fazer muita coisa... porque a guarda já foi baixada há tempos. Mais uma vez eu tento fugir, mas nunca dá. Parece que os braços são enormes. E eu sempre sinto a falta dele.
Há uma reunião de uma porção de eles num só. E eu gosto de todos eles. E aprendi com algum desses eles a entender e a aceitar o silêncio. Porque a minha tagarelice costuma servir pra uma coisa só: fugir. Porque sou assim. E porque tagarelar desvia a minha própria atenção, pra não ver que não dá pra evitar o inevitável. Uma hora a gente tem que ceder. Mesmo que não saiba como fazer isso. E como recompensa, o sono virá independentemente da posição.
E ele veio perturbar o sono que nunca vai chegar. Há quantas horas nos falamos? Perdi as contas... mas sempre parece que ele se foi há muito tempo. É a sensação de se sentir abandonada numa casa no meio do nada... você vê a pessoa sumindo no horizonte e não pode fazer nada, não consegue nem gritar pra ela voltar e também não pode ir atrás porque a essa altura, você já não consegue mais avistar nem o rastro dela.
Ele se vai e sempre deixa alguma coisa... tenho várias lembranças, marcas. Boas, ruins ou somente lembranças, daquelas que surgem do nada e você não sabe o porquê de elas surgirem.
Às vezes ele se vai e eu fico esperando, obediente. Às vezes ele se vai e eu vou também, olhar o tempo, ver outras coisas, mas logo volto - não consigo ficar muito tempo longe dele. Às vezes eu me vou e ele fica; o que acontece nessas vezes, talvez eu nunca vá saber. Mas saber o que ele fez como maneira de vigiá-lo pouco me importa. Quero saber o que ele fez porque me parece interessante.
Ainda não consigo adivinhá-lo. Sempre calo quando ele me adivinha, mas ele sabe. Ele sempre sabe... e sempre me encosta na parede. Raramente consigo fugir, ele consegue ser mais forte com nenhum esforço. E eu tenho medo dele. Muito medo.
Consegui mostrar um monte de defeitos e falhas pra ele, mas parece que não funcionou. Não consegui ser repelente o suficiente. Tinha que ter funcionado com ele. Funcionou com todos os outros, oras.
Nos consumimos em nossos temperamentos. Discussões, brigas, pazes, dias normais, dias anormais. Não temos bons dias, acho. Temos dias intensos, fazendo curvas de montanha-russa. Mas ele tem dias de sossego, dias em que está especialmente divertido. Dias em que me deixa preocupada porque não está bem - nesses dias invariavelmente me vem a mente um abraço apertado, um carinho. Dias empolgados. Dias muito meigos que eu acho lindos. Dias em que é melhor não chegar perto, porque sai faísca. Mas geralmente procuro as faíscas. Às vezes elas aparecem sem eu procurar.
Ele faz eu me sentir muito menininha, fragilzinha - eu odeio isso. Divido muitas coisas com ele que não divido com mais ninguém, coisas que conto sem perceber. É um dos sinais que indicam que já não posso fazer muita coisa... porque a guarda já foi baixada há tempos. Mais uma vez eu tento fugir, mas nunca dá. Parece que os braços são enormes. E eu sempre sinto a falta dele.
Há uma reunião de uma porção de eles num só. E eu gosto de todos eles. E aprendi com algum desses eles a entender e a aceitar o silêncio. Porque a minha tagarelice costuma servir pra uma coisa só: fugir. Porque sou assim. E porque tagarelar desvia a minha própria atenção, pra não ver que não dá pra evitar o inevitável. Uma hora a gente tem que ceder. Mesmo que não saiba como fazer isso. E como recompensa, o sono virá independentemente da posição.
...
Mais um dia, uma semana, um mês, um ano e uma vida a menos. E tudo pro alto, às favas, pro inferno, pro raio que o parta... têm coisas nessa vida que a gente precisa exorcizar pra poder dar continuidade, pra parar de travar todas as outras... mas a gente simplesmente não consegue. Por comodismo, medo do novo, orgulho, ignorância... ou qualquer outra coisa. Mas raramente é por circunstâncias e pessoas alheias à nossa vontade. Eu sempre me recusei a acreditar que às vezes a gente não pode ter as rédeas da própria vida, a não ser na morte - o que implica em ser totalmente responsável pelos meus atos sempre. Só que ultimamente eu não ando querendo ser tão responsável assim... nem por mim, nem por ninguém, nem por porra nenhuma. E as coisas vão se acumulando... situações, problemas, pessoas... ciclos que não fecham porque eu decidi largar pra lá e sair pra brincar. Como se elas não existissem, como se eu não fosse reponsável por nenhuma delas. E no caminho eu ando deixando alguns pedaços importantes, que não vai dar pra colar depois, porque vão perder o formato certo do encaixe e não vai dar pra voltar atrás. Paciência.
Levei uns três trancos esse final de semana que me fizeram repensar várias coisas a respeito disso: já passou da hora de recolher o lego da calçada, voltar pra casa e me arrumar. E arrumar a bagunça toda que eu fiz. Talvez assim eu recupere minhas noites tranqüilas de sono, que saíram pra brincar também há uns 3 meses e não voltaram.
Levei uns três trancos esse final de semana que me fizeram repensar várias coisas a respeito disso: já passou da hora de recolher o lego da calçada, voltar pra casa e me arrumar. E arrumar a bagunça toda que eu fiz. Talvez assim eu recupere minhas noites tranqüilas de sono, que saíram pra brincar também há uns 3 meses e não voltaram.
22 setembro 2007
Ele
Formávamos um desses casaizinhos perfeitos convencionais: ambos trabalhavam fora, eram bem-sucedidos e estavam sempre felizes. Tenho que admitir que Daniel sempre foi um pouco além das expectativas de qualquer mulher, ajudava nos afazeres domésticos, era paciente nos meus períodos de TPM e um ótimo amante. E como todo casal perfeito, tentávamos manter todo o estresse que o trabalho de ambos gerava bem longe de casa. Nos finais de semana costumávamos sair, viajar ou reunir os amigos em casa pra jogar conversa fora e beber. Eram bons tempos.
Nossa primeira crise aconteceu quando Daniel teve uma crise de estresse por conta do trabalho. Ele era incapaz de dividir seus problemas com quem quer que fosse e não costumava falar muito quando algo o incomodava. Chegava em casa desanimado, jantava, tomava banho e dormia. Às vezes conversava sobre amenidades e ria, mas não era a mesma pessoa. Tentava conversar, saber o que estava acontecendo e ele simplesmente me dizia que ia passar, que não queria falar sobre isso. Tive muitas noites solitárias nessa época, ele se deitava e não dizia palavra, mal encostava em mim, vivia cansado demais. Numa dessas vezes, me aninhei no peito dele enquanto dormia e acabei adormecendo também. Acordei com ele chorando e dizendo que me amava. Naquela noite ele contou tudo o que estava acontecendo, a pressão no trabalho, o medo de não ser reconhecido e seus planos de mudar para outra área, para alguma coisa que não o preocupasse tanto. Sabia que estava sendo relapso comigo e temia que eu o deixasse. Conversamos bastante e a partir dali resolvemos muita coisa. Voltamos a ter dias felizes.
Uma vez decidimos que todo sábado seria o nosso dia pra fazer só o que gostássemos. Era o dia em que Daniel ficava me observando andar pela casa descabelada, seminua e descalça. Sempre assoviava e fazia um movimento com as mãos que significava pra lá e pra cá, em referência aos meus quadris, quando passava por ele. Eu sempre perguntava o que era que ele estava olhando e ele sempre mandava eu parar de rebolar. E ambos ríamos.
Gostava de observá-lo, compenetrado, lavando o carro - tratava aquele Astra preto como a 8ª maravilha do mundo, enquanto eu ficava olhando aqueles braços e ombros largos no sol. Às vezes eu resmungava que já estava bom, que o carro já estava limpo e era melhor ele parar, entrar e tomar um banho. Ele ria e entendia o recado... invariavelmente eu estaria esperando embaixo do chuveiro.
No mais, nossos sábados se resumiam a passeios, noitadas, tardes intermináveis jogando vídeo-game e discutindo quem jogava melhor. Às vezes passávamos o dia na cama, descobrindo alguma posição que ainda não tínhamos feito ou algum canto do corpo do outro que ainda não tinha sido explorado. Me lembro de um desses sábados... tinha passado a semana toda com vontade de comer amoras - me lembravam a adolescência - e não tinha achado em mercado algum. E Daniel veio me acordar cedo com um monte delas, trazendo o sabor de adolescência - sabor esse que resultou numa brincadeira que deixou nossos corpos e os lençóis pintados. Ríamos.
Não tivemos filhos, não quisemos adotar. Depois de vários tratamentos, descobrimos que eu era estéril. Daniel estava lá, me apoiou o tempo todo. Mas depois da notícia que jamais seria pai, seus olhos negros perderam um pouco do brilho. Eu nunca consegui fazer alguma coisa que recuperasse esse brilho e me resignei. A mulher da vida de Daniel não tinha o dom de ser mãe, mas mesmo assim ele fazia questão de reforçar que ela era a mulher da vida dele.
Tínhamos gênios difíceis e uma inteligência acima da média. O problema era justamente esse: tínhamos sensibilidade para coisas diferentes e Daniel era reservado no que dizia respeito a ele. Mas no que dizia a mim, sempre tinha um argumento para me fazer falar o que quisesse, para concordar com seus motivos e opiniões. Discutíamos bastante e parte da sensibilidade dele sabia que quando eu me calava ou dizia não, era hora de ficar na dele e me respeitar. E a outra parte sabia que quando eu perguntava alguma coisa, era porque incomodava. No que dizia respeito ao resto, tínhamos concordado em não questionar as convicções políticas nem as religiosas de cada um - nossas opiniões sempre divergiam e sempre saía faísca. Ah, não era permitido discutir sobre times também, o máximo que dizíamos era que além dos gatos, havia um porco e uma veada em casa. E geralmente nessas horas ele imitava um porco e saía correndo atrás de mim pela casa. E nos perdíamos em carinhos.
Daniel andou enjoado de mim por um tempo e arrumou uma amante chamada Lígia. Para minha surpresa, ela era oriental - Daniel nunca havia gostado de orientais, e trabalhava com ele. O caso durou uns três meses, e nesse tempo ele ficava até mais tarde no escritório quase todo dia. Mas se comportava como se nada estivesse acontecendo, era carinhoso e o sexo continuava bom. Um dia comentou com um entusiasmo diferente que Lígia era uma arquiteta muito competente, esforçada e... divertidíssima. Na hora, lancei um olhar fulminante e disse que queria conhecê-la, que ele deveria convidá-la para jantar conosco. Foi a única vez em que vi Daniel perder o jogo de cintura e a voz. Ele acabou me contando tudo e pedindo desculpas, enquanto eu só conseguia chorar. Percebi que amava Daniel mais do que podia imaginar. Mas mesmo assim me mudei para o apartamento de Simone, uma amiga solteirona que lecionava nos mesmos colégios que eu. Lígia pediu demissão na semana seguinte a minha saída de casa e tomou um rumo desconhecido. Fiquei sabendo depois que Daniel rompeu com ela na noite em que saí de casa.
Morei uns dois meses com Simone, tempo suficiente para colocar a cabeça no lugar. Não conheci ninguém nesse ínterim e nem reencontrei Rodrigo, só conseguia pensar no que sentia e pensar no que seria dali para frente. Um dia, Daniel ficou esperando eu chegar do colégio na porta do prédio a noite toda. Cheguei e o vi dentro do carro, sorrindo. Fui ríspida e perguntei o que fazia ali. Ele me disse que naquela noite eu voltaria com ele para nossa casa. E voltei. E recomeçamos.
Antes de Lígia aparecer, eu também andava enjoada de Daniel. Foi quando conheci Rodrigo, o professor de Matemática do colégio novo em que eu estava lecionando. Era um homem muito bonito, divertido e insistia em me notar. Conversávamos bastante e um dia ele me convidou para um café sem compromisso. Depois de muito pensar, fui e acabamos estendendo a tarde num motel. Na despedida disse que queria me ver mais vezes, eu sorri e concordei. Quando ele deu as costas, comecei a chorar, não pertencia mais a Daniel. Aleguei uma dor qualquer e não voltei para as aulas do período noturno, fui para casa. Depois de muito chorar, tomei uns remédios e adormeci antes de Daniel chegar. No outro dia, acordei com flores, café na cama e um Daniel preocupado. Tinha visto os remédios e queria saber o que havia acontecido. Inventei qualquer desculpa que ele acabou engolindo.
Ainda me encontrei com Rodrigo durante um tempo, mas acabei me enjoando dele também. Era um bom amante, boa companhia e nada mais. Daniel nunca me perguntou nada, suponho que nunca tenha desconfiado ou andava pensando demais em Lígia - eles começaram a ter um caso um tempo depois do fim do meu affair com Rodrigo.
Um tempo depois da minha volta, Daniel quis ter um aquário. Eu detestava aquários, mas concordei e fiz ele me prometer que jamais o colocaria no nosso quarto, não queria ter peixinhos dourados assombrando meu sono. Ele prometeu e riu, me chamando de esquisitinha. Achei que era só brincadeira, pois já tínhamos Apolo e Ártemis, um gato branco e uma gata preta que ele havia me dado de presente e que às vezes faziam uma bagunça considerável na casa. Mas um dia ele chegou com um daqueles aquários simples, com dois peixinhos dourados dentro. Colocou o aquário na estante da sala e me disse que aquele seria uma experiência; se ele conseguisse cuidar daqueles dois por mais de um mês, compraria um aquário de verdade, com tudo que tivesse direito.
Misteriosamente, o aquário não durou quinze dias. Ártemis não havia resistido ao instinto e caçou os dois peixinhos dourados, para meu desespero. Quando contei o que havia acontecido, Daniel riu e me disse que compraria outro aquário, só que colocaria no escritório dele, já que Ártemis não era muito receptiva. Nunca mais tivemos outros animais de estimação em casa que não fossem Apolo e Ártemis.
Nossa primeira crise aconteceu quando Daniel teve uma crise de estresse por conta do trabalho. Ele era incapaz de dividir seus problemas com quem quer que fosse e não costumava falar muito quando algo o incomodava. Chegava em casa desanimado, jantava, tomava banho e dormia. Às vezes conversava sobre amenidades e ria, mas não era a mesma pessoa. Tentava conversar, saber o que estava acontecendo e ele simplesmente me dizia que ia passar, que não queria falar sobre isso. Tive muitas noites solitárias nessa época, ele se deitava e não dizia palavra, mal encostava em mim, vivia cansado demais. Numa dessas vezes, me aninhei no peito dele enquanto dormia e acabei adormecendo também. Acordei com ele chorando e dizendo que me amava. Naquela noite ele contou tudo o que estava acontecendo, a pressão no trabalho, o medo de não ser reconhecido e seus planos de mudar para outra área, para alguma coisa que não o preocupasse tanto. Sabia que estava sendo relapso comigo e temia que eu o deixasse. Conversamos bastante e a partir dali resolvemos muita coisa. Voltamos a ter dias felizes.
Uma vez decidimos que todo sábado seria o nosso dia pra fazer só o que gostássemos. Era o dia em que Daniel ficava me observando andar pela casa descabelada, seminua e descalça. Sempre assoviava e fazia um movimento com as mãos que significava pra lá e pra cá, em referência aos meus quadris, quando passava por ele. Eu sempre perguntava o que era que ele estava olhando e ele sempre mandava eu parar de rebolar. E ambos ríamos.
Gostava de observá-lo, compenetrado, lavando o carro - tratava aquele Astra preto como a 8ª maravilha do mundo, enquanto eu ficava olhando aqueles braços e ombros largos no sol. Às vezes eu resmungava que já estava bom, que o carro já estava limpo e era melhor ele parar, entrar e tomar um banho. Ele ria e entendia o recado... invariavelmente eu estaria esperando embaixo do chuveiro.
No mais, nossos sábados se resumiam a passeios, noitadas, tardes intermináveis jogando vídeo-game e discutindo quem jogava melhor. Às vezes passávamos o dia na cama, descobrindo alguma posição que ainda não tínhamos feito ou algum canto do corpo do outro que ainda não tinha sido explorado. Me lembro de um desses sábados... tinha passado a semana toda com vontade de comer amoras - me lembravam a adolescência - e não tinha achado em mercado algum. E Daniel veio me acordar cedo com um monte delas, trazendo o sabor de adolescência - sabor esse que resultou numa brincadeira que deixou nossos corpos e os lençóis pintados. Ríamos.
Não tivemos filhos, não quisemos adotar. Depois de vários tratamentos, descobrimos que eu era estéril. Daniel estava lá, me apoiou o tempo todo. Mas depois da notícia que jamais seria pai, seus olhos negros perderam um pouco do brilho. Eu nunca consegui fazer alguma coisa que recuperasse esse brilho e me resignei. A mulher da vida de Daniel não tinha o dom de ser mãe, mas mesmo assim ele fazia questão de reforçar que ela era a mulher da vida dele.
Tínhamos gênios difíceis e uma inteligência acima da média. O problema era justamente esse: tínhamos sensibilidade para coisas diferentes e Daniel era reservado no que dizia respeito a ele. Mas no que dizia a mim, sempre tinha um argumento para me fazer falar o que quisesse, para concordar com seus motivos e opiniões. Discutíamos bastante e parte da sensibilidade dele sabia que quando eu me calava ou dizia não, era hora de ficar na dele e me respeitar. E a outra parte sabia que quando eu perguntava alguma coisa, era porque incomodava. No que dizia respeito ao resto, tínhamos concordado em não questionar as convicções políticas nem as religiosas de cada um - nossas opiniões sempre divergiam e sempre saía faísca. Ah, não era permitido discutir sobre times também, o máximo que dizíamos era que além dos gatos, havia um porco e uma veada em casa. E geralmente nessas horas ele imitava um porco e saía correndo atrás de mim pela casa. E nos perdíamos em carinhos.
Daniel andou enjoado de mim por um tempo e arrumou uma amante chamada Lígia. Para minha surpresa, ela era oriental - Daniel nunca havia gostado de orientais, e trabalhava com ele. O caso durou uns três meses, e nesse tempo ele ficava até mais tarde no escritório quase todo dia. Mas se comportava como se nada estivesse acontecendo, era carinhoso e o sexo continuava bom. Um dia comentou com um entusiasmo diferente que Lígia era uma arquiteta muito competente, esforçada e... divertidíssima. Na hora, lancei um olhar fulminante e disse que queria conhecê-la, que ele deveria convidá-la para jantar conosco. Foi a única vez em que vi Daniel perder o jogo de cintura e a voz. Ele acabou me contando tudo e pedindo desculpas, enquanto eu só conseguia chorar. Percebi que amava Daniel mais do que podia imaginar. Mas mesmo assim me mudei para o apartamento de Simone, uma amiga solteirona que lecionava nos mesmos colégios que eu. Lígia pediu demissão na semana seguinte a minha saída de casa e tomou um rumo desconhecido. Fiquei sabendo depois que Daniel rompeu com ela na noite em que saí de casa.
Morei uns dois meses com Simone, tempo suficiente para colocar a cabeça no lugar. Não conheci ninguém nesse ínterim e nem reencontrei Rodrigo, só conseguia pensar no que sentia e pensar no que seria dali para frente. Um dia, Daniel ficou esperando eu chegar do colégio na porta do prédio a noite toda. Cheguei e o vi dentro do carro, sorrindo. Fui ríspida e perguntei o que fazia ali. Ele me disse que naquela noite eu voltaria com ele para nossa casa. E voltei. E recomeçamos.
Antes de Lígia aparecer, eu também andava enjoada de Daniel. Foi quando conheci Rodrigo, o professor de Matemática do colégio novo em que eu estava lecionando. Era um homem muito bonito, divertido e insistia em me notar. Conversávamos bastante e um dia ele me convidou para um café sem compromisso. Depois de muito pensar, fui e acabamos estendendo a tarde num motel. Na despedida disse que queria me ver mais vezes, eu sorri e concordei. Quando ele deu as costas, comecei a chorar, não pertencia mais a Daniel. Aleguei uma dor qualquer e não voltei para as aulas do período noturno, fui para casa. Depois de muito chorar, tomei uns remédios e adormeci antes de Daniel chegar. No outro dia, acordei com flores, café na cama e um Daniel preocupado. Tinha visto os remédios e queria saber o que havia acontecido. Inventei qualquer desculpa que ele acabou engolindo.
Ainda me encontrei com Rodrigo durante um tempo, mas acabei me enjoando dele também. Era um bom amante, boa companhia e nada mais. Daniel nunca me perguntou nada, suponho que nunca tenha desconfiado ou andava pensando demais em Lígia - eles começaram a ter um caso um tempo depois do fim do meu affair com Rodrigo.
Um tempo depois da minha volta, Daniel quis ter um aquário. Eu detestava aquários, mas concordei e fiz ele me prometer que jamais o colocaria no nosso quarto, não queria ter peixinhos dourados assombrando meu sono. Ele prometeu e riu, me chamando de esquisitinha. Achei que era só brincadeira, pois já tínhamos Apolo e Ártemis, um gato branco e uma gata preta que ele havia me dado de presente e que às vezes faziam uma bagunça considerável na casa. Mas um dia ele chegou com um daqueles aquários simples, com dois peixinhos dourados dentro. Colocou o aquário na estante da sala e me disse que aquele seria uma experiência; se ele conseguisse cuidar daqueles dois por mais de um mês, compraria um aquário de verdade, com tudo que tivesse direito.
Misteriosamente, o aquário não durou quinze dias. Ártemis não havia resistido ao instinto e caçou os dois peixinhos dourados, para meu desespero. Quando contei o que havia acontecido, Daniel riu e me disse que compraria outro aquário, só que colocaria no escritório dele, já que Ártemis não era muito receptiva. Nunca mais tivemos outros animais de estimação em casa que não fossem Apolo e Ártemis.
21 setembro 2007
E diz que hoje eu acordei romântica...
Por Que A Gente é Assim?
Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que que a gente é assim?
Agora fica comigo
E vê se não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Mas não me mastiga assim
Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que que a gente é assim?
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Baby, por que a gente é assim?
Você tem exatamente
Três mil horas pra parar de me beijar
Hum, meu bem, você tem tudo
Pra me conquistar
Você tem exatamente
Um segundo pra aprender a me amar
Você tem a vida inteira
Pra me devorar
Pra me devorar!
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?
Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que que a gente é assim?
Agora fica comigo
E vê se não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Mas não me mastiga assim
Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que que a gente é assim?
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Baby, por que a gente é assim?
Você tem exatamente
Três mil horas pra parar de me beijar
Hum, meu bem, você tem tudo
Pra me conquistar
Você tem exatamente
Um segundo pra aprender a me amar
Você tem a vida inteira
Pra me devorar
Pra me devorar!
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?
Terapias...
Caco Galhardo - AMOOO!
E isso realmente é muito a minha cara... acordar deprê e arrumar uns carnezinhos básicos que no começo do mês consomem meus honorários de escraviária. Mas enfim, cada um curte suas deprês do jeito que dá, seja comprando, bebendo, choramingando ou arrumando mais sarna pra se coçar ainda. Já passei inúmeras noites no bar achando que o mundo ia acabar em birita colorida por qualquer motivo tosco e bem, no outro dia... o mundo parecia que acabar em ressaca.
Esse tipo de sistema de compensação é engraçado, independentemente do motivo ser amor, profissão ou qualquer outro chilique existencial, porque na hora tudo fica perfeito: você volta pra casa com várias sacolinhas cheias de coisas fofas, lindas e que na hora lhe parecem super úteis; bebe tudo que tem direito, ri muito (inclusive sem saber do quê), e faz coisas que na hora lhe parecem super legais (beijar um carinha que na hora pareceu lindo). Aí, depois que a euforia passa, você vê que comprou várias coisas que não vão ter a mínima utilidade e que não combinam com nada; o carinha que você beijou na balada e era tudo de fofo... bem, melhor nem comentar. E aí vem o arrependimento e a ressaca moral... você pode até trocar algumas coisas que comprou, mas o carinha... melhor evitar, né? Bate uma deprê diferente, e você provavelmente vai arrumar um jeito de compensá-la com alguma outra coisa, nem que seja comendo um pote de sorvete na frente da tv. E assim as coisas vão indo, sempre trocando uma coisa por outra, errando e acertando aqui e ali. E é engraçado ver como temos medo e tentamos fugir da dor, do vazio a todo custo... e como disfarçamos isso de busca da felicidade - mesmo que ela seja temporária e custe o dobro do seu salário...
*Em tempo: alguém quer uns carnezinhos aí?
E isso realmente é muito a minha cara... acordar deprê e arrumar uns carnezinhos básicos que no começo do mês consomem meus honorários de escraviária. Mas enfim, cada um curte suas deprês do jeito que dá, seja comprando, bebendo, choramingando ou arrumando mais sarna pra se coçar ainda. Já passei inúmeras noites no bar achando que o mundo ia acabar em birita colorida por qualquer motivo tosco e bem, no outro dia... o mundo parecia que acabar em ressaca.
Esse tipo de sistema de compensação é engraçado, independentemente do motivo ser amor, profissão ou qualquer outro chilique existencial, porque na hora tudo fica perfeito: você volta pra casa com várias sacolinhas cheias de coisas fofas, lindas e que na hora lhe parecem super úteis; bebe tudo que tem direito, ri muito (inclusive sem saber do quê), e faz coisas que na hora lhe parecem super legais (beijar um carinha que na hora pareceu lindo). Aí, depois que a euforia passa, você vê que comprou várias coisas que não vão ter a mínima utilidade e que não combinam com nada; o carinha que você beijou na balada e era tudo de fofo... bem, melhor nem comentar. E aí vem o arrependimento e a ressaca moral... você pode até trocar algumas coisas que comprou, mas o carinha... melhor evitar, né? Bate uma deprê diferente, e você provavelmente vai arrumar um jeito de compensá-la com alguma outra coisa, nem que seja comendo um pote de sorvete na frente da tv. E assim as coisas vão indo, sempre trocando uma coisa por outra, errando e acertando aqui e ali. E é engraçado ver como temos medo e tentamos fugir da dor, do vazio a todo custo... e como disfarçamos isso de busca da felicidade - mesmo que ela seja temporária e custe o dobro do seu salário...
*Em tempo: alguém quer uns carnezinhos aí?
19 setembro 2007
Rehab
Às vezes a gente precisa arrumar umas prioridades pra fazer o tempo passar mais rápido, certo? Pois é, resolvi me reabilitar. Parar de fumar, dar um tempo nas bebedeiras (vai ser hilário sair pra tomar coca-cola, gente) e arrumar um hidrante decente pra passar no corpo.
Homem não tem noção do que é isso... mas finalmente consegui arranjar um bom, que não dá aquela sensação de calor depois que a gente passa e nem fica grudando na roupa. Adoro. Tenho passado religiosamente nos últimos 3 dias (vamos ver quanto tempo isso dura...).
Quanto a parar de fumar, tou cansada de ser uma moça bonita, inteligente e fedorenta. A sensação gostosa depois de fumar não anda compensando o cheiro nas mãos, no cabelo, no corpo... tenho tabaco impregnado até na alma. Descolei uma parada pra tomar duas vezes por dia que diz que diminui a ansiedade e a vontade de fumar... vou ver qual é. O tratamento dura em média 2 meses. E durante esses 2 meses não é aconselhável beber pra não cortar o efeito e pela dependência casada mesmo... cerveja e cigarro é como pizza e refrigerante, acho. Ou qualquer outra coisa do tipo.
Já tentei parar de fumar umas várias vezes, sem sucesso. Consegui uma vez ficar um mês sem fumar... mas por motivo de saúde. Foi só melhorar que danou-se. Das outras que tentei, consegui diminuir bastante, mas tive uns efeitos colaterais - vontade absurda de comer doce (substituição de um vício por outro) e um mau humor fora do normal. No final acabei voltando mesmo. Não vou dizer que agora é definitivo, que isso é papo de viciado que diz que pára quando quer... bom, isso não existe.
No mais, tou tentando dizer não a junkie food que adoro. E ao hábito de ir dormir depois das duas da manhã. E a vários outros péssimos hábitos, inclusive o de insistir em coisas que não dão certo. Não é fácil... mas faz o tempo correr... e enquanto ele corre, eu esqueço o que me atormenta. E ter a pele e os cabelos cheirosos de novo, não tem preço.
Homem não tem noção do que é isso... mas finalmente consegui arranjar um bom, que não dá aquela sensação de calor depois que a gente passa e nem fica grudando na roupa. Adoro. Tenho passado religiosamente nos últimos 3 dias (vamos ver quanto tempo isso dura...).
Quanto a parar de fumar, tou cansada de ser uma moça bonita, inteligente e fedorenta. A sensação gostosa depois de fumar não anda compensando o cheiro nas mãos, no cabelo, no corpo... tenho tabaco impregnado até na alma. Descolei uma parada pra tomar duas vezes por dia que diz que diminui a ansiedade e a vontade de fumar... vou ver qual é. O tratamento dura em média 2 meses. E durante esses 2 meses não é aconselhável beber pra não cortar o efeito e pela dependência casada mesmo... cerveja e cigarro é como pizza e refrigerante, acho. Ou qualquer outra coisa do tipo.
Já tentei parar de fumar umas várias vezes, sem sucesso. Consegui uma vez ficar um mês sem fumar... mas por motivo de saúde. Foi só melhorar que danou-se. Das outras que tentei, consegui diminuir bastante, mas tive uns efeitos colaterais - vontade absurda de comer doce (substituição de um vício por outro) e um mau humor fora do normal. No final acabei voltando mesmo. Não vou dizer que agora é definitivo, que isso é papo de viciado que diz que pára quando quer... bom, isso não existe.
No mais, tou tentando dizer não a junkie food que adoro. E ao hábito de ir dormir depois das duas da manhã. E a vários outros péssimos hábitos, inclusive o de insistir em coisas que não dão certo. Não é fácil... mas faz o tempo correr... e enquanto ele corre, eu esqueço o que me atormenta. E ter a pele e os cabelos cheirosos de novo, não tem preço.
12 setembro 2007
Variedades...
Pra variar... mais uma madrugada adentro sem sono. E pensando, pensando. Os espíritas dizem que nós escolhemos como queremos vir ao mundo... bom, às vezes eu acho que não entenderam direito as minhas especificações. Eu queria vir só porra-louca, mas aí algum espírito de porco cismou que eu tinha que pensar também... affe. E o pior é que nem tem o número do Procon lá de cima, ou de baixo pra reclamar...
Às vezes a gente passa por tanta coisa ruim de uma vez que não sabe como é que vai conseguir dar conta de tudo e levantar, ou melhor, não se abaixar ou não deixar a peteca cair. É fato que eu ando numa fase péssima, com vários problemas que não dependem de mim e não têm solução visível. Mas ainda consigo rir, me divertir e levar. Eu não sei como funciona a superação com as outras pessoas, mas cada vez que as coisas pioram, primeiro eu reajo muito bem e faço o possível pra logo depois (quando tudo começa a esboçar uma melhora) afundar... e logo depois renascer. E continuar rindo, me divertindo e levando. Não acho que o sofrimento seja enriquecedor ou torne as pessoas melhores, mas não reclamo - só acho curioso esse mecanismo mesmo. Precisava conversar com alguém da linha de montagem pra saber como é que funciona isso, porque na boa, acho bacana. Deve ser a compensação pela falha de me fazerem pensante.
----
A melhor frase que ouvi no último mês é completamente impublicável.
Dentre as pérolas... uma das mais engraçadas foi uma amiga bêbada num posto de gasolina gritando "Obrigada, céu!", "Obrigada, vinho!", "Obrigada, pé na bunda!" e eu tão bêbada quanto, tentando explicar que Deus tinha um plano pra nós. O problema é justamente que o plano de Deus não saiu do plano dos planos, pelo jeito. Continuamos na mesma.
Outra ótima foi de um colega de trabalho: "Querida, me dá seu cigarro, vou te proteger de ter eczema(!!!) pulmonar...".
----
Descobri uma coisa interessante sobre escrever sobre particularidades impessoalmente: documentar sentimentos é óteeemo pra pagar a língua depois. E o fato de ser impessoal torna pra você que sentiu, mais pessoal ainda. É você no espelho esfregando o que disse na sua própria cara. Sem dó nem piedade, porque não há ninguém mais cruel conosco do que nós mesmos.
----
E a última revolta: a reforma ortográfica vai abolir tremas... só porque eu adoro. Mas como toda boa pessoa reacionária e retrógrada, vou continuar usando freqüentemente.
----
E a última coisa: adaptação é um lance que existe... disfarçado de maturidade.
Às vezes a gente passa por tanta coisa ruim de uma vez que não sabe como é que vai conseguir dar conta de tudo e levantar, ou melhor, não se abaixar ou não deixar a peteca cair. É fato que eu ando numa fase péssima, com vários problemas que não dependem de mim e não têm solução visível. Mas ainda consigo rir, me divertir e levar. Eu não sei como funciona a superação com as outras pessoas, mas cada vez que as coisas pioram, primeiro eu reajo muito bem e faço o possível pra logo depois (quando tudo começa a esboçar uma melhora) afundar... e logo depois renascer. E continuar rindo, me divertindo e levando. Não acho que o sofrimento seja enriquecedor ou torne as pessoas melhores, mas não reclamo - só acho curioso esse mecanismo mesmo. Precisava conversar com alguém da linha de montagem pra saber como é que funciona isso, porque na boa, acho bacana. Deve ser a compensação pela falha de me fazerem pensante.
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A melhor frase que ouvi no último mês é completamente impublicável.
Dentre as pérolas... uma das mais engraçadas foi uma amiga bêbada num posto de gasolina gritando "Obrigada, céu!", "Obrigada, vinho!", "Obrigada, pé na bunda!" e eu tão bêbada quanto, tentando explicar que Deus tinha um plano pra nós. O problema é justamente que o plano de Deus não saiu do plano dos planos, pelo jeito. Continuamos na mesma.
Outra ótima foi de um colega de trabalho: "Querida, me dá seu cigarro, vou te proteger de ter eczema(!!!) pulmonar...".
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Descobri uma coisa interessante sobre escrever sobre particularidades impessoalmente: documentar sentimentos é óteeemo pra pagar a língua depois. E o fato de ser impessoal torna pra você que sentiu, mais pessoal ainda. É você no espelho esfregando o que disse na sua própria cara. Sem dó nem piedade, porque não há ninguém mais cruel conosco do que nós mesmos.
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E a última revolta: a reforma ortográfica vai abolir tremas... só porque eu adoro. Mas como toda boa pessoa reacionária e retrógrada, vou continuar usando freqüentemente.
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E a última coisa: adaptação é um lance que existe... disfarçado de maturidade.
04 setembro 2007
...
Tinha os sentidos tão adormecidos que não percebeu a barba dele roçando em suas costas, enquanto uma das mãos lhe acariciava os quadris. Estavam ali há quantas horas? Quantas vezes o vai-e-vém havia se repetido? Por que estava tão entorpecida a ponto de não sentir mais nada? Por que ele a abraçava daquele jeito e lhe mordia a nuca?
Desvencilhou-se daqueles braços, ficando de bruços. Não queria mais estar ali, mas algo a impedia de esboçar qualquer reação. Virou o rosto na direção dele, observando sua boca. Ele sorria e balbuciava coisas que ela não entendia. Queria sair dali. Adormeceu.
Desvencilhou-se daqueles braços, ficando de bruços. Não queria mais estar ali, mas algo a impedia de esboçar qualquer reação. Virou o rosto na direção dele, observando sua boca. Ele sorria e balbuciava coisas que ela não entendia. Queria sair dali. Adormeceu.
03 setembro 2007
Chuva
Em dado momento, os dois decidiram abrir a janela e ficar observando a chuva fina em silêncio, absortos em seus próprios pensamentos. Ela pensava em como dizer a ele que não estavam mais sós; que dentro de alguns meses haveria uma outra vida ali que tomaria conta da vida dos dois. Imaginava-se com a barriga crescida, procurando detalhes para decorar o quarto daquela vidinha que já começava a tomar conta da vida dela logo no café da manhã, tornando-o um tanto incômodo. Suspirou e voltou o olhar para ele, que parecia estar muito longe dali. Seus olhos, que geralmente eram tristes, estavam perdidos e parados em algum ponto que ela não conseguiu identifcar.
Ele pensava em como ela andava estranha nas últimas semanas - quase não o tocava, irritava-se facilmente com qualquer coisa que ele dizia e inventava desculpas que custavam a ser engolidas quando ele perguntava o que havia de errado. Não saber o que estava acontecendo o deixava perdido; pensava que talvez ela já não gostasse mais dele e isso doía. Tentava se acalmar pensando que isso era uma fase e que as coisas voltariam ao normal, era só ter um pouco de paciência. Suspirou e voltou o olhar para ela, que o observava com estranheza.
A chuva engrossou, entrando pela janela e molhando ambos, que permaneciam imóveis, se encarando como desconhecidos. Ela sentiu uma dor aguda no ventre e o abraçou, na esperança de que ela passasse. Ele a abraçou tendo a certeza de que tudo ficaria bem. Quando se soltaram, ambos viram o sangue nas roupas dela. A vidinha que ali vivia também havia pensado e concluiu que era melhor ir embora, antes que um dia tivesse a oportunidade de observar a chuva numa madrugada fria.
Ele pensava em como ela andava estranha nas últimas semanas - quase não o tocava, irritava-se facilmente com qualquer coisa que ele dizia e inventava desculpas que custavam a ser engolidas quando ele perguntava o que havia de errado. Não saber o que estava acontecendo o deixava perdido; pensava que talvez ela já não gostasse mais dele e isso doía. Tentava se acalmar pensando que isso era uma fase e que as coisas voltariam ao normal, era só ter um pouco de paciência. Suspirou e voltou o olhar para ela, que o observava com estranheza.
A chuva engrossou, entrando pela janela e molhando ambos, que permaneciam imóveis, se encarando como desconhecidos. Ela sentiu uma dor aguda no ventre e o abraçou, na esperança de que ela passasse. Ele a abraçou tendo a certeza de que tudo ficaria bem. Quando se soltaram, ambos viram o sangue nas roupas dela. A vidinha que ali vivia também havia pensado e concluiu que era melhor ir embora, antes que um dia tivesse a oportunidade de observar a chuva numa madrugada fria.
02 setembro 2007
Top 5...
Músicas para hora H
Angel - Massive Attack
Closer - Nine Inch Nails
Sexual healing - Ben Harper
Glory Box - Portishead
No ordinary love - Sade
Angel - Massive Attack
Closer - Nine Inch Nails
Sexual healing - Ben Harper
Glory Box - Portishead
No ordinary love - Sade
28 agosto 2007
O monstro verde do ciúmes
Gente, eu odeio sentir ciúmes. O-d-e-i-o. Se o amor me torna uma pessoa miserável, o ciúmes costuma me tornar uma pessoinha muito ridícula, mesquinha, pequena e ah... humana e vulnerável. É. Menos quando os objetos do meu ciúmes são meus pais e meus irmãos, mas bem... aí a banda toca outro ritmo, né?
Enfim, ciúmes sempre leva a gente ao ridículo. De uma maneira ou de outra: ou você expõe uma insegurança que nada tem a ver com o samba e fica com cara de tacho, ou não expõe e fica remoendo um tempão até descobrir que não tem nada a ver e ficar com cara de tacho do mesmo jeito. Eu jogo no segundo time na maioria das vezes. É claro que às vezes a gente tem que temperar, ter um ciuminho explícito e basiquinho, porque é bonitinho, fofo e tal. E mostra que você tá ali, que quer, que vê o que acontece ao redor e tal - acho válido.
O foda é quando o pequeno Yago verdinho se apossa do ser da gente e fica cutucando a consciência... "Mas será??" - o maldito diabinho parece que tem prazer em atentar até você ceder e pensar que tem alguma coisa errada mesmo. E aí vem uma série de neuroses descabidas acerca do seu objeto de desejo... uma coisa boba vira uma situação toda e às vezes você acaba vendo chifre em cabeça de cavalo mesmo (na maioria das vezes, pra desespero geral das pessoas que têm alguma noção do quão isso é incômodo). Aí você discute, arma um forfé, atazana a pessoa até ela explicar por a+b que não é nada disso, e fica invariavelmente com um neon vermelho piscando na testa "Idiotaaa!". E dependendo do nível do estrago, você pede desculpas, fala que não vai mais acontecer enquanto o little green Yago se refestela e ri na sua cara, porque ele conseguiu o que queria.
Dia desses, o diabinho se apossou da minha pessoa, confesso. E eu fiquei remoendo um lance que achei meio atravessado umas duas semanas sem dizer palavra. Até ver por a+b que não era nada disso. E que o malditinho tinha pregado mais uma peça, e que sim, uhuuu!, eu sou ridícula. No final, era uma coisa tão tosca e descabida que só consegui rir de mim mesma. E mandar o pequenino ser ir passear bem longe. Até ele resolver voltar e atazanar de novo, porque no final... somos todos humanos e vulneráveis mesmo...
Enfim, ciúmes sempre leva a gente ao ridículo. De uma maneira ou de outra: ou você expõe uma insegurança que nada tem a ver com o samba e fica com cara de tacho, ou não expõe e fica remoendo um tempão até descobrir que não tem nada a ver e ficar com cara de tacho do mesmo jeito. Eu jogo no segundo time na maioria das vezes. É claro que às vezes a gente tem que temperar, ter um ciuminho explícito e basiquinho, porque é bonitinho, fofo e tal. E mostra que você tá ali, que quer, que vê o que acontece ao redor e tal - acho válido.
O foda é quando o pequeno Yago verdinho se apossa do ser da gente e fica cutucando a consciência... "Mas será??" - o maldito diabinho parece que tem prazer em atentar até você ceder e pensar que tem alguma coisa errada mesmo. E aí vem uma série de neuroses descabidas acerca do seu objeto de desejo... uma coisa boba vira uma situação toda e às vezes você acaba vendo chifre em cabeça de cavalo mesmo (na maioria das vezes, pra desespero geral das pessoas que têm alguma noção do quão isso é incômodo). Aí você discute, arma um forfé, atazana a pessoa até ela explicar por a+b que não é nada disso, e fica invariavelmente com um neon vermelho piscando na testa "Idiotaaa!". E dependendo do nível do estrago, você pede desculpas, fala que não vai mais acontecer enquanto o little green Yago se refestela e ri na sua cara, porque ele conseguiu o que queria.
Dia desses, o diabinho se apossou da minha pessoa, confesso. E eu fiquei remoendo um lance que achei meio atravessado umas duas semanas sem dizer palavra. Até ver por a+b que não era nada disso. E que o malditinho tinha pregado mais uma peça, e que sim, uhuuu!, eu sou ridícula. No final, era uma coisa tão tosca e descabida que só consegui rir de mim mesma. E mandar o pequenino ser ir passear bem longe. Até ele resolver voltar e atazanar de novo, porque no final... somos todos humanos e vulneráveis mesmo...
26 agosto 2007
24 agosto 2007
Tempo
E pintava as unhas do pé cuidadosamente de vermelho enquanto pensava no que faria aquela noite. Tinha mais algumas horas para terminar de se arrumar, pensar onde iria e com quem. O dia estava muito quente e prometia uma noite ótima para se soltar, paquerar, dançar e rir muito.
Observou os próprios pés após terminar a sessão pedicure: estavam perfeitos, embora ela os achasse um tanto grandes e largos demais para pés de mulher; lembrou-se de que ele costumava gostar deles - até demais na opinião dela, mas não com unhas pintadas de vermelho. Achava unhas vermelhas vulgares, principalmente naqueles pés que ele gostava tanto. Riu e olhou para o relógio, estava na hora de tirar a tinta dos cabelos.
Debaixo do chuveiro, pensava em quantas vezes havia se deparado com ele ali, apertando o corpo dela contra a parede, mordendo a nuca ou tirando o xampu dos olhos dela, a espuma do corpo. Quando havia terminado de enxaguar os cabelos, ouviu o telefone tocar e saiu enrolada na toalha, deixando um rastro d'água pela casa.
Era Luciana dando as coordenadas da noite. O esquenta seria na casa de Aline, e de lá iriam para uma danceteria, com mais umas outras amigas, seria perfeito. Desligou o telefone e se deparou com o espelho do guarda-roupa: seus cabelos estavam no tom certo de castanho, sem nenhum vestígio dos fios avermelhados de antes, só precisavam de um secador e uma escova. Tirou a toalha e observou o próprio corpo no espelho, estava menos cheia de curvas. Pensou que até o sofrimento tinha algo de bom, principalmente a inexistência de jantares regados a vinho e os bombons que ele costumava lhe trazer.
Vestiu um pijama e ligou o som... it's so much better when everyone is in... are you in? e seguiu cantarolando Incubus, enquanto procurava a roupa certa para a ocasião. Depois de muito procurar e de bagunçar tudo, acabou resolvendo por usar uma bata frente-única preta, jeans sequinho e um par de sandálias pretas, salto alto e finíssimo. Olhou novamente no relógio, já não tinha mais tanto tempo assim para enrolar e as amigas não eram tão pacientes quanto ele; não ligavam quando ela desfilava usando a nova lingerie que tinha comprado. Decidiu se arrumar antes que Luciana telefonasse para avisar que ela já estava atrasada.
Cabelos secos, maquiagem feita e roupa no exato lugar se sentia bonita, confiante. Olhou pela última vez no espelho e suspirou. Olhou de novo o relógio - estava dentro do horário combinado. Telefonou para Luciana, que já estava chegando na porta de sua casa. Ouviu uma buzina lá fora e tirou o relógio, jogando-o no sofá, junto com ele.
*Incubus - Are you in?
Observou os próprios pés após terminar a sessão pedicure: estavam perfeitos, embora ela os achasse um tanto grandes e largos demais para pés de mulher; lembrou-se de que ele costumava gostar deles - até demais na opinião dela, mas não com unhas pintadas de vermelho. Achava unhas vermelhas vulgares, principalmente naqueles pés que ele gostava tanto. Riu e olhou para o relógio, estava na hora de tirar a tinta dos cabelos.
Debaixo do chuveiro, pensava em quantas vezes havia se deparado com ele ali, apertando o corpo dela contra a parede, mordendo a nuca ou tirando o xampu dos olhos dela, a espuma do corpo. Quando havia terminado de enxaguar os cabelos, ouviu o telefone tocar e saiu enrolada na toalha, deixando um rastro d'água pela casa.
Era Luciana dando as coordenadas da noite. O esquenta seria na casa de Aline, e de lá iriam para uma danceteria, com mais umas outras amigas, seria perfeito. Desligou o telefone e se deparou com o espelho do guarda-roupa: seus cabelos estavam no tom certo de castanho, sem nenhum vestígio dos fios avermelhados de antes, só precisavam de um secador e uma escova. Tirou a toalha e observou o próprio corpo no espelho, estava menos cheia de curvas. Pensou que até o sofrimento tinha algo de bom, principalmente a inexistência de jantares regados a vinho e os bombons que ele costumava lhe trazer.
Vestiu um pijama e ligou o som... it's so much better when everyone is in... are you in? e seguiu cantarolando Incubus, enquanto procurava a roupa certa para a ocasião. Depois de muito procurar e de bagunçar tudo, acabou resolvendo por usar uma bata frente-única preta, jeans sequinho e um par de sandálias pretas, salto alto e finíssimo. Olhou novamente no relógio, já não tinha mais tanto tempo assim para enrolar e as amigas não eram tão pacientes quanto ele; não ligavam quando ela desfilava usando a nova lingerie que tinha comprado. Decidiu se arrumar antes que Luciana telefonasse para avisar que ela já estava atrasada.
Cabelos secos, maquiagem feita e roupa no exato lugar se sentia bonita, confiante. Olhou pela última vez no espelho e suspirou. Olhou de novo o relógio - estava dentro do horário combinado. Telefonou para Luciana, que já estava chegando na porta de sua casa. Ouviu uma buzina lá fora e tirou o relógio, jogando-o no sofá, junto com ele.
*Incubus - Are you in?
22 agosto 2007
...
Eu, Tu e Ele amamos.
Vós, Nós e Eles também.
Eles se escondem.
Nós procuramos saídas para não amar.
Vós não sabeis o que fazer.
Ele costuma ser impreciso, talvez ame.
Tu amas enlouquecidamente.
Eu apenas amo indefinidamente o impreciso. O impresso. O não amar. O não amor.
Vós, Nós e Eles também.
Eles se escondem.
Nós procuramos saídas para não amar.
Vós não sabeis o que fazer.
Ele costuma ser impreciso, talvez ame.
Tu amas enlouquecidamente.
Eu apenas amo indefinidamente o impreciso. O impresso. O não amar. O não amor.
16 agosto 2007
Sol, gente, fazer valer a pena e afins
E mais um dia... ensolarado! Gente, eu quero ir pro litoral. Caminhar horas a fio na beira da praia - eu juro que amo fazer isso. Queimar os mocotó e ver o entardecer... é!
----
Enfim... eu não entendo gente que sai só pra constar. Aquele tipo de pessoa que é a primeira a dizer "Vamos!", antes de você dizer pra onde vai e com quem. E aí, vocês saem e a pessoa chega no local e simplesmente é como se ela não estivesse ali. Não conversa, não ri, não interage, não dança, não faz nada. Só está ali... e você nota isso por um risinho ou algum comentário. Aí chega no outro dia "Noooossaaaa, eu me diverti muuuuito ontem!". É nessas horas que eu penso que cada um tem um conceito de diversão, não é possível. Não consigo ver diversão sem interação. Mas tem gente estranha pra tudo no mundo...
----
Just trying to make things better: às vêiz, mas só às vêiz, eu tenho uns arroubos de otimismo em relação a certas coisas, pessoas e situações. Geralmente deixo tudo como está e toco o barco, porque tem horas que é mais fácil conviver do que tentar entender. Mas tem horas que a gente se toca de que tem que fazer valer a pena, pelo menos por si - o lance de fazer a sua parte e o resto que se foda. E aderi a um novo mantra pra tudo: Fazer valer a pena, correr atrás e dar importância ao que importa. E duas coisas me importam muito no momento. Então, hora de dar andamento. Run, Mari, Run!
----
Meu lindo contrato vai ser renovado por um ano, ou seja, vou estagiar mais um ano pagando de funcionária pública. Tou feliz com isso.
----
Outra coisa: assistam 13 homens e um novo segredo. Nem tem nada demais, mas vale a pipoca. E putz, Clooney, Pitt, Garcia e Damon são tudo de bom. Até o Al Pacino... (aliás, o Pacino eu pegava em Scarface... há quase 30 anos, ui!).
----
That's all, folks. Voltaremos com novos boletins durante a nossa programação.
----
*É, meu bem. Ou vai, ou racha, ou não vai. Ou qualquer outra coisa. Amo.
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Enfim... eu não entendo gente que sai só pra constar. Aquele tipo de pessoa que é a primeira a dizer "Vamos!", antes de você dizer pra onde vai e com quem. E aí, vocês saem e a pessoa chega no local e simplesmente é como se ela não estivesse ali. Não conversa, não ri, não interage, não dança, não faz nada. Só está ali... e você nota isso por um risinho ou algum comentário. Aí chega no outro dia "Noooossaaaa, eu me diverti muuuuito ontem!". É nessas horas que eu penso que cada um tem um conceito de diversão, não é possível. Não consigo ver diversão sem interação. Mas tem gente estranha pra tudo no mundo...
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Just trying to make things better: às vêiz, mas só às vêiz, eu tenho uns arroubos de otimismo em relação a certas coisas, pessoas e situações. Geralmente deixo tudo como está e toco o barco, porque tem horas que é mais fácil conviver do que tentar entender. Mas tem horas que a gente se toca de que tem que fazer valer a pena, pelo menos por si - o lance de fazer a sua parte e o resto que se foda. E aderi a um novo mantra pra tudo: Fazer valer a pena, correr atrás e dar importância ao que importa. E duas coisas me importam muito no momento. Então, hora de dar andamento. Run, Mari, Run!
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Meu lindo contrato vai ser renovado por um ano, ou seja, vou estagiar mais um ano pagando de funcionária pública. Tou feliz com isso.
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Outra coisa: assistam 13 homens e um novo segredo. Nem tem nada demais, mas vale a pipoca. E putz, Clooney, Pitt, Garcia e Damon são tudo de bom. Até o Al Pacino... (aliás, o Pacino eu pegava em Scarface... há quase 30 anos, ui!).
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That's all, folks. Voltaremos com novos boletins durante a nossa programação.
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*É, meu bem. Ou vai, ou racha, ou não vai. Ou qualquer outra coisa. Amo.
15 agosto 2007
O Wando de cada um...
Você é luz,
É raio, estrela e luar,
Manhã de sol,
Meu iá-iá, meu iô-iô...
Gente, se apaixonar é lindo. Mas meu Deus, como a gente perde a noção das coisas e fica brega... tem horas que dá até desgosto. Aquele baita homem de quase dois metros e sisudão se transforma em algum animalzinho meigo, em bebê, em xuxu(é, com x, porque chuchu mesmo é um treco muito do sem sal pra alguém merecer ser chamado assim...) e tudo é lindo. E você vira a menina, pequena, gatinha, ou qualquer outro inha... tinha um querido que me chamava de boneca, eu achava muito engraçado. Mesmo porque, boneca é muito antigo e ele não era desse tempo; mas eu achava suuuper fofo.
E dá-lhe mensagens meiguinhas, metáforas toscas, inúmeras poesias, letras de música e afins. O Wando se apossa do seu corpo e você escreve aquele e-mail enorme, compra cartão, desenha coraçõezinhos no caderno, canta pro moço, dedica-se horas a fio numa poesia especialmente feita pra comemorar uma noite juntos e nunca é demais porque você ama. Tudo é absolutamente romântico, poético e ao mesmo tempo nonsense. Aí, depois que passa, às vezes a gente pensa e dá risada, porque o senso retorna - mas isso até se apaixonar de novo e recomeçar... e vai ser válido, lindo e tudo o mais. Porque ridículo, brega e etc, é quem não ama, não escreve, não diz. É quem passa a vida sentindo sem dizer nada, por vergonha ou qualquer outra bobagem do tipo. Vamos todos ser um pouco mais bregas, gostar mais, falar mais. Liberar o Wando de cada um e se jogar...
*Jesus, alguém por favor segura o meu lado passional? Ai... ;-) Diz que ele resolveu se apossar do corpo aqui e se manifestar...
É raio, estrela e luar,
Manhã de sol,
Meu iá-iá, meu iô-iô...
Gente, se apaixonar é lindo. Mas meu Deus, como a gente perde a noção das coisas e fica brega... tem horas que dá até desgosto. Aquele baita homem de quase dois metros e sisudão se transforma em algum animalzinho meigo, em bebê, em xuxu(é, com x, porque chuchu mesmo é um treco muito do sem sal pra alguém merecer ser chamado assim...) e tudo é lindo. E você vira a menina, pequena, gatinha, ou qualquer outro inha... tinha um querido que me chamava de boneca, eu achava muito engraçado. Mesmo porque, boneca é muito antigo e ele não era desse tempo; mas eu achava suuuper fofo.
E dá-lhe mensagens meiguinhas, metáforas toscas, inúmeras poesias, letras de música e afins. O Wando se apossa do seu corpo e você escreve aquele e-mail enorme, compra cartão, desenha coraçõezinhos no caderno, canta pro moço, dedica-se horas a fio numa poesia especialmente feita pra comemorar uma noite juntos e nunca é demais porque você ama. Tudo é absolutamente romântico, poético e ao mesmo tempo nonsense. Aí, depois que passa, às vezes a gente pensa e dá risada, porque o senso retorna - mas isso até se apaixonar de novo e recomeçar... e vai ser válido, lindo e tudo o mais. Porque ridículo, brega e etc, é quem não ama, não escreve, não diz. É quem passa a vida sentindo sem dizer nada, por vergonha ou qualquer outra bobagem do tipo. Vamos todos ser um pouco mais bregas, gostar mais, falar mais. Liberar o Wando de cada um e se jogar...
*Jesus, alguém por favor segura o meu lado passional? Ai... ;-) Diz que ele resolveu se apossar do corpo aqui e se manifestar...
14 agosto 2007
Luxaria...
13 agosto 2007
Mean girls...
E as duas fuçando no orkut quando se deparam com a seguinte mensagem:
"Havia uma garota cega que se odiava pelo fato de ser cega. Ela também odiava a todos, exceto seu namorado. Um dia ela disse que se pudesse ver o mundo, ela se casaria com seu namorado. Em um dia de sorte, alguém doou um par de olhos a ela. Então seu namorado perguntou a ela:
- Agora que você pode ver, você se casará comigo?
A garota estava chocada quando ela viu que seu namorado era cego! Ela disse:
- Eu sinto muito, mas não posso me casar com vc porque vc é cego!
O namorado afastando-se dela em lágrimas disse:
- Por favor, apenas cuide bem dos meus olhos, eles eram muito importantes pra mim...
Nunca despreze quem ama vc..!!! Às vezes, as pessoas fazem certos sacrifícios e nós nem ligamos... Mande para o maior número de pessoas que puder , para que elas se liguem e reflitam que nesse mundo só falta AMOR ..."
E diante de tal mensagem...
- Hahahah, que cara idiota...
- Meu, ninguém merece... ahahahahhaha
- Tosco mesmo! Ficou cego e sem a mulher...
- Pior é o sem-noção que te mandou essa mensagem... deus!
- Tadinho... foi pra me comover.
- Tou vendo que você tá comovida mesmo... hahahhaha!
- Ah, mas a menina é maior cachorra...
- Tosco, tosco...
- ....
- Será que tem solução pra gente que nem a gente?
- Como assim?
- Como, como assim? Pô, era pra gente ficar comovida e achar mesmo que o mundo só precisa de amor... hahahha e o que é que a gente faz? Humor negro da pior espécie.
- Hahahahaha. Somos um caso sem solução...
- Desse jeito, no final só vai sobrar nós duas mesmo...
- Pode crer! Mas vai ser divertido!
- Como você é otimista...
- Será que só a gente é que acha graça nessas coisas?
- Acho provável que sim... pelo menos desse jeito.
- É, vai sobrar só nós duas mesmo.
Ainda ficaram rindo uma meia hora, e no fundo pensavam que seria legal se alguém doasse um par de olhos pra ambas. Olhos que as fizessem enxergar as coisas de maneira menos fria e cínica. Mas por enquanto, era divertido assim.
"Havia uma garota cega que se odiava pelo fato de ser cega. Ela também odiava a todos, exceto seu namorado. Um dia ela disse que se pudesse ver o mundo, ela se casaria com seu namorado. Em um dia de sorte, alguém doou um par de olhos a ela. Então seu namorado perguntou a ela:
- Agora que você pode ver, você se casará comigo?
A garota estava chocada quando ela viu que seu namorado era cego! Ela disse:
- Eu sinto muito, mas não posso me casar com vc porque vc é cego!
O namorado afastando-se dela em lágrimas disse:
- Por favor, apenas cuide bem dos meus olhos, eles eram muito importantes pra mim...
Nunca despreze quem ama vc..!!! Às vezes, as pessoas fazem certos sacrifícios e nós nem ligamos... Mande para o maior número de pessoas que puder , para que elas se liguem e reflitam que nesse mundo só falta AMOR ..."
E diante de tal mensagem...
- Hahahah, que cara idiota...
- Meu, ninguém merece... ahahahahhaha
- Tosco mesmo! Ficou cego e sem a mulher...
- Pior é o sem-noção que te mandou essa mensagem... deus!
- Tadinho... foi pra me comover.
- Tou vendo que você tá comovida mesmo... hahahhaha!
- Ah, mas a menina é maior cachorra...
- Tosco, tosco...
- ....
- Será que tem solução pra gente que nem a gente?
- Como assim?
- Como, como assim? Pô, era pra gente ficar comovida e achar mesmo que o mundo só precisa de amor... hahahha e o que é que a gente faz? Humor negro da pior espécie.
- Hahahahaha. Somos um caso sem solução...
- Desse jeito, no final só vai sobrar nós duas mesmo...
- Pode crer! Mas vai ser divertido!
- Como você é otimista...
- Será que só a gente é que acha graça nessas coisas?
- Acho provável que sim... pelo menos desse jeito.
- É, vai sobrar só nós duas mesmo.
Ainda ficaram rindo uma meia hora, e no fundo pensavam que seria legal se alguém doasse um par de olhos pra ambas. Olhos que as fizessem enxergar as coisas de maneira menos fria e cínica. Mas por enquanto, era divertido assim.
Opere no foda-se e seja feliz...
Heureca! Achei definitivamente o meu botão de operar no foda-se... e querem saber? Foda-se tudo mesmo. Tou em off pro mundo.
10 agosto 2007
Horizonte
E ali daquele mirante, tinha-se uma vista muito bonita da cidade e arredores. E naquele final de tarde, tudo parecia feito sob medida: a companhia, a cerveja gelada, os risos e o entardecer. Os amigos contavam histórias e riam enquanto ela parecia muito distante de tudo aquilo, com o olhar perdido em algum ponto daquele céu avermelhado de inverno. Pensava no que seria dali para frente, tinha tomado várias decisões que já estavam tornando sua vida diferente e se sentia incomodada com a maioria delas, não pelo comodismo habitual, mas porque mudar implicava em ver as pessoas de maneira diferente e, consequentemente agir de maneira diferente em relação a elas - coisa que ocasionaria vários atritos. E estava cansada deles, cansada de dar satisfações, de ter que explicar como as coisas eram, no fundo só queria ser. Não x e muito menos y, mas ser sem se preocupar se isso afetaria alguma coisa ou alguém. E nesse momento lhe pareceu uma boa idéia se jogar no meio daquele entardecer avermelhado e se perder. Só ser um tom mais, ou menos avermelhado no meio das montanhas, ou um ponto preto no meio da cidade. Ser apenas um ponto.
E sentada ali, começou a ouvir risos ao fundo, chamavam seu nome. Antes de se virar para saber o que era, sentiu um abraço apertado e um beijo no rosto.
- Ô, gatinha, tamos te chamando faz tempo... que houve? Se perdeu no meio da viagem?
- Ahn? Não, não... nada não. - sentiu o rosto queimar e sorriu.
- Acorda, gatinhaaa! Seu copo já tá vazio, assim não dá, vamos ter que beber tudo sozinhos.
- Tá bom, tá bom... vamos lá encher meu copo que tá vazio, então.
Sentiu o abraço apertar e aquela sensação reconfortante de estar em casa.
- Pensar não leva a nada. E você tá muito quietinha, não é assim. Vamo lá beber e dar risada... veem!
- Eu vou... calma!
Ele se levantou, puxou-a para cima e enganchou o braço no dela. Foram até o resto do grupo e ali ficaram rindo e comemorando a entrada do anoitecer. Certas coisas não levavam a nada mesmo, então era melhor aproveitar.
E sentada ali, começou a ouvir risos ao fundo, chamavam seu nome. Antes de se virar para saber o que era, sentiu um abraço apertado e um beijo no rosto.
- Ô, gatinha, tamos te chamando faz tempo... que houve? Se perdeu no meio da viagem?
- Ahn? Não, não... nada não. - sentiu o rosto queimar e sorriu.
- Acorda, gatinhaaa! Seu copo já tá vazio, assim não dá, vamos ter que beber tudo sozinhos.
- Tá bom, tá bom... vamos lá encher meu copo que tá vazio, então.
Sentiu o abraço apertar e aquela sensação reconfortante de estar em casa.
- Pensar não leva a nada. E você tá muito quietinha, não é assim. Vamo lá beber e dar risada... veem!
- Eu vou... calma!
Ele se levantou, puxou-a para cima e enganchou o braço no dela. Foram até o resto do grupo e ali ficaram rindo e comemorando a entrada do anoitecer. Certas coisas não levavam a nada mesmo, então era melhor aproveitar.
09 agosto 2007
Das conversas que eu pretendo ter com o meu futuro cachorro na sarjeta...
(fundo musical - Amy Winehouse - love is a losing game)
- Aê, Zeus, toma um trago!
(abana o rabo)
- Pô, Zeus, ele não me quer mais, a vida não presta, meu cabelo tá uma merda... toma um trago, porra!
- Au, au!
- Não, meu! Bebe aí! Você nem pra me fazer companhia... que raio de bêbado é você?!
(dando a pata)
- Não adianta me consolar... ele não vai voltar. Bebe aí!
- Auuuuuuuu!
- Affe... nem você me entende! Cachorro idiota! Sai daquiiiiiiiii!
- Cãin, cãin! (deita do lado)
- Pô, desculpa... vamos fazer as pazes? (coça a cabeça do pobre cachorro)
(lambida)
- Tá, já entendi, não precisa babar. Só você mesmo pra me entender. (choro)
- Au, au! Au!
- E você nem bebe... (terminando de matar a segunda garrafa de vodka)
(dando a pata)
(mais choro)
(deita)
(deita na sarjeta)
- Au!
- Me deixa aqui, e não sai de perto...
(abana o rabo)
(dorme)
(lambida na boca)
- Agora não, eu não te quero mais... Zeus, cadê você?
- Au! Au!
- Só você mesmo pra me entender...
*Se forem beber na sarjeta em um dia miserável, é recomendável levar o próprio cachorro...
- Aê, Zeus, toma um trago!
(abana o rabo)
- Pô, Zeus, ele não me quer mais, a vida não presta, meu cabelo tá uma merda... toma um trago, porra!
- Au, au!
- Não, meu! Bebe aí! Você nem pra me fazer companhia... que raio de bêbado é você?!
(dando a pata)
- Não adianta me consolar... ele não vai voltar. Bebe aí!
- Auuuuuuuu!
- Affe... nem você me entende! Cachorro idiota! Sai daquiiiiiiiii!
- Cãin, cãin! (deita do lado)
- Pô, desculpa... vamos fazer as pazes? (coça a cabeça do pobre cachorro)
(lambida)
- Tá, já entendi, não precisa babar. Só você mesmo pra me entender. (choro)
- Au, au! Au!
- E você nem bebe... (terminando de matar a segunda garrafa de vodka)
(dando a pata)
(mais choro)
(deita)
(deita na sarjeta)
- Au!
- Me deixa aqui, e não sai de perto...
(abana o rabo)
(dorme)
(lambida na boca)
- Agora não, eu não te quero mais... Zeus, cadê você?
- Au! Au!
- Só você mesmo pra me entender...
*Se forem beber na sarjeta em um dia miserável, é recomendável levar o próprio cachorro...
07 agosto 2007
...
E quando absolutamente tudo na sua vida está uma merda... você sorri e ri de tudo. Parece a pessoa mais feliz da face da terra, finge que tá tudo certo e toca o barco. Porque no final das contas, ninguém disse que seria fácil. E parecer miserável não é interessante. Mesmo porque, ninguém vai dizer que tudo vai ficar legal, vai te ajudar a fazer alguma coisa, vai te dar colo ou simplesmente vai te fazer companhia em silêncio - como se isso mudasse alguma coisa. E sentar, chorar e ter pena de si mesmo também não resolve porra nenhuma.
Ultimamente eu ando com a vontade recorrente de ser outra pessoa. Mas passa, sempre passa. E tudo se acerta. Enquanto eu não morro e reencarno, o show tem que continuar. Hey, hey!
Ultimamente eu ando com a vontade recorrente de ser outra pessoa. Mas passa, sempre passa. E tudo se acerta. Enquanto eu não morro e reencarno, o show tem que continuar. Hey, hey!
05 agosto 2007
O gêmeo celeste
Domingão, dez da manhã... aquele moço alto e branquelo veio puxar minhas cobertas...
- Acooooordaaaaa, neeegaaaa!
E antes de pensar em ter um surto de mau humor matinal, reconheci a voz, e ainda meio dormente e choramingando pra não levantar, reconheci os meus olhos azuis favoritos...
- Pelo amor de deus, não faz isso... deixa eu dormir mais um pouquinho só...
- Vim te ver, nega. Acooorda!
E ele saiu rindo do quarto, enquanto eu virava pro lado pra mais um cochilo. Pelo menos dessa vez ele não tinha arrancado as cobertas, pegado no colo ainda meio dormindo e carregado pela casa; e nem pulado em cima de mim. E como sempre, eu não consegui dormir mais e me levantei pra ir atrás daquele pseudo-pesadelo matinal sorrindo - sim, ele é a única pessoa que consegue me acordar em qualquer hora do dia e arrancar um sorriso(a fama dele é enooorme por causa disso). E na cozinha, estava ele lá, com o sorriso de sempre, conversando com meus pais. Momento do abraço apertado, dos beijos e de invariavelmente ele me levantar do chão e eu resmungar...
Ficamos conversando um pouco, ele me contando como estava a vida enquanto eu tomava café. Quando toquei num assunto motivo de preocupação e ligação na semana passada, foi categórico:
- Já tá tudo bem agora. Tudo resolvido...
- Que bom... disse, mas sabia que não estava. Havia algo de inquieto nos olhos, e a gente se conhece só pelo olhar. Mas se ele não havia falado, era melhor não aprofundar. Ficou mais um tempo, demos umas risadas e ele se foi, voltaria mais tarde. Abraços na despedida e piadinhas sobre a Jubiraca 4.0 - a nova bicicleta dele.
----
Umas cinco da tarde, minha mãe me chamando...
-Filha, ele te disse alguma coisa? A mãe dele ligou aqui...
- Não, não disse nada, mas não tava tudo bem.
- Não voltou pra casa, a esposa ligou pra casa da mãe dele.
- Eu sei, é típico. Faria a mesma coisa.
- Vocês também, hein? Não têm juízo.
- Eu entendo o que se passa lá, somos iguais. Daqui a pouco ele reaparece, deve estar precisando de tempo pra pensar...
- Pensar no quê?
- Na vida, ué. Sabe que não adianta, ninguém consegue segurar nenhum de nós dois. Mas não esquenta... daqui a pouco tudo se resolve.
- É... mas tem que ter responsabilidade, né? Sumir assim, do nada?
- Às vezes é bom dar um tempo do mundo, faria a mesma coisa.
- Vocês não tem jeito mesmo. Como é que pode ser tão parecidos?
- Deve ser os genes...
- São do mesmo signo...
- Não, não somos. Sou de aquário e ele de peixes.
- E como é que são assim?
- Já falei, os genes. E somos livres. E o resto das coisas que a gente não explica.
----
Agora a noite... pensando em nossa infância. A mesma idade, brincávamos juntos, nunca brigamos e sempre fomos cúmplices em tudo. Me lembro da prima insuportável dele, que brincava conosco nos domingos que eu passava na casa dele. Fazíamos questão de atazanar bastante a menina pra ela sair correndo pra casa dela chorando e reclamando de nós dois. Quando a mãe dela aparecia, nós já não estávamos mais no quintal, pelo menos não aparentemente. Ele se escondia trepando na pitangueira e eu, bem, como não sabia subir em árvores, me enfiava atrás das bananeiras. Depois que a mãe dela ia embora, saímos dos respectivos esconderijos pra dar risada e brincar sossegados. Quando a mãe dele perguntava o que a gente tinha feito pra menina, os dois faziam cara de anjinhos...
- Nada não. Ela é que é chorona, chata e não deixa a gente brincar em paz...
- Vocês dois juntos são fogo...
E foi assim durante toda a infância e adolescência. Um sempre entendeu o outro pelo olhar e a família toda sabe que quando os dois se juntam, não pode ser coisa boa. Passamos por todo tipo de experiência juntos, dividimos problemas, confidências, algumas broncas, conselhos. Um sempre acobertou o outro, por mais errada que parecesse a situação. E ninguém na família nunca entendeu como é que somos tão ligados, mesmo sendo muito diferentes em algumas coisas.
Agora, somos adultos com vidas completamente diferentes, mas a ligação permanece. É aquela sensação deliciosa de encontrar alguém que você não vê há muito tempo e ver que o tempo não passa pra vocês. E que por mais que o mundo seja estranho, tem alguém que te entende e que é igual a você. E que você ama e sabe que é recíproco e desinteressado; e que esse sentimento você não sabe explicar. Mas é assim.
- Acooooordaaaaa, neeegaaaa!
E antes de pensar em ter um surto de mau humor matinal, reconheci a voz, e ainda meio dormente e choramingando pra não levantar, reconheci os meus olhos azuis favoritos...
- Pelo amor de deus, não faz isso... deixa eu dormir mais um pouquinho só...
- Vim te ver, nega. Acooorda!
E ele saiu rindo do quarto, enquanto eu virava pro lado pra mais um cochilo. Pelo menos dessa vez ele não tinha arrancado as cobertas, pegado no colo ainda meio dormindo e carregado pela casa; e nem pulado em cima de mim. E como sempre, eu não consegui dormir mais e me levantei pra ir atrás daquele pseudo-pesadelo matinal sorrindo - sim, ele é a única pessoa que consegue me acordar em qualquer hora do dia e arrancar um sorriso(a fama dele é enooorme por causa disso). E na cozinha, estava ele lá, com o sorriso de sempre, conversando com meus pais. Momento do abraço apertado, dos beijos e de invariavelmente ele me levantar do chão e eu resmungar...
Ficamos conversando um pouco, ele me contando como estava a vida enquanto eu tomava café. Quando toquei num assunto motivo de preocupação e ligação na semana passada, foi categórico:
- Já tá tudo bem agora. Tudo resolvido...
- Que bom... disse, mas sabia que não estava. Havia algo de inquieto nos olhos, e a gente se conhece só pelo olhar. Mas se ele não havia falado, era melhor não aprofundar. Ficou mais um tempo, demos umas risadas e ele se foi, voltaria mais tarde. Abraços na despedida e piadinhas sobre a Jubiraca 4.0 - a nova bicicleta dele.
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Umas cinco da tarde, minha mãe me chamando...
-Filha, ele te disse alguma coisa? A mãe dele ligou aqui...
- Não, não disse nada, mas não tava tudo bem.
- Não voltou pra casa, a esposa ligou pra casa da mãe dele.
- Eu sei, é típico. Faria a mesma coisa.
- Vocês também, hein? Não têm juízo.
- Eu entendo o que se passa lá, somos iguais. Daqui a pouco ele reaparece, deve estar precisando de tempo pra pensar...
- Pensar no quê?
- Na vida, ué. Sabe que não adianta, ninguém consegue segurar nenhum de nós dois. Mas não esquenta... daqui a pouco tudo se resolve.
- É... mas tem que ter responsabilidade, né? Sumir assim, do nada?
- Às vezes é bom dar um tempo do mundo, faria a mesma coisa.
- Vocês não tem jeito mesmo. Como é que pode ser tão parecidos?
- Deve ser os genes...
- São do mesmo signo...
- Não, não somos. Sou de aquário e ele de peixes.
- E como é que são assim?
- Já falei, os genes. E somos livres. E o resto das coisas que a gente não explica.
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Agora a noite... pensando em nossa infância. A mesma idade, brincávamos juntos, nunca brigamos e sempre fomos cúmplices em tudo. Me lembro da prima insuportável dele, que brincava conosco nos domingos que eu passava na casa dele. Fazíamos questão de atazanar bastante a menina pra ela sair correndo pra casa dela chorando e reclamando de nós dois. Quando a mãe dela aparecia, nós já não estávamos mais no quintal, pelo menos não aparentemente. Ele se escondia trepando na pitangueira e eu, bem, como não sabia subir em árvores, me enfiava atrás das bananeiras. Depois que a mãe dela ia embora, saímos dos respectivos esconderijos pra dar risada e brincar sossegados. Quando a mãe dele perguntava o que a gente tinha feito pra menina, os dois faziam cara de anjinhos...
- Nada não. Ela é que é chorona, chata e não deixa a gente brincar em paz...
- Vocês dois juntos são fogo...
E foi assim durante toda a infância e adolescência. Um sempre entendeu o outro pelo olhar e a família toda sabe que quando os dois se juntam, não pode ser coisa boa. Passamos por todo tipo de experiência juntos, dividimos problemas, confidências, algumas broncas, conselhos. Um sempre acobertou o outro, por mais errada que parecesse a situação. E ninguém na família nunca entendeu como é que somos tão ligados, mesmo sendo muito diferentes em algumas coisas.
Agora, somos adultos com vidas completamente diferentes, mas a ligação permanece. É aquela sensação deliciosa de encontrar alguém que você não vê há muito tempo e ver que o tempo não passa pra vocês. E que por mais que o mundo seja estranho, tem alguém que te entende e que é igual a você. E que você ama e sabe que é recíproco e desinteressado; e que esse sentimento você não sabe explicar. Mas é assim.
03 agosto 2007
Vermelho pitanga
Observava aquele homem de ombros largos e mãos fortes estendido no sofá, cochilando. Não havia tirado os óculos e segurava o controle remoto da tv numa das mãos. Deitado ali, parecia um boneco de cera, sem vida - completamente diferente do homem temperamental e caprichoso que era normalmente. Com os olhos fechados, não se viam as faíscas que saíam dos olhos, nem aquele brilho no olhar que costumava ter quando estava feliz - o mesmo brilho no olhar que as crianças têm quando fazem arte ou ganham brinquedo novo. Não se ouvia a voz macia, tampouco o riso espontâneo dos dias de bom humor; só a respiração compassada. Ali, do tapete, parecia miúdo, mesmo não cabendo na namoradeira. Sua pele parecia não ter cor, sabor ou temperatura - era só um invólucro de alguém que se escondia lá dentro, alguém que ela talvez não conhecesse.
E ali, deitada no tapete, estava cansada dele. Das explosões de temperamento repentinas, do humor sarcástico, da ironia calculada daquele homem. Dos dias em que ele conseguia ser o animal mais dócil de todos e fazer dela o que quiser. Da argumentação excessiva que usava para justificar seus desejos mais tolos como se não fossem meros caprichos. Cansou-se das noites em que encostava a cabeça no peito dele e se sentia protegida; dos gestos carinhosos quando ela não esperava; do otimismo que ele fingia ter só para animá-la.
Diante do próprio cansaço, chorou - sabia que estava preparada para abandoná-lo ali, e isso doía. Doía mais ainda ver o homem de cera não esboçar nenhum movimento além de ressonar diante do choro dela. Talvez mais tarde, aquele homem com cor, sabor e temperatura viesse procurá-la, mas aí já não interessaria mais. O temperamento, os caprichos, o peito largo e o carinho já não adiantariam mais, ela já teria sido vencida pelo cansaço.
Enxugou as lágrimas, se levantou e andou pela casa. De volta ao tapete, sentou-se ao lado da namoradeira e encostou a cabeça no corpo dele. Sentiu ele se mexer no sofá, deixando o controle remoto cair e estendendo a mão em direção aos cabelos dela, enquanto a outra procurava uma mão com unhas vermelhas. Sentiu o calor de uma daquelas mãos na sua e a outra mão em seus cabelos. Nada mais fazia sentido. Adormeceu ali.
E ali, deitada no tapete, estava cansada dele. Das explosões de temperamento repentinas, do humor sarcástico, da ironia calculada daquele homem. Dos dias em que ele conseguia ser o animal mais dócil de todos e fazer dela o que quiser. Da argumentação excessiva que usava para justificar seus desejos mais tolos como se não fossem meros caprichos. Cansou-se das noites em que encostava a cabeça no peito dele e se sentia protegida; dos gestos carinhosos quando ela não esperava; do otimismo que ele fingia ter só para animá-la.
Diante do próprio cansaço, chorou - sabia que estava preparada para abandoná-lo ali, e isso doía. Doía mais ainda ver o homem de cera não esboçar nenhum movimento além de ressonar diante do choro dela. Talvez mais tarde, aquele homem com cor, sabor e temperatura viesse procurá-la, mas aí já não interessaria mais. O temperamento, os caprichos, o peito largo e o carinho já não adiantariam mais, ela já teria sido vencida pelo cansaço.
Enxugou as lágrimas, se levantou e andou pela casa. De volta ao tapete, sentou-se ao lado da namoradeira e encostou a cabeça no corpo dele. Sentiu ele se mexer no sofá, deixando o controle remoto cair e estendendo a mão em direção aos cabelos dela, enquanto a outra procurava uma mão com unhas vermelhas. Sentiu o calor de uma daquelas mãos na sua e a outra mão em seus cabelos. Nada mais fazia sentido. Adormeceu ali.
01 agosto 2007
30 julho 2007
Dos parentis andantis, mamis descontrols e outras coisas...
Segunda boa é segunda que começa com tudo fodendo a vida da gente, fala sério. E eu bela, esparramada na cama com meu gato e meio dormindo quando ouço: "Chama a Mariana pra almoçar, ela já tá atrasadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Já são onze horas!", e respondo ainda dormente: "Já tou acordadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Já tou indo!" E penso: puta que o pariu, é hoje. Um monte de zica pra resolver e já tou atrasada.
Levantei, tomei café (meu estômago aguenta cerveja no café da manhã, mas comida, nem a pau...) e fui me tornar uma mulher razoavelmente apresentável. Aí ouço uma voz diferente conversando com meu pai... legal, visita... (Pausa para explicar que sou uma pessoa ranzinza, odeio visitas na hora do almoço, principalmente quando não avisam. E já diziam os antigos que horário de almoço não é hora de ir na casa dos outros, principalmente sem avisar. Não é negar comida nem nenhuma tosquice do tipo, é só uma questão de formalidade, educação e vamo lá, né? É melhor avisar do que chegar do nada e comer arroz e ovo... hahahaha).
Mas enfim, o cara estava lá: um rapaz magro, alto, loiro, cabelos compridos, desgrenhados e grisalhos, olhos muito azuis, pele branca maltratada de sol. Parente distante dessa pessoa multiétnica que escreve aqui; pelo menos, temos o mesmo sobrenome. Vive andando a pé pelo Brasil a procura de outros iguais espalhados por aí. Caiu de pára-quedas aqui há uns 4 anos e desde então sempre passa por aqui pra contar suas histórias, recitar poemas na hora do almoço e ouvir histórias do meu pai. Particularmente, acho que ele é um ser totalmente alheio ao mundo: olhar parado, distante, uns papos desconexos sobre utopias - o moço uma vez me disse que sonhava em ir a Cuba para ver como as coisas funcionam por lá, pois acreditava que o socialismo/comunismo/qualqueroutroismo era o regime ideal para o mundo todo -, fã de Roy Orbison e Elvis, livre de vícios. Uma figura um tanto quixotesca, por assim dizer, mas uma boa pessoa. Conversava animadamente com o pápis, contando suas últimas andanças quando o cumprimentei e fui até a cozinha conversar com a mamis(péssima idéia).
Eis que na cozinha, pergunto das moedas que estavam no bolso da minha calça(precisava delas pra comprar cigarro, odeio trocar 50 pilas) e me deparo com um ser que não era a mamis. Parecia mais uma dessas possuídas de filmes de terror:
"Eu peguei suas moedas sim, mas você tem dinheiro!"
"Mas o que você tem que ir mexer nas minhas coisas?"
"Você me deve 20 reais!!"
"Mas eu vou te pagar, que coisa! Quando receber, já tinha dito! Eu só quero as moedas!"
"Mas eu gastei as moedas! E pega esses outros dez reais que peguei lá e vá pra puta que te pariu! (joga o dinheiro longe) E não me enche mais o saco! Você vai ver só, não te empresto mais nenhum tostão!"
(nesse momento eu vi que tinha algo queimando na panela...)
"Mamis, o brocólis queimou..."
"Mas que merda... também, o que é que esse povo tem que vir fazer aqui na hora do almoço? Não tem o que fazer, não?"
"Ué, eu que sei? Faz outra coisa..."
"Fazer o quê? Isso não são horas!"
"Mas, mãe..."
"Que merda!!! Tou de saco desse povo, do seu pai, da sua irmã, de você, de tudooo! De ter que agradar todo mundo! Filhos da puta!"
"Mãe, a visita tá lá em cima!"
"Ah, foda-se a visita! Foda-se você também!"
(bateção de panelas)
"Calma, mamis, faz outra coisa..."
"Eu não vou fazer merda nenhuma!"
(nisso passa a empregada, branca que nem uma cera de medo da possuída)
"Calma, Dona Eliana, vai dar tudo certo, a gente faz outra coisa. Deixa aí que eu faço o almoço pra senhora..."
"Fazer o quê? Eu não vou fazer é nada! Que vá todo mundo comer no inferno!"
(e fica andando pra lá e pra cá de raiva na cozinha)
...
"Bom, eu vou é trabalhar, sabe? Que já tou atrasada... e não esquenta a cabeça..."
"É porque não é você que tem que aguentar todo mundo, né?"
"Ai, mãe, tchau que eu também já tou de saco cheio dessa merda toda. Num faz almoço, num faz merda nenhuma. Eu tou indo..."
(e ela ficou lá, bufando e resmungando)
Subi, me despedi do moço e do papis - ambos com cara de paisagem, não tinham ouvido a gritaria lá embaixo das duas descontroladas. E eu fui trabalhar a pé (de tanta raiva, achei que subir a ladeira me faria bem), com uma blusa só (tá um frio descomunal aqui mas tava sentindo calor), troquei 50 mangos pra comprar cigarro e fui bufando. Cheguei no topo da ladeira sem ar, resmungando pela rua, amaldiçoando o diabo a quatro... desci até a prefeitura atrasada como sempre. Quando bati o ponto, pensei "agora é a hora que vai começar a terminar de foder, só vai vir pepino pra resolver hoje... deus me dê paciência...". Mas o dia no serviço foi tranqüilo, fui me acalmando conforme ia conversando e passei a tarde dando risada pro mundo e do mundo. Vim embora tremendo de frio(gente burra tem que pastar) e a pé... mas já tava feliz e contente.
Em casa de novo... mamis abre o portão. Sim, a mamis, porque o ser que tinha possuído o corpo dela já tinha saído (alguém deve ter cantado pra subir...). Fomos tomar café juntas, como fazemos todas as tardes e minha tia também estava aqui. E entre gargalhadas, comentamos o ocorrido na parte da manhã, desfizemos a confusão por causa das moedas(eu só queria as moedas, nada mais), acertamos um outro assunto e falamos do parentinho. E rimos muito, porque as coisas são assim mesmo. Tem dias que a gente acorda e não sabe porque, mas quer que o mundo se foda. Mas aí, a gente briga, diz o que sente e tudo se resolve. E no final das contas, dá risada de tudo isso. Inclusive da filha monga que passou frio e da mãe descontrolada com panelas. E de moedas.
*Notinha linda de rodapé: quem tem mãe, tem. Não importa onde, como e porquê. Não importa os descontroles, as moedas e todo o resto. São os melhores seres de amor incondicional. São o dom do amor maior. Eu invejo as mães, notem bem, aquelas que têm o dom, porque parir qualquer uma faz. Foda mesmo é querer matar a própria filha e no final da tarde já ter esquecido, sentar-se, conversar, rir e compreender. Eu amo minha mãe. Muito. Amo minha mãe dois também. E acho tudo de lindo as amigas que são mães. E é isso.
Levantei, tomei café (meu estômago aguenta cerveja no café da manhã, mas comida, nem a pau...) e fui me tornar uma mulher razoavelmente apresentável. Aí ouço uma voz diferente conversando com meu pai... legal, visita... (Pausa para explicar que sou uma pessoa ranzinza, odeio visitas na hora do almoço, principalmente quando não avisam. E já diziam os antigos que horário de almoço não é hora de ir na casa dos outros, principalmente sem avisar. Não é negar comida nem nenhuma tosquice do tipo, é só uma questão de formalidade, educação e vamo lá, né? É melhor avisar do que chegar do nada e comer arroz e ovo... hahahaha).
Mas enfim, o cara estava lá: um rapaz magro, alto, loiro, cabelos compridos, desgrenhados e grisalhos, olhos muito azuis, pele branca maltratada de sol. Parente distante dessa pessoa multiétnica que escreve aqui; pelo menos, temos o mesmo sobrenome. Vive andando a pé pelo Brasil a procura de outros iguais espalhados por aí. Caiu de pára-quedas aqui há uns 4 anos e desde então sempre passa por aqui pra contar suas histórias, recitar poemas na hora do almoço e ouvir histórias do meu pai. Particularmente, acho que ele é um ser totalmente alheio ao mundo: olhar parado, distante, uns papos desconexos sobre utopias - o moço uma vez me disse que sonhava em ir a Cuba para ver como as coisas funcionam por lá, pois acreditava que o socialismo/comunismo/qualqueroutroismo era o regime ideal para o mundo todo -, fã de Roy Orbison e Elvis, livre de vícios. Uma figura um tanto quixotesca, por assim dizer, mas uma boa pessoa. Conversava animadamente com o pápis, contando suas últimas andanças quando o cumprimentei e fui até a cozinha conversar com a mamis(péssima idéia).
Eis que na cozinha, pergunto das moedas que estavam no bolso da minha calça(precisava delas pra comprar cigarro, odeio trocar 50 pilas) e me deparo com um ser que não era a mamis. Parecia mais uma dessas possuídas de filmes de terror:
"Eu peguei suas moedas sim, mas você tem dinheiro!"
"Mas o que você tem que ir mexer nas minhas coisas?"
"Você me deve 20 reais!!"
"Mas eu vou te pagar, que coisa! Quando receber, já tinha dito! Eu só quero as moedas!"
"Mas eu gastei as moedas! E pega esses outros dez reais que peguei lá e vá pra puta que te pariu! (joga o dinheiro longe) E não me enche mais o saco! Você vai ver só, não te empresto mais nenhum tostão!"
(nesse momento eu vi que tinha algo queimando na panela...)
"Mamis, o brocólis queimou..."
"Mas que merda... também, o que é que esse povo tem que vir fazer aqui na hora do almoço? Não tem o que fazer, não?"
"Ué, eu que sei? Faz outra coisa..."
"Fazer o quê? Isso não são horas!"
"Mas, mãe..."
"Que merda!!! Tou de saco desse povo, do seu pai, da sua irmã, de você, de tudooo! De ter que agradar todo mundo! Filhos da puta!"
"Mãe, a visita tá lá em cima!"
"Ah, foda-se a visita! Foda-se você também!"
(bateção de panelas)
"Calma, mamis, faz outra coisa..."
"Eu não vou fazer merda nenhuma!"
(nisso passa a empregada, branca que nem uma cera de medo da possuída)
"Calma, Dona Eliana, vai dar tudo certo, a gente faz outra coisa. Deixa aí que eu faço o almoço pra senhora..."
"Fazer o quê? Eu não vou fazer é nada! Que vá todo mundo comer no inferno!"
(e fica andando pra lá e pra cá de raiva na cozinha)
...
"Bom, eu vou é trabalhar, sabe? Que já tou atrasada... e não esquenta a cabeça..."
"É porque não é você que tem que aguentar todo mundo, né?"
"Ai, mãe, tchau que eu também já tou de saco cheio dessa merda toda. Num faz almoço, num faz merda nenhuma. Eu tou indo..."
(e ela ficou lá, bufando e resmungando)
Subi, me despedi do moço e do papis - ambos com cara de paisagem, não tinham ouvido a gritaria lá embaixo das duas descontroladas. E eu fui trabalhar a pé (de tanta raiva, achei que subir a ladeira me faria bem), com uma blusa só (tá um frio descomunal aqui mas tava sentindo calor), troquei 50 mangos pra comprar cigarro e fui bufando. Cheguei no topo da ladeira sem ar, resmungando pela rua, amaldiçoando o diabo a quatro... desci até a prefeitura atrasada como sempre. Quando bati o ponto, pensei "agora é a hora que vai começar a terminar de foder, só vai vir pepino pra resolver hoje... deus me dê paciência...". Mas o dia no serviço foi tranqüilo, fui me acalmando conforme ia conversando e passei a tarde dando risada pro mundo e do mundo. Vim embora tremendo de frio(gente burra tem que pastar) e a pé... mas já tava feliz e contente.
Em casa de novo... mamis abre o portão. Sim, a mamis, porque o ser que tinha possuído o corpo dela já tinha saído (alguém deve ter cantado pra subir...). Fomos tomar café juntas, como fazemos todas as tardes e minha tia também estava aqui. E entre gargalhadas, comentamos o ocorrido na parte da manhã, desfizemos a confusão por causa das moedas(eu só queria as moedas, nada mais), acertamos um outro assunto e falamos do parentinho. E rimos muito, porque as coisas são assim mesmo. Tem dias que a gente acorda e não sabe porque, mas quer que o mundo se foda. Mas aí, a gente briga, diz o que sente e tudo se resolve. E no final das contas, dá risada de tudo isso. Inclusive da filha monga que passou frio e da mãe descontrolada com panelas. E de moedas.
*Notinha linda de rodapé: quem tem mãe, tem. Não importa onde, como e porquê. Não importa os descontroles, as moedas e todo o resto. São os melhores seres de amor incondicional. São o dom do amor maior. Eu invejo as mães, notem bem, aquelas que têm o dom, porque parir qualquer uma faz. Foda mesmo é querer matar a própria filha e no final da tarde já ter esquecido, sentar-se, conversar, rir e compreender. Eu amo minha mãe. Muito. Amo minha mãe dois também. E acho tudo de lindo as amigas que são mães. E é isso.
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